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A evolução da vacinação contra a Covid-19 no país levanta mais uma vez a discussão sobre a flexibilização ou não do uso de máscara. O infectologista Carlos Fortaleza, professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, da Unesp, é taxativo quando perguntado sobre o assunto.
“Neste momento, é um despropósito. Nós estamos conseguindo diminuir a Covid por uma combinação do uso de máscara com aplicação de vacinas. Mas ainda não temos a segunda dose para uma parte maciça da população, temos muitos idosos sem a terceira dose. No caso, tirar o uso de máscara é um risco de aumentar o número de casos e mortes desnecessariamente”, ressalta o médico, que também é coordenador do estudo da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz) sobre os impactos da vacinação em massa em Botucatu.
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Nesta semana, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que a cidade pode desobrigar o uso da proteção em ambientes abertos a partir da metade deste mês, quando a cidade deve chegar a 65% da população local vacinada. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também estuda essa possibilidade.
Uma vez que as cidades já voltaram a funcionar com comércio, restaurantes e bares abertos e com o retorno das atividades presenciais nas empresas, Fortaleza acredita que a questão da máscara passou a ter um valor mais simbólico para parecer o fim da pandemia.
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“Quando as pessoas falam em abrir o comércio, bares e restaurantes, eu entendo, porque são questões econômicas. Mas não consigo entender qual é o dano de usar máscara. As pessoas começaram a criar uma implicância, uma necessidade para tirar o uso de máscara, no meu modo de ver, como um triunfalismo: vencemos a pandemia”, diz o infectologista.
E acrescenta: “É uma medida populista para passar a ideia de que a pandemia acabou, e ela não acabou. Não sabemos se na África, onde as pessoas não estão vacinadas, não vai surgir uma nova variante”.
Alguns países da Europa, como Portugal, Hungria, Itália, Espanha, Bélgica e Áustria, que apresentam altos índices de vacinação, já aboliram a máscara em locais públicos e abertos.
Nos Estados Unidos, no entanto, onde pouco mais de 56% da população está completamente imunizada, o presidente Joe Biden chegou a liberar a proteção, mas voltou atrás com o surgimento da variante Delta.
Carlos Fortaleza indica algumas possibilidades. “Talvez até o fim do ano, quando tivermos toda a população com duas doses, todos os idosos com três doses e o número de casos e mortes bem baixo, isto é, menos de 100 mortes por dia, possamos deixar de usar a máscara”, explica o infectologista.
Mesmo assim, não será possível abrir mão da proteção em ambientes fechados até que a pandemia tenha acabado efetivamente. “Acredito que será possível flexibilizar, não flexibilização completa. Em espaços fechados ainda teremos de manter [o uso], [liberando-o] só nos espaços abertos. Não está em tempo de tirar a máscara”, conclui o infectologista.
R7