07 maio, 2024

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Bebê já estava com restrição de crescimento, diz noivo da mulher que morreu antes de subir ao altar

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No último final de semana, um caso chocou o Brasil. A enfermeira Jéssica Victor Guedes, 30 anos, grávida de 7 meses, morreu minutos antes de casar. Ela teve um AVC hemorrágico em decorrência de uma eclâmpsia. Jéssica foi socorrida pelo noivo, que já foi bombeiro, passou por uma cesárea de emergência e cirurgia para conter uma hemorragia abdominal. Apesar de ter nascido com apenas 1 kg, de 29 semanas, a pequena Sophia passa bem e está internada na UTI Neonatal, em um hospital de SP. Em depoimento exclusivo a CRESCER, o tenente Gonçalves conta detalhes do dia em que a noiva morreu e diz que após o cancelamento do casamento, eles doaram toda a comida do buffet às crianças da comunidade Peri Alto (SP). Confira:
                    
Depois de 7 anos de namoro, Jéssica decidiu trocar o anticoncepcional, acabou suspendendo o remédio por alguns meses e engravidou. Foi inesperado, mas um momento de pura alegria, pois nosso objetivo era casar e ter filhos. Eu sabia que ela seria uma esposa maravilhosa e uma mãe mais ainda, pois era muito apegada a nossa sobrinha. Durante toda a gravidez, viajamos, curtimos a vida e éramos um casal normal e muito feliz com a proximidade da chegada da nossa pequena. Como a Jéssica é enfermeira e trabalha em banco de sangue, ela estava sempre com as vacinas em dia e a saúde também. Era muito saudável, não fumava, não bebia, fazia atividade física e se alimentava bem.

Tínhamos marcado o nosso casamento para o dia 15 de novembro mas, por conta da gravidez inesperada, acabamos antecipando para o dia 15 de setembro, porque queríamos que fosse antes de a nossa filha Sophia chegar. Estávamos bastante envolvidos com o casamento, quartinho e todos os preparativos para receber nossa pequena. Porém, na última semana antes do casamento, durante o ultrassom, a médica disse que a Sophia estava com restrição de crescimento e um exame que tinha que dar 10, estava 5 [o percentil teria que estar acima de 10]. Ela receitou algumas medicações e vitaminas e pediu para que voltássemos na sexta-feira; nosso casamento era no sábado.

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No retorno à medica, ela percebeu que o exame tinha baixado mais ainda e estava 3. Todas as vezes ela media a pressão sanguínea e estava tudo bem. A médica, então, desconfiou da tireoide porque estava dando alteração no exame, e encaminhou para um endócrino, ainda na sexta-feira. Também deu a notícia de que não poderíamos ir à lua de mel porque ela queria monitorar o crescimento da bebê de perto. O estado de saúde da nossa filha e o impedimento da viagem acabaram deixando a Jéssica emocionalmente abalada. Mas entendemos que era momento de cuidar da nossa pequena e a lua de mel ficaria para depois.SAIBA MAIS

O endocrinologista solicitou exames e passou também alguns medicamentos porque a tireoide estava oscilando, o que poderia estar prejudicando o crescimento da bebê. A Jéssica não apresentava nenhum sintoma de que algo não estava bem. Só no sábado, no dia do nosso casamento, ela acordou as 4 da manhã com dor de estômago e achamos melhor ir ao médico. Eles desconfiaram de que poderia ser algo na vesícula, mas ela foi medicada e liberada. Foi se arrumar com as madrinhas, feliz da vida, e estava 100%. O tempo todo eu ligava para saber como ela estava e, não contente em ouvir pela voz dela, também perguntava para as pessoas que estavam com ela. Tudo parecia ótimo. Eu passei o dia cuidando dos detalhes do salão de festa com meus amigos e me arrumei para ir à cerimônia.

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Meses atrás, socorrendo uma pessoa que tinha levado um tiro no pulmão durante um assalto, acabei sabendo que o rapaz tinha uma frota de limosine. Contei a ele que me casaria e ele me fez um descontão para eu fazer uma surpresa para a Jéssica. Ela chegaria à igreja de limosine. Ainda comprei o perfume de que ela mais gostava e deixei dentro do carro. Na porta da igreja, cheguei cedo e fiz questão de cumprimentar todos os convidados, parecia algo dizendo que eu não teria oportunidade de fazer isso mais tarde.

No caminho para a igreja, avisaram aos familiares da Jéssica que ela não estava se sentindo bem. Eu só fiquei sabendo que ela havia chegado. O problema é que estava tudo pronto e nada de ela entrar. Foi então que uma prima dela saiu correndo e me disse que ela tinha desmaiado. Eu fui até o carro e a retirei, desacordada, da limosine, a coloquei no chão e comecei a fazer os primeiros socorros. Como também fui bombeiro durante sete anos, tinha muitos amigos paramédicos e bombeiros por lá que me ajudaram. O resgate chegou rápido e segui com ela, com vestido de noiva e tudo, pela ambulância. Ela tinha batimentos cardíacos, então, achei que era só um mal-estar.

Nós fomos para um hospital, que o convênio cobria, e ao chegar lá a médica que nos atendeu disse que o problema era complexo e que ela precisaria ser transferida para um hospital maternidade, com recursos tanto para a mãe quanto para o bebê. Me deram três opções e acabei escolhendo a Pro Matre Paulista (SP), sem saber se o convênio cobria ou não. Eu só queria salvar a vida da minha esposa e da nossa filha. Lá, já a levaram para o centro cirúrgico e me chamaram para dar os parabéns, pois a bebê havia nascido. Parece que, naquele momento, o mundo parou. Senti uma alegria e achei que estava tudo bem. Eu liguei para todo mundo e disse que a Sophia havia nascido e, apesar da prematuridade, estava bem. Só que ninguém me dava notícias sobre a Jéssica e eu comecei a ficar desesperado. 

