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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta quarta-feira que um ataque russo contra uma estação ferroviária na região central do país deixou 22 mortos e 50 feridos. A denúncia, que não foi confirmada por fontes independentes, foi feita em pronunciamento ao Conselho de Segurança da ONU na data em que a Ucrânia marca o Dia da Independência, que neste ano coincide com a marca de seis meses de guerra.
No pronunciamento à ONU, Zelensky falou em 15 mortos e mais de 50 feridos na estação de Chaplyne, na região de Dnipropetrovsk. Mais tarde, em vídeo divulgado na internet, ele afirmou que o número de mortos havia passado para 22.
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— Chaplyne é a nossa dor hoje. Neste momento, há 22 mortos, cinco deles queimados em um carro. Um adolescente de 11 anos morreu, um foguete russo destruiu sua casa — disse o presidente ucraniano no vídeo. — As operações de busca e salvamento na estação ferroviária continuarão. Com certeza faremos com que os ocupantes respondam por tudo o que fizeram.
No Twitter, o chanceler do país, Dmytro Kuleba, divulgou fotos do que seria o local do ataque: elas mostram carros e vagões de trem destruídos por um grande impacto, além de uma construção igualmente danificada.
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Na terça-feira, tanto o governo ucraniano quanto embaixada dos EUA em Kiev alertaram que a Rússia pretendia intensificar os bombardeios ao país. As autoridades ucranianas proibiram qualquer evento público de segunda-feira até amanhã em Kiev.
No entanto, até a denúncia de Zelensky não havia sinais dessa intensificação. Nas primeiras horas desta quarta, cidades como Kharkiv (Leste) e Zaporíjia (Sul) foram atingidas por explosões, mas elas já se encontram na linha de frente dos combates, concentrados no Leste e no Sul da Ucrânia. Sirenes antiaéreas soaram em Kiev, mas não foram registrados ataques na capital, que raramente tem sido um alvo direto.
Aos seis meses da guerra, as linhas de frente estão quase paradas há cerca de um mês. Moscou busca consolidar ganhos territoriais no Leste, onde domina toda a província de Luhansk, que já era parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014. As forças ucranianas dizem estar preparando uma contraofensiva em Kherson, no Sul, tomada pelos russos no início da guerra, mas ela ainda não aconteceu.
Nesta quarta, nem o presidente russo, Vladimir Putin, nem o Kremlin se pronunciaram sobre a guerra nem tampouco sobre o suposto ataque à estação ferroviária. O único pronunciamento de Putin veiculado pela imprensa russa foi sobre incêndios florestais, na região de Riazan, 250 quilômetros a leste de Moscou, segundo ele provocados por um “calor anormal”.
“Lutaremos até o fim’
Mais cedo, em outro vídeo divulgado para marcar o Dia da Independência — em 1991, quando da dissolução da União Soviética —, Zelensky disse que resistirá à invasão russa “até o fim”.
— Não nos importamos com o Exército que vocês têm, só nos importamos com nossa terra. Lutaremos por ela até o fim — declarou Zelensky em um vídeo divulgado para marcar os 31 anos de independência do país, que ocorreu com o fim da União Soviética, em 1991. — Permanecemos firmes há seis meses. É difícil, mas cerramos os punhos e estamos lutando pelo nosso destino. Para nós, a Ucrânia é toda a Ucrânia. Todas as 25 regiões, sem qualquer concessão ou compromisso.
O discurso reafirma o tom adotado nas últimas semanas por Zelensky, que vem falando na recuperação de todos os territórios ucranianos, incluindo a Península da Crimeia — que foi cedida à Ucrânia no período soviético e anexada pela Rússia em 2014, depois da queda de um governo pró-Moscou em Kiev. No início da guerra atual, quando os dois lados negociavam um cessar-fogo, o status Crimeia não era parte das conversas.
Biden manda mais armas
Também nesta quarta, os Estados Unidos anunciaram o envio de uma nova remessa de ajuda militar à Ucrânia, no valor de US$ 3 bilhões. Com ela, a ajuda militar americana a Kiev no governo Biden chega a US$ 13,6 bilhões, a maior parte dela efetuada depois da invasão russa.
Além disso, o primeiro-ministro demissionário do Reino Unido, Boris Johnson, visitou Kiev pela segunda vez desde o início da guerra. Boris renunciou no início de julho, em meio a uma série de escândalos, e espera apenas que seu Partido Conservador escolha seu substituto, o que está previsto para 5 de setembro.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que os seis meses da invasão russa representam um “marco triste e trágico”, afirmando que as consequências de uma “guerra absurda” vão “muito além da Ucrânia”. Em particular, Guterres reiterou “sua profunda preocupação” com as atividades militares em torno da usina nuclear de Zaporíjia.
— Qualquer escalada adicional da situação pode levar à autodestruição — alertou.
Fonte: Yahoo!