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A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu (SP) ouviu nesta terça-feira (26) mais três funcionários do Hospital das Clínicas (HC) da Unesp sobre o caso da contaminação com ácido da água usada no setor de hemodiálise da unidade.
Nesta terça-feira (26), foram ouvidos a médica responsável pelo setor de hemodiálise, uma técnica em enfermagem e um técnico em engenharia que trabalha no setor.
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No dia 22, os ouvidos foram outra técnica em enfermagem, o diretor do hospital e o chefe da unidade de engenharia clínica.
Segundo o delegado Geraldo Franco Pires, responsável pelo caso, com os depoimentos de seis funcionários, foi encerrada a primeira fase de depoimentos para investigar a suspeita de sabotagem ou pelo menos de crime culposo.
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“Foram depoimentos longos e detalhados nos quais tentamos identificar a atuação de outros personagens, antes e depois dos fatos [contaminação da água]. Mas ainda é cedo, em termos de investigação, para se falar em sabotagem”, disse o delegado à reportagem da TV TEM.
Ainda de acordo com o delegado, a polícia pretende saber quem tinha acesso à sala restrita onde fica o reservatório de água e ao ácido peracético, usado para esterilizar os filtros e as mangueiras das máquinas de hemodiálise.
Segundo Geraldo Pires, os seis depoimentos serão confrontados com o resultado da perícia técnica que foi feita no HC e que ainda não está concluída.
Em caso de alguma contradição, explica o delegado, será solicitada uma perícia complementar, que será feita justamente para atacar as eventuais contradições. A polícia tem um prazo de 30 dias para concluir o inquérito.
Contaminação
A contaminação foi detectada no sábado, antes da primeira sessão do tratamento. A equipe do hospital identificou uma quantidade grande de ácido na água utilizada no processo de hemodiálise. O serviço precisou ser suspenso no sábado (16), mas foi retomado na segunda-feira (18).
A médica nefrologista Pâmela Falbo dos Reis, responsável pela unidade, admitiu que, caso algum dos pacientes tivesse entrado em contato com o ácido, a reação poderia ser fatal.
Em nota, o Hospital das Clínicas informou que “está colaborando com as investigações para que o caso seja esclarecido”, e que “não tolera nenhum tipo de ação que coloque em risco a saúde pública”.
A unidade de hemodiálise do HC da Unesp de Botucatu tem 35 máquinas. Por dia, em média, 105 pacientes fazem a terapia. Aos domingos não são agendadas sessões.
Limpeza dos filtros
O ácido peracético é usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras usados na máquina de hemodiálise. Cada paciente possui seu kit. Depois de uma sessão, o material é higienizado com o produto e guardado com o ácido para evitar proliferação de fungos e bactérias.
Quando o paciente chega para uma nova sessão, o ácido é retirado totalmente do filtro e dutos com a água tratada. O processo é repetido várias vezes, e enquanto a água não ficar incolor após a colocação do reagente, os equipamentos não podem ser usados.
No processo de hemodiálise cada paciente usa 500 ml da água esterilizada por minuto. A terapia dura em média quatro horas.
A técnica de enfermagem Joana Julieta da Veiga, uma das responsáveis pela limpeza dos filtros, explicou que, ao fazer o teste no último sábado em vários filtros e até no sistema de água, o reagente identificou um tom amarelado. Isso significa, segundo ela, uma grande concentração de ácido usado para a desinfecção.
Fonte: G1