16 de novembro, 2024

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Botucatu: Com futuro indefinido, estação ferroviária de Rubião Júnior sofre com degradação

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“Você é jornalista?”, per­gunta um motorista que atravessava a linha fér­rea no Distrito de Rubião Júnior. “Tem que mostrar essa vergonha aí, tudo destruído e o dinheiro nos­so jogado fora”, reclama ainda de dentro do carro, apontando para um cená­rio que se tornou comum aos botucatuenses nos úl­timos anos: a degradação do patrimônio ferroviário.

Botucatu foi diretamen­te afetada pela presença da ferrovia em seu desen­volvimento econômico e urbano. Devido à chegada da Estrada de Ferro Soro­cabana, no final do século XIX, o município tornou-se uma potência no interior paulista, ainda mais pela conexão entre o Porto de Santos ao chamado sertão. A segunda estação inaugu­rada no município foi a de Capão Bonito – que viria a tornar-se o Distrito de Ru­bião Júnior -, em 1897.

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A privatização do pa­trimônio ferroviário, na década de 1990, ainda no governo de Mário Covas (PSDB), permitiu que a ini­ciativa privada adotasse novos rumos para a logís­tica ferroviária. Priorizou o transporte de cargas, extinguiu trens de passa­geiros e enxugou o patri­mônio, reduzindo pontos e estações. Tal medida incluiu Botucatu que, em 1999, viu o fechamento das duas paradas de trens, suas oficinas e a demissão de funcionários.

Pela década seguinte, ambas vivenciaram a de­predação do patrimônio, com constantes atos de vandalismo e abandono. A de Rubião Júnior, no en­tanto, ainda permanecia como patrimônio da então América Latina Logísti­ca (ALL), concessionária que assumiu o trecho da chamada Malha Paulista. Hoje, essa gestão é feita pela Rumo Logística. Até 2009 era usada como es­cala para maquinistas e funcionários da empresa.

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Em 2011, a Prefeitura de Botucatu iniciou o pro­cesso de restauração da estação existente na área urbana. A restauração, estimada em mais de R$ 2 milhões, promoveu a re­cuperação quase completa da estrutura.

Entregue oficialmente cinco anos depois, a Esta­ção Ferroviária de Botuca­tu tem um novo panorama e voltou a se consagrar como ponto turístico, de cultura e encontro. No en­tanto, a de Rubião Júnior vive uma antítese e “ago­niza” com a forte degrada­ção do patrimônio.

Reformada em sua parte interna há alguns anos, o local já vive a degradação e quase que o esquecimen­to. Janelas arrombadas e portas arrancadas acom­panham o silêncio do total abandono. Na parte inter­na, o espaço que abrigava móveis de escritório, hoje apenas é visível azulejos e pisos quebrados, além de parte do teto que cedeu.

Na antiga bilheteria e recepção há pichação, madeiramento do ban­co arrancado, bitucas de cigarro e preservativos espalhados. Não há qual­quer tipo de iluminação no local, o que causa pre­ocupação aos moradores do entorno quanto ao uso de entorpecentes e outros atos ilícitos.

Fora do prédio principal da estação, os banheiros estão sem vidros, portas, torneiras e o que sobrou de vasos sanitários estão repletos de fezes, e o forte cheiro impede uma pre­sença maior no interior do espaço. Pelas linhas de trem, vagões de carga e alguns exclusivos para passageiros estão estacio­nados há anos.

Ao menos três compo­sições destinadas para transporte de combustí­veis estão tombadas no complexo. Em outras, col­chões, garrafas de bebidas alcoólicas e roupas dão o atual tom representado naquela região. No entor­no da estação a existência de mato e lixo é comum e frequente.

A Rumo Logística, por meio de nota oficial, salien­ta que parte dos vagões é de responsabilidade da empresa e que, “para so­lucionar o caso, há proces­sos para a desvinculação dos contratos de arren­damentos em tramitação na Agência Nacional de Transportes Terrestres”.

Salienta ainda que, após a possível autorização por parte do governo federal, “permitirá a concessioná­ria dar correta destinação aos bens”. Não explica, porém, se a estação de Ru­bião Júnior estaria envol­vida no processo de des­vinculação.

Atribui, ainda, que as in­vasões e o consumo de en­torpecentes se tratam de questões de segurança pú­blica. “Jamais estes fatos poderiam ser atribuídos à operação ferroviária, que segue todas as normas re­gulamentares. A empresa mantém equipes de vigilância ao longo do trecho ferroviário, mas informa que os seguranças não têm poder de polícia”, frisa a Rumo, na nota enviada à reportagem.

Fonte: Jornal Leia Notícias Por Flávio Fogueral

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