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A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu (SP) começa a ouvir nesta quinta-feira (21) os funcionários do Hospital das Clínicas da Unesp sobre a contaminação da água usada no setor de hemodiálise com ácido.
O serviço precisou ser suspenso no sábado (16), mas foi retomado na segunda-feira (18).
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Segundo a Polícia Civil, o alvo da investigação é justamente o setor de hemodiálise, onde há suspeita de sabotagem ou pelo menos de crime culposo.
Com isso, o diretor do hospital, a técnica em enfermagem que identificou a contaminação e também o chefe da unidade de engenharia prestarão depoimento.
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De acordo com o delegado Geraldo Franco Pires, titular da DIG, a polícia quer saber quem tinha acesso à sala restrita onde fica o reservatório de água e ao ácido peracético, usado para esterilizar os filtros e as mangueiras das máquinas de hemodiálise.
“A equipe de investigação vai nos informar a dinâmica da movimentação das pessoas com os equipamentos e com os materiais. Precisamos antes de tudo entender tudo isso para depois fazer um contraponto com o laudo que vier da perícia”, explica Pires.
O laudo deve ficar pronto em 15 dias e a polícia tem um prazo de 30 dias para concluir o inquérito.
Contaminação
A contaminação foi detectada no sábado, antes da primeira sessão do tratamento. A equipe do hospital identificou uma quantidade grande de ácido na água utilizada no processo de hemodiálise.
A médica nefrologista Pâmela Falbo dos Reis, responsável pela unidade, admitiu que, caso algum dos pacientes tivesse entrado em contato com o ácido, a reação poderia ser fatal.
Em nota, o Hospital das Clínicas informou que “está colaborando com as investigações para que o caso seja esclarecido”, e que “não tolera nenhum tipo de ação que coloque em risco a saúde pública”.
A unidade de hemodiálise do HC da Unesp de Botucatu tem 35 máquinas. Por dia, em média, 105 pacientes fazem a terapia. Aos domingos não são agendadas sessões.
Limpeza dos filtros
O ácido peracético é usado no processo de limpeza dos filtros e mangueiras usados na máquina de hemodiálise. Cada paciente possui seu kit. Depois de uma sessão, o material é higienizado com o produto e guardado com o ácido para evitar proliferação de fungos e bactérias.
Quando o paciente chega para uma nova sessão, o ácido é retirado totalmente do filtro e dutos com a água tratada. O processo é repetido várias vezes, e enquanto a água não ficar incolor após a colocação do reagente, os equipamentos não podem ser usados.
No processo de hemodiálise cada paciente usa 500 ml da água esterilizada por minuto. A terapia dura em média quatro horas.
A técnica de enfermagem Joana Julieta da Veiga, uma das responsáveis pela limpeza dos filtros, explicou que, ao fazer o teste no último sábado em vários filtros e até no sistema de água, o reagente identificou um tom amarelado.
Isso significa, segundo ela, uma grande concentração de ácido usado para a desinfecção.
Fonte: G1