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Um bebê bauruense de 1 ano e 3 meses foi morto em Praia Grande. O principal suspeito do crime, registrado na madrugada desta segunda-feira (6), é o padrasto dele é o gráfico Ronaldo Silvestrini Júnior, 22 anos, que foi preso acusado de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, emprego de meio cruel/tortura e por tratar-se de uma criança, sem chance de defesa. A mãe do bebê, Giúlia de Andrade Cândido, 21 anos, também foi detida na delegacia da cidade acusada de falso testemunho.
Anthony Daniel de Andrade Moraes chegou sem vida no Pronto Atendimento (UPA) Samambaia, apresentando rigidez cadavérica, além múltiplas fraturas pelo corpo, hematomas e até marcas de mordidas no rosto que a médica da unidade relatou serem humanas.
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A família era de Bauru e mudou-se há aproximadamente 5 meses para Praia Grande. Consternados com a morte, parentes da vítima iniciaram uma campanha no Facebook para arrecadar dinheiro e trazer o corpo para a cidade. O prefeito Clodoaldo Gazzetta ofereceu um jazigo para o enterro. O traslado do corpo deve ocorrer na manhã desta terça-feira (7) e o corpo será velado no Terra Branca do Centro, sala 3, a partir das 13h30. O sepultamento está marcado para às 16h, no Cemitério do Jardim Redentor.
VERSÕES
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Segundo a reportagem apurou, a equipe médica acionou a Polícia Militar, por volta da 0h06, assim que constatou a morte e desconfiou do casal, que apresentava versões conflitantes do ocorrido. Ao chegar à unidade, o padrasto teria dito que o garoto brincou a tarde toda com o irmão de 5 anos e um filhote de labrador no quintal da casa, que fica na rua Monte Serrat, região do Jardim Trevo, em Praia Grande. E que após dar mamadeira para a criança, a mesma dormiu, apresentando respiração fraca.
Ele culpou o filhote pelas mordidas e alegou que os hematomas e fraturas seriam resultados de tropeços, dizendo que a criança caía muito. Ele disse ainda que a mãe do bebê chegou do trabalho por volta das 20h, mas só foi vê-la no quarto por volta das 23h30, quando gritou que o filho estava morto. Juntos, eles enrolaram o pequeno em um cobertor e o levaram até a UPA.
Já a mãe da criança teria contado aos profissionais da UPA que viu o filho bem e dormindo, por volta das 20h. E que saiu para comprar salgados antes de ver a criança morta. Em um segundo depoimento, já para a polícia, a mulher teria dito que não chegou perto da criança, antes de sair, tendo visto apenas que ela estava enrolada em um cobertor.
Sobre as lesões, a mãe, após ver o raio-X, disse que as mesmas poderiam ter sido provocadas por uma queda que a criança teve dias antes do alto de uma escada caracol na casa. Questionada pela polícia sobre a prestação de socorro ao seu filho, ela teria afirmado aos policiais que não tinha tempo de socorrer a criança, porque trabalhava muito.
Na delegacia, o indiciado também mudou sua versão e teria dito que o garoto caiu do segundo degrau (aproximadamente 40 centímetros) de uma escada.
Ao saber da explicação dada pelo companheiro, a mulher também teria atribuído as lesões ao segundo degrau da escada. Ela ainda negou aos policias que seu convivente pudesse ser autor de possível agressão ao bebê.
CONSTATAÇÕES
A gravidade das lesões constadas no garoto, contudo, chamou a atenção dos policiais. No laudo médico, consta que o bebê apresentava fraturas na região temporal do crânio, no tórax, na clavícula, nas costelas, no nariz, na mandíbula, além de diversos hematomas na testa e rosto.
Outro ponto considerado pela investigação foi o depoimento do irmão de 5 anos da vítima, que também foi flagrado com hematomas na cabeça. Na UPA, ele teria sido indagado pela mãe na frente da equipe médica se havia agredido seu irmão que morreu. A criança negou e contou ter ouvido o bebê gritando após ser mordido no rosto pelo “tio Ju” na tarde daquele dia.
O garoto de 5 anos foi acolhido pelo Conselho Tutelar e levado para um abrigo em Praia Grande. Ele seria submetido ao exame de corpo de delito. As investigações seguem pelo 2.º DP de Praia Grande. A mãe das crianças teve fiança arbitrada em 10 salários mínimos, que não foi apresentada.
Justiça
Abalada com a morte da criança e as graves acusações contra sua sobrinha, Giúlia de Andrade Cândido, e o companheiro dela, Ronaldo Silvestrini Júnior, Kelli Andrade Marinho, 41 anos, disse que a família só espera por justiça. “Estamos em choque, nunca imaginamos que uma monstruosidade dessa poderia acontecer, que poderia chegar a esse ponto. Mas aguardaremos as investigações”, cita Kelli Marinho, que iniciou uma campanha no Facebook para arrecadar cerca de R$ 2,1 mil para o traslado do corpo do garoto. “E pediremos a guarda do outro filho”, completa.
Droga
No DP Sede de Praia Grande, durante revista pessoal, o acusado pelo crime, Ronaldo Silvestrini Júnior, teria sido flagrado com um eppendorf de cocaína, segundo informações da polícia. A perícia técnica foi acionada e teria localizado outras embalagens do mesmo tipo já usadas na casa do casal.