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A Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP) investiga a origem da pichação de cunho racista encontrada em um dos banheiros da biblioteca do campus, no distrito de Rubião Júnior. Nesta quinta-feira (18), a instituição publicou uma nota de repúdio às ofensas.
Em carta aberta à comunidade, o grupo administrativo do campus da Unesp de Botucatu confirmou ter encontrado a pichação com mensagem de teor racista e que, imediatamente, “a presidência adotou as medidas para remoção do conteúdo ofensivo e limpeza do local”.
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O comunicado da instituição foi publicado após fotos com a pichação “enf curso de preto” circularem em grupos de alunos e redes sociais. O termo “enf” estaria relacionado à “enfermagem”, um dos 12 cursos ofertados pela Unesp em Botucatu.
Os estudantes alegam que a foto com a ofensa começou a ser compartilhada em maio deste ano. A universidade não confirmou a data do ocorrido.
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Ainda no comunicado, além de repudiar o ato racista, a universidade alega dificuldades em identificar os responsáveis pela pichação e pede ajuda à comunidade para que, caso haja conhecimento ou suspeitas sobre a autoria, a presidência do campus seja informada, diretamente ou através da ouvidoria. (Veja a nota completa ao final da matéria).
Racismo na universidade
Essa não é a primeira vez que a Unesp Botucatu se vê envolvida em polêmica quanto a práticas racistas.
Em novembro de 2022, a universidade abriu uma comissão para investigar um caso de racismo de alunos que teriam feito “blackface”, prática que consiste na pintura da pele com tinta escura e que está atrelada à ridicularização de pessoas negras, durante um trote universitário.
Na festa, calouros teriam sido obrigados a pintar o rosto com tinta preta para participar de uma gincana. Logo depois do evento, as imagens foram compartilhadas nas redes sociais por estudantes denunciando a prática, que é considerada racista.
Já em 2015, a instituição também teve alunos acusados de racismo depois que estudantes do sexto ano de medicina postaram nas redes sociais uma fantasia de carrasco na festa de recepção dos calouros. Os trajes foram comparados aos usados pela organização Ku Klux Klan, que defende a supremacia da raça branca.
À época, duas fotos da festa foram publicadas em uma página, com os estudantes usando roupas pretas, e uma imagem com membros da seita Ku Klux Klan, com vestimentas brancas.
Nota na íntegra
“Foi com indignação e tristeza que o Grupo Administrativo do Campus (GAC) e a direção das unidades universitárias da Unesp de Botucatu tomaram conhecimento de uma pichação ofensiva e deplorável encontrada em um dos banheiros da Biblioteca do Campus, em Rubião Júnior. Acintosamente racista e carregada de sexismo e elitismo, trata-se de uma ação profundamente perturbadora e contrária aos valores de igualdade, respeito e diversidade que defendemos.
Diante desse lamentável episódio, manifestamos nosso veemente repúdio. Assim que foi informada, imediatamente a presidência do Campus adotou as medidas para remoção do conteúdo ofensivo e limpeza do local. É inaceitável que manifestações dessa natureza persistam em nossa sociedade.
Temos trabalhado para transformar a Universidade em uma trincheira de resistência e luta contra o ódio e o preconceito. Para fazer dela, cada dia mais, o espaço onde as relações humanas sejam construídas a partir de princípios e valores como o respeito, a tolerância e a fraternidade.
O enfrentamento a toda forma de discriminação e preconceito; a luta contra o racismo e a promoção da inclusão e igualdade no ambiente universitário, mais do que bandeiras, são compromissos prioritários para a UNESP, e pilares que sustentam a construção da universidade pública, gratuita, inclusiva e plural.
Neste momento, expressamos nossa solidariedade a todos, todas e todes afetados por este lamentável episódio. Reforçamos nosso compromisso em trabalhar incansavelmente para erradicar o racismo e todas as formas de discriminação de nosso campus. Não pouparemos esforços nessa luta.
Ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com as vítimas dessa agressão, lamentamos a dificuldade em identificar os responsáveis. Pedimos à comunidade que, caso haja conhecimento ou suspeitas sobre a autoria, assim como informações sobre grupos disseminadores de ódio e preconceito, que isso seja comunicado à presidência do Campus, diretamente ou através da Ouvidoria”.
Botucatu, 18 de julho de 2024.
Fonte: G1