27 de novembro, 2024

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Botucatu: Comunicação em luto, morre o radialista botucatuense Marcelino Domenico

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A Comunicação de Botucatu está em luto. Morreu neste domingo, 12, o radialista botucatuense José Marcelino Domenico, aos 80 anos.

A causa da sua morte não foi divulgada, mas lamentada por amigos e ex-companheiros de trabalho nas redes sociais, como o historiador João Carlos Figueiroa.

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“Excepcional radialista, músico de vários instrumentos (clarinete, sax, piano, guitarra havaiana), começou no Rádio em Botucatu, na F8. Era locutor, produtor de programas humorísticos, para os quais fazia os scripts. Formou-se no antigo Ginasial (hoje, segundo ciclo do fundamental) na turma de 1960 do Colégio Diocesano (primeiro ano do La Salle em Botucatu)”, postou nas redes sociais.

Marcelino Domenico iniciou sua carreira na Rádio F8, de Botucatu, após ser aprovado pelo então diretor da emissora, Plínio Paganini.

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Foi um dos fundadores da Rádio Municipalista, em 1961, antes mesmo da inauguração da rádio, à convite de Jaime Contessote, foi o primeiro responsável pela distribuição de programas, da programação musical, e da organização da discoteca e demais arquivos do setor artístico. Permaneceu na Municipalista até o final de 1964.

Depois deixou Botucatu e fez uma carreira de sucesso em São Paulo. Trabalhou na Rádio Eldorado, A Gazeta FM, Jovem Pan. , Rádio USP, Rádio Globo, Excelsior (hoje CBN) e Transcontinental. Na HBO, canal de televisão, fez chamadas de filmes e spots institucionais. Ele ainda chegou a trabalhar na Rádio Clube de Botucatu e novamente na F8 e Municipalista.

Leia abaixo sobre a carreira de Marcelino Domenico, em texto escrito por ele mesmo, para o livro “80 anos do Rádio Botucatuense”, de Adriana Donini, lançado em 2019.

“Lembro-me da tarde em que, Edson Moreno e eu, descíamos a Rua Marechal Deodoro. Acho que não tínhamos rumo definido. Na porta da F-8 um cartaz anunciava teste para locutores.

Era só fazer a inscrição e comparecer no domingo próximo. Assim fizemos.

Creio que no máximo dez rapazes compareceram e aguardavam sua vez para ler e falar algo a seu respeito. A “banca examinadora” estava composta por Plínio Paganini (diretor, não era o proprietário ainda), Ary Simonetti e Professor Agostinho Minicucci. Foram três os selecionados: Edson, Jair Senna e eu.

Na semana seguinte, começamos a “treinar” numa sala próxima à discoteca, em uma mesa de som toda de madeira, muito bonita, mas que havia sido substituída por uma de metal.

Não tenho certeza, mas acredito que foi por aqueles dias que a Rádio trocou seu equipamento e instalou aparelhos STP, a joia da época! Após um mês, mais ou menos, de preparação, o Plínio me colocou para “praticar” junto com o José Simeão (irmão do Oliveira Neto) que abria a Rádio às 6 horas e estava deixando a emissora para cuidar de sua carreira; suponho, no Banco do Brasil.

Na F-8, como em quase todas as rádios do interior, naquela época, o pessoal fazia um pouco de quase tudo. Não existia apenas o locutor ou o operador de som. Podia ser necessário alguém interpretar uma personagem num radioteatro e lá se ia.

Se fosse preciso escrever um texto comercial ou mesmo um programa, lá se ia… Se o contrarregra faltasse, chamava-se alguém e ele estava substituído. As emissoras interioranas formavam radialistas e não apenas locutores ou produtores. Eram as verdadeiras escolas de rádio.

