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Uma barragem da mineradora Vale se rompeu nesta sexta-feira (25), em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Imagens aéreas mostram que um mar de lama destruiu casas da região do Córrego do Feijão.
Quatro feridos chegaram, até as 16h20, ao Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. O Corpo de Bombeiros confirmou por volta das 17h que havia aproximadamente 200 pessoas desaparecidas. A empresa diz que havia empregados no local do rompimento e que há possibilidade de vítimas.
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A Vale informou que o rompimento ocorreu no início da tarde de hoje, na Mina Feijão. Segundo as primeiras informações, os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco.
“A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”, disse em nota (veja íntegra ao final do texto).
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O que se sabe até agora
- Rompimento ocorreu no início da tarde na Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho;
- Mar de lama destruiu casas;
- Havia empregados da Vale no local atingido pelo rompimento;
- Quatro vítimas com ferimentos foram resgatadas por helicóptero;
- O Corpo de Bombeiros diz que há cerca de 200 pessoas desaparecidas;
- Corpo de Bombeiros e Defesa Civil estão no local; cinco helicópteros resgatam pessoas ilhadas em diversos pontos;
- Ao menos seis prefeituras emitiram alerta para que população se mantenha longe do leito do Rio Paraopeba, pois o nível pode subir. Às 15h50, os rejeitos atingiram o rio;
- Rodovia estadual que leva a Brumadinho está fechada;
- Governo montou gabinete de crise, e 3 ministros estão a caminho; Bolsonaro também quer ir ao local.
- Por precaução, o Instituto Inhotim está retirando funcionários e visitantes do local.
Ações de emergência
De acordo com a Defesa Civil, os moradores que vivem na parte mais baixa da cidade estão sendo retirados das casas.
Cinco helicópteros estão trabalhando no local no resgate de vítimas – três dos bombeiros, um da Polícia Civil e um do Exército. Não há como chegar ao local por terra.
A Polícia Rodoviária Estadual informou que a MG-040, entre as cidades de Brumadinho e Mário Campos, está totalmente interditada por causa do rompimento da barragem.
Em Betim, uma equipe da Defesa Civil está às margens do Rio Paraopeba. A intenção é monitorar o nível da água e verificar se há risco de o rio transbordar.
A Cruz Vermelha informou que uma equipe de 50 voluntários treinados em resgate foi enviada para a região.
A Arquidiocese de Belo Horizonte informou que iniciou uma campanha para arrecadar donativos para os atingidos pelo rompimento da barragem. As doações podem ser entregues na Rua Além Paraíba, 208, Lagoinha, na capital.
Vítimas
As quatro vítimas que foram levadas para o hospital estão conscientes, estáveis e passam por avaliação.
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII está preparado para receber feridos.
Segundo a Fhemig, a emergência do hospital vai atender apenas vítimas do rompimento da barragem. Demais casos serão direcionadas para outras unidades de saúde.
Ainda segundo o órgão, outros hospitais da rede estão se mobilizando para dar retaguarda ao João XXIII.
Onda de rejeitos
O rompimento da barragem de rejeitos deixou em estado de atenção municípios banhados pelo Rio Paraopeba. Há risco que, em consequência do incidente, o nível suba repentinamente. Na região Centro-Oeste de Minas, Pará de Minas e Itaúna estão fazendo monitoramento.
A Agência Nacional de Águas (ANA) informou que a “onda de rejeitos” deve ser amortecida pela barragem da usina hidrelétrica de Retiro Baixo, localizada a 220 quilômetros do local do rompimento.
A estimativa da agência de águas é de que os rejeitos atinjam a barragem da hidrelétrica em cerca de dois dias.
A ANA afirmou que está monitorando a onda de rejeito e coordenando ações para manter o abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba.
Governo federal
“Lamento o ocorrido em Brumadinho-MG. Determinei o deslocamento dos Ministros do Desenvolvimento Regional e Minas e Energia, bem como nosso Secretario Nacional de Defesa Civil para a Região. Nossa maior preocupação neste momento é atender eventuais vítimas desta grave tragédia. O Ministro do Meio Ambiente também está a caminho. Todas as providências cabíveis estão sendo tomadas.”
Segundo a Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu na tarde desta sexta-feira com o ministro-chefe da pasta, Onyx Lorenzoni, para discutir o rompimento da barragem. Conforme a Casa Civil, o encontro definiu que os ministros Bento Albuquerque (Minas e Energia), Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) foram escalados para acompanhar o caso.
O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse ao jornalista Valdo Cruz, da GloboNews e do G1, que uma equipe de emergência do Ibama já foi deslocada para a região. O ministro também disse que, além do atendimento às possíveis vítimas, a preocupação é com a poluição nos rios da região.
Governo estadual
Uma força-tarefa do governo de Minas Gerais já está no local do rompimento da barragem em Brumadinho. “O governo de Minas Gerais já designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações”, disse por meio de nota (veja íntegra ao final da reportagem).
