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Era tarde de uma quarta-feira quando o biólogo e guia de safári Bruno Sartori se deparou com a presença de um veado campeiro albino passeando pelo Pantanal, um dos berços da biodiversidade do planeta.
Considerado raríssimo, o biólogo explica que o animal nasceu com uma mudança genética e, por isso, não produz melanina, que é o pigmento do corpo que dá a cor à pele. A alteração não permite que o veado se camufle e pode dificultar sua sobrevivência.
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“É um registro que pode ser considerado um em 1 milhão, que é perto da chance de um indivíduo albino nascer na natureza”, conta.
Natural de Bauru (SP), o biólogo vem se arriscando como fotógrafo e, naquele momento, não pensou duas vezes. Mesmo em êxtase pelo encontro, conseguiu capturar a passagem do animal no dia 3 de abril.
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“Meu coração quase parou quando olhei no campo aberto e vi um pontinho branco caminhando. Parei o carro e fui caminhando para tentar me aproximar sem assustar os animais. Detalhe, a emoção foi tanta que eu esqueci a câmera e tive que voltar para buscar”, revela.
“Depois deste encontro eu fiquei com um sentimento de êxtase que chega a ser difícil de explicar. Para nós que trabalhamos com natureza, cada dia é uma surpresa e, com certeza, este é daqueles encontros que vão ficar marcados para o resto da minha vida”, conta.
Entre o fascínio pela raridade do encontro e o alerta pela sobrevivência da espécie, Bruno comemora a passagem do animal e espera que ele sirva de exemplo para demonstrar a importância da preservação da riqueza ecológica da região pantaneira de Mato Grosso do Sul.
“Gosto de falar que as pessoas só protegem o que conhecem. É muito difícil de explicar a importância de uma espécie de animal ou de planta para alguém que nunca teve contato, mas, uma vez que você fica imerso nesse ambiente, fica mais fácil. De pessoa em pessoa, consigo plantar uma semente da conservação”, conta.
Aventura e paixão
Em 2021, Bruno decidiu sair do interior de SP para vivenciar na pele a vida no bioma que carrega o título de “Reserva da Biosfera” e foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, nos anos de 2000.
Ao todo, o Pantanal possui 624.320 km², uma área maior que a Espanha, país com 505.990 km² de extensão. Desse total, cerca de 62% do seu território fica no Brasil, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo a maior planície inundável do mundo.
Hoje, aos 30 anos, o biólogo trabalha como guia de safári em uma ONG focada na conservação de diversas espécies e resolveu registrar cada momento dessa jornada.
“Ter feito biologia facilita muito o trabalho, para entender as dinâmicas das interações que acontecem ao nosso redor. Já a fotografia meio que vem no pacote, chegou num ponto que era impossível não mergulhar neste mundo e não registrar os momentos que eu vivencio no dia a dia”, confessa.
O Pantanal abriga uma diversidade única, incluindo várias espécies ameaçadas, ao todo são:
- 3,5 mil espécies de plantas
- 325 de peixes
- 53 espécies de anfíbios
- 98 de répteis
- 656 de aves
- 159 tipos de mamíferos
Entre os registros que Bruno guarda com carinho, estão, além do encontro com o veado campeiro albino, o dia que viu duas onças, mãe e filha, lado a lado. “Elas se sentaram ao lado do carro e ficaram observando o que estava acontecendo”, relembra.
Além da variedade de animais capturados pelas suas lentes, como onça pintada, garça moura, arara azul, tamanduá-bandeira e jacaré-do-pantanal, Bruno acumula boas histórias e espera que os registros continuem representando a magnitude da vida que há no local.
“Tirando a África, o pantanal é provavelmente um dos melhores lugares do mundo para se ver a vida selvagem em vida livre. É uma região maravilhosa, que prende as pessoas. Tenho muitas aventuras pra ir atrás, animais que quero fotografar e lugares pra visitar. Essa é a magia de trabalhar com natureza, o mundo é uma grande possibilidade”, se declara.
Fonte: G1