Fiquei na F-8 até quase final de 196l. Quando retornei da minha primeira ida a São Paulo — e isso é outra história — recebi, na mesma semana, o convite do Jaime Contessote para trabalhar com ele e Edson Moreno na Rádio Municipalista. Nem existia a rádio ainda e já éramos funcionários (como se trabalhássemos na Empresa Teatral Peduti). Enquanto o Jaime acompanhava o Sr. Emilio Peduti em suas andanças, nas quais dava contas do que a Prefeitura realizava, ia promovendo o “municipalismo”; o Edson cuidava do que se relacionasse com o setor técnico; e eu fiquei encarregado de compor o que hoje se chama de grade de programação. Cuidei desde a distribuição de programas, da programação musical, até a organização da discoteca e demais arquivos que pudessem servir para o setor artístico. Permaneci na Municipalista até o final de 1964.

Quanto ao cotidiano no rádio, a cordialidade reinava em todos os cantos. Nunca ouvi de quem quer que seja uma reclamação, nem de alguém, nem de algo que não estivesse agradando a esta ou aquela pessoa. Todos se consideravam, além de colegas, verdadeiros amigos.

Em relação aos colegas, daria um livro, tantas são as boas lembranças que guardo. Mas, limito-me apenas a citar nomes já que alguns talvez tenham caído no esquecimento de muitas pessoas: os Irmãos Paganini (Plínio, Otacílio, Élcio — mais presentes na F-8); Santos Heitor (responsável pela parte técnica, mas que também fazia locuções); aquelas pessoas das vozes características e marcantes: Ary Simonetti, Ademar Potiens, Neves Ribeiro (Dindo), Neder Adib, José Simeão, Elza Sarzi; os irmãos Contessote (Jaime, Jair e Valter); Joel Carlos Coelho; (José Carlos) Queiroz Guimarães; os irmãos Amaral Castro (Nélio e Sergio); os narradores de futebol e animadores de programas de auditório: Oduvaldo de Oliveira e Elias Francisco; Luiz Carlos dos Santos; os irmãos Quinteiro (José e Silvio); Francisco de Assis; os irmãos Figueiroa (João Carlos e Carlos Eduardo); José Senna; Cesar Dorini; Rubens Herbst (o Rubão); Santa Rosa; Vicente Lofiego; Naur Rodrigues; Nélson Camargo; os irmãos Moreno (Edson e Antonio); os Camalionte (Luiz Borboleta” e seu filho Airton; (Nhô Tião; João Cicino; o Galvani; Chico Arias; Geraldo Tancler; Antonio Serra (Serrinha); Pedro Rocha, Renê Alves de Almeida; José Carlos Cassano; Ademir Potiens (Bili); Bahige Fadel; e, desculpem-me, se esqueço de alguns…

Sobre o ingresso em emissora de São Paulo, um dia, lá pelas 9 horas, resolvi fazer um teste na Rádio Eldorado, uma das rádios que eu apreciava muito.

Para minha surpresa, nem bem terminei, a pessoa que me ouvia do outro lado foi dizendo: “Pode começar amanhã, às 6 da manhã? Se puder, venha e traga seus documentos”. Mas lá fiquei por pequeno período.

A Gazeta estava precisando de uma voz como a minha para a sua FM, dirigida por Alvaro Soares, o criador da ABC FM (apenas músicas instrumentais). Passados alguns meses, como fazia somente FM, fui tentar a AM da Jovem Pan.

Por volta das 9 horas, quando fiz um teste com o José Pereira, diretor de redação na época, uma nova surpresa: “Pode começar ao meio dia?”. Depois vieram as rádios USP, Globo, Excelsior (hoje CBN) e Transcontinental.

Trabalhei como anunciador na Gazeta e como noticiarista na Pan, Globo e Excelsior. Na Rádio USP, além de noticiarista, cheguei a produzir e apresentar alguns programas, como Aqui Jazz, Instrumental Brasileiro, Concertos pela Manhã, Sessão de Choro, etc., além de participar como narrador de vários outros

Na Transcontinental fiz uma temporada como anunciador e outra como apresentador de estúdio. Estive também, por pouco tempo, na Band FM. Na HBO (TV) fiz chamadas de filmes e spots institucionais”.

Marcelino Domênico ao microfone à direita – arquivo pessoal

Marcelino no Sistema Globo de Rádio, na época em que atuava em O Globo no Ar – arquivo pessoal

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