“Todo aparato estatal está mobilizado e foi deslocado para a região de Brumadinho, onde ocorreu o rompimento, para acompanhar de perto as ações e colaborar no que for preciso. Estão a caminho da Mina do Feijão, o secretário de Meio Ambiente, Germano Vieira, a secretária de Impacto Social, Elizabeth Jucá, além dos Bombeiros e Defesa Civil”, diz nota do governo.
Por volta das 15h40, Romeu Zema estava saindo do interior de Minas e indo para Belo Horizonte, para comandar o gabinete de crise. “O governador está atuando e acompanhando os desdobramentos, para que as primeiras medidas sejam tomadas, e o atendimento imediato seja dado às vítimas e população local, além de acompanhar a apuração dos fatores que causaram o acidente”, disse o governo.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) informou que ainda está levantando as informações sobre a barragem. O órgão ainda não sabe dizer se a mina tinha alarme e plano de emergência no local.
A Defensoria Pública de Minas Gerais informou que já está atuando em Brumadinho e que vai funcionar em regime de plantão.
Tragédia em Mariana
No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billington, deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais.
A barragem de Fundão abrigava cerca de 56,6 milhões de m³de lama de rejeito. Desse total, 43,7 milhões m³ vazaram. Os rejeitos atingiram os afluentes e o próprio Rio Doce, destruíram distritos e deixaram milhares de moradores da região sem água e sem trabalho.
Vale ainda responde a processo
A Vale se tornou ré uma ação da Justiça Federal em 2016, ao lado da Samarco e da BHP, em uma ação por homicídios e crimes ambientais. Além das 3 empresas, 22 pessoas e a companhia de engenharia VogBR também respondem ao mesmo processo. Até o final de 2018, essa ação seguia correndo na comarca de Ponte Nova, na Zona da Mata, sem que os réus tenham sido julgados.
Parente de vítima de Mariana revive tragédia
A dona de casa Alinne Ferreira Ribeiro, de 36 anos, perdeu o marido, Samuel Vieira Albino, na época com 33 anos, no rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
“Eu estou revivendo uma tragédia. Eu acabei sensibilizada (começa a chorar). Não é fácil”, disse, se referindo à tragédia de três anos atrás.
Ainda segundo ela, o poder econômico que as mineradoras têm impede que resoluções mais eficazes sejam tomadas contra as empresas que trabalham sob forte pressão capitalista.
“As pessoas precisam de empregos, mas com segurança. É só mais uma tragédia e a gente lamenta muito. Foi por causa da impunidade. Essa tragédia aconteceu e serão outras até alguém tomar uma atitude”.
Um grupo de parentes mortos em Mariana vai nesta sexta-feira até Brumadinho para ver como está a situação.
Nota da Vale
Veja a íntegra do texto:
“A Vale informa que, no início desta tarde, ocorreu o rompimento da Barragem 1 da Mina Feijão, em Brumadinho (MG). A companhia lamenta profundamente o acidente e está empenhando todos os esforços no socorro e apoio aos atingidos.
Havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade, ainda não confirmada, de vítimas. Parte da comunidade da Vila Ferteco também foi atingida.
O resgate e os atendimentos aos feridos estão sendo realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente.
A prioridade máxima da empresa, neste momento, é apoiar nos resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados, próprios e terceiros, e das comunidades locais.
A Vale continuará fornecendo informações assim que confirmadas.”
Nota do governo de MG
“Uma força-tarefa do Estado de Minas Gerais já está no local do rompimento da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para acompanhar e tomar as primeiras medidas.
O Corpo de Bombeiros por meio do Batalhão de Emergências Ambientais, e a Defesa Civil também já estão no local da ocorrência trabalhando e há dois helicópteros sobrevoando a região.
O Governo de Minas Gerais já designou a formação de um gabinete estratégico de crise para acompanhar de perto as ações. Assim que houver mais informações, o Governo de Minas Gerais emitirá novos comunicado”
Nota da Defesa Civil
“O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, e o secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec), coronel Alexandre Lucas, chegam hoje (25) à noite a Belo Horizonte (MG) para acompanhar e apoiar o trabalho das defesas civis locais na ocorrência do rompimento de uma barragem na Mina Feijão, no município de Brumadinho, região metropolitana da capital mineira. A prioridade, neste momento, é o socorro e assistência à população afetada.
A mobilização e o apoio do Governo Federal iniciaram logo após o rompimento da estrutura. O ministro conversou por telefone com o presidente da República, Jair Bolsonaro, que reforçou a importância de disponibilizar todo o apoio necessário ao estado e município.
Equipes do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) estão em frequente contato com representantes da prefeitura e governo do estado para orientar nas primeiras ações de resgate às possíveis vítimas e demais necessidades emergenciais.”
Fonte: G1