21 de dezembro, 2024

Últimas:

Botucatu: Estudantes fazem projeto de restauração da Capela de Anna Rosa

Anúncios

Projeto concebido por dois estudantes de arquitetura de Botucatu poderá dar novos ares para um dos locais mais emblemáticos das tradições religiosas locais: a capela de Ana Rosa, construída em 1921, em homenagem à mulher vítima de violência doméstica e morta em uma emboscada, e que recebeu milhares de visitantes ao longo das décadas.

Lucas Oliveira Moura e Vanessa Marino, botucatuenses e estudantes de arquitetura e urbanismo, fizeram a concepção de um possível restauro e ideias de modernização para a capela, instalada na Rua Mário Barbieris, na Cohab 1, local onde Anna Rosa teria sido morta pelo marido. O feminicídio ocorreu no século XIX.

Anúncios

Anúncios

O projeto surgiu como demanda de uma das disciplinas e que consistia em analisar um local da cidade e restaurar usando os princípios de outros arquitetos do século 19. A orientação dos trabalhos foi da arquiteta e professora Ludimila Tidei, que também é responsável pela restauração do prédio da Caridade Portuguesa (antigo Consulado de Portugal) no Centro Histórico de Botucatu.

O plano apresentado pelos acadêmicos  estabelece a recuperação do material original da capela, bem como os traços da mesma para a manutenção das características arquitetônicas. Segundo Moura, a única alteração será a remoção de uma parede que serve de divisão entre o altas e o salão de devotos. Com isso será possível dar maior amplitude ao salão e possibilitar maior recepção aos visitantes.

Ainda pelo projeto apresentado, na parte do terreno dos fundos, onde hoje se encontra uma área vazia, foi pensado em futuramente a implantação do “Memorial da Ana Rosa”. Os pontos chaves desse ambiente, além da inclusão do salão de devotos, são o auditório, o velário e as paredes de exibição contando a história da Santa milagreira.

“O prédio é de grande importância para Botucatu pela sua história e pela devoção dos fies pela capela. Há projetos da igreja matriz junto a prefeitura de tornar o local em um centro para visitações para pessoas de toda a região, tornando assim mais um ponto turístico da cidade. O prédio mantém sua construção praticamente original até os dias de hoje, com mínimas intervenções”, salienta Moura.

Conforme explica, a capela consistiu em um sistema simples de construção, com planta baixa e só uma nave, com simplicidade em seu interior. “Sua construção segue o segundo período dos jesuítas quando os povoados adquiriram caráter mais estável, a arquitetura começou a incorporar, pouco a pouco, alguns componentes de sistemas construtivos europeus. Sistemas de caibros armados em tesoura em duas águas, cobertos por telhados cerâmicos, onde as paredes, vedações de tijolo de adobe, rebocadas e pintadas em branco, cobertas por pintura cor de rosa para destacar a identidade da capela.

O projeto, por ser acadêmico, ainda não foi analisado pela comunidade ou mesmo Poder Público. No entanto, pode servir de embasamento para futuras intervenções de proteção a um dos locais mais visitados e conhecidos de Botucatu.

Capela homenageia uma vítima de crime bárbaro

A capela de Ana Rosa é uma homenagem à mulher, com então 20 anos de idade, morta pelo marido, Francisco de Carvalho Bastos (Chicuta) após uma emboscada naquele exato local, em dia 21 de junho de 1885. Toda a história se desenrola pelos abusos físicos que a vítima (nascida em Avaré) sofria de Chicuta, oriundos do excesso de ciúmes. Cansada da violência, fugiu e conseguiu abrigo em um cabaré, de propriedade de Fortunata Jesuína de Melo.

Ao chegar em casa, Chicuta não encontrou Ana Rosa e planejou a vingança. Contratou José Antonio da Silva Costa, o Costinha, e Hermenegildo Vieira do Prado, o Minigirdo, para tirar a vida da esposa. Costinha se aproximou de Ana Rosa e a prometeu ajuda. A mulher aceitou e, durante a fuga, nas proximidades do Ribeirão Lavapés, avistou Chicuta e implorou para não ser morta. O pedido foi em vão e foi esquartejada.

Todos os criminosos foram presos, condenados pela Justiça e tiveram destinos similares. Costinha, ao cortar uma árvore, morreu esmagado pela mesma. Chicuta, ao notar defeito em sua carroça, teve a cabeça decepada do corpo após a roda do veículo cair sobre ele. Minigirdo morreu ainda na prisão, vítima de varíola.

A história de Ana Rosa fascina e faz com que a moça seja lembrada por milhares de botucatuenses. Seu jazigo,
no cemitério Portal das Cruzes, é um dos mais visitados. Já o local onde o crime ocorreu recebeu uma cruz.  Em 1921, uma capela foi construída ao lado, sendo aberta ao público.

Flávio Fogueral – Jornal Leia Notícia

Talvez te interesse

Últimas

Anúncios Neste domingo, dia 22, a Prefeitura de Botucatu, através da Secretaria de Esportes e Promoção da Qualidade de Vida,...

Categorias