Até que um médico me chamou na sala e disse que ela tinha tido uma hemorragia interna, que eles precisavam retirar o útero dela. Nesta hora, eu entrei no centro cirúrgico e vi tudo. Eles conseguiram estancar a hemorragia abdominal. Porém, enquanto ela estava lá ainda no pós-operatório, os médicos me chamaram novamente e disseram que o cérebro dela estava sem atividade, que ela teve um AVC hemorrágico, e que iriam transferi-la para o Hospital São Paulo para fazer todos os exames e procedimentos.

Lá eu vivi momentos de pânico e angustia até que o médico me chamou em uma outra sala e disse que ela tinha tido morte cerebral. Pediu para eu entrar na sala para me despedir. Eu só conseguia chorar, rezar e pedir forças para Deus. Ela estava quentinha, tinha batimentos cardíacos e eu comecei a fazer massagem nos pés dela. A Jéssica sempre adorava as minhas massagens. Depois de conseguir me controlar e ficar lá por um tempão, eu tive coragem para avisar a todos que o pior havia acontecido.

A partir daí eu senti muito medo, um desespero começou a tomar conta. Mas me lembrei o quanto a gente queria nossa filha, Sophia, e que ela agora precisava de ajuda porque eu teria que ser pai e mãe de uma bebê de UTI. Eu e a família dela decidimos doar todos os órgãos para ajudar outras pessoas. A Jéssica trabalhava em banco de sangue, era doadora, e sempre falava da nobreza desse gesto.

A Jéssica era uma mulher muito especial, um ser de luz, me ensinava todos os dias como eu deveria tratar uma mulher e é isso que vou tentar fazer, agora, com a nossa filha Sophia, que é uma parte dela que ficou. Ela foi uma guerreira, lutou até o último minuto, era uma mulher fantástica, em todos os sentidos.

Ao chegar à Pro Matre para buscar notícias da minha filha, eles me apresentaram uma conta de R$ 35 mil da cirurgia feita na Jéssica. Eu não tinha este dinheiro e pedi em um grupo de amigos do WhatsApp que eles depositassem o que tivessem para me ajudar. Foi aí que eles decidiram fazer a vaquinha virtual. Eu ainda estou tentando processar tudo que aconteceu. Se alguém me contasse uma história dessas, eu iria achar que era enredo de um filme triste. A sensação que tenho é que estou dentro de uma sala de cinema assistindo a esse filme e que depois de chorar, chorar, chorar, vou sair da sala e tudo vai acabar. Mas, não. No meu caso, o filme não acaba e o sofrimento será para sempre.

Eu só queria agradecer esta corrente do bem que se formou, aos meus amigos, familiares e todos que fizeram doações. Só quero que Deus me de forças para cuidar da nossa pequena Sophia. Sobre o casamento? Ele foi cancelado e a minha família doou toda a comida do buffet às crianças da comunidade Peri Alto, na zona norte de São Paulo”, diz o tenente Gonçalves.

Sinal de alerta na gravidez

A pré-eclâmpsia está entre as principais causas de morte materna e vem crescendo no Brasil, mesmo diante de todo o avanço da medicina. Hoje, no país, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos. E faz parte do grupo das doenças hipertensivas, onde está incluída também a eclâmpsia.

Geralmente, a pré-eclâmpsia aparece a partir da  20ª semana de gestação, caracterizada por aumento da pressão arterial associado a alguma disfunção de órgãos (rim, fígado, cérebro) e presença de proteína na urina. O que acontece é uma falha no momento em que a placenta penetra no útero materno, gerando uma modificação dos vasos placentários, reação inflamatória que propicia pressão alta e outras alterações. “A causa é desconhecida, mas, provavelmente, multifatorial. Entre os fatores de risco estão pré-eclâmpsia na gestação passada, IMC (índice de massa corporal) maior que 25, diabetes prévio à gestação, hipertensão crônica, gestação múltipla, lúpus, histórico familiar de pré-eclâmpsia, entre outros”, explica a ginecologista e obstetra Fernanda Mauro, do Grupo Perinatal (RJ). Já a eclâmpsia é a evolução para o estágio mais grave, com desenvolvimento de convulsões em pacientes com pré-eclâmpsia e sem diagnóstico prévio de doenças neurológicas.

Na gestante, o aumento da pressão pode danificar os rins, aumentando a retenção de água, que leva a edema (inchaço) de órgãos como os pulmões e o fígado, piorando a função deste e do cérebro, podendo levar à convulsão. Picos de pressão também têm potencial de levar a derrame cerebral. No bebê, os riscos estão relacionados à insuficiência placentária, com restrição de crescimento e ganho de peso e diminuição do líquido amniótico, aumentando as chances de parto prematuro. É importante lembrar que os riscos para a mãe continuam mesmo após o parto, ou surgir somente após o nascimento do bebê. A adaptação do organismo e a diminuição dos fatores inflamatórios não acontecem de imediato. Por isso, é fundamental o acompanhamento por até 40 dias após o parto, pois ainda é uma fase crítica.  Infelizmente, ainda não há uma estratégia precisa para prevenir o problema, mas ajuda controlar o ganho de peso, comer com pouco sal e realizar exames pré-gestacionais para identificar possíveis riscos.

Fonte: Crescer

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