03 maio, 2024

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Baladas clandestinas só liberam endereço 1h antes

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Empresários e organizadores de baladas montaram um esquema sofisticado para promoverem festas clandestinas na cidade de São Paulo, com a venda de ingressos pelas redes sociais, divulgação de endereço de ponto de encontro com uma hora de antecedência e uso de vans até as festas, para driblar a fiscalização.

Os eventos são realizados todos os finais de semana e, mesmo proibidos pelas autoridades como prevenção da Covid-19, têm reunido milhares de pessoas e são apontados como alguns dos principais motivos para o aumento das internações pela doença na capital paulista.

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A GloboNews investigou como atuam ilegalmente os promoters da noite paulistana, monitorou como ocorre a promoção dos eventos e flagrou neste final de semana o desrespeito às medidas de controle da pandemia, como aglomerações e ausência do uso de máscaras.

“Uma balada, local fechado, portas e janelas fechadas, às vezes com ar condicionado, e que em um metro quadrado tem 3 ou 4 pessoas. Todas elas sem máscaras, uma conversando com a outra, ao som alto, falando muito alto, a possiblidade de gotículas se espalharem pelo ambiente e chegarem às outras pessoas é muito maior. Isso que vai dar a velocidade da transmissão, a proximidade das pessoas”, diz João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo.

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Com uma câmera escondida, de dentro do carro, repórteres também registraram policiais militares na porta de uma casa noturna, todos sem máscara, conversando com seguranças da balada, e que nada fizeram para impedir que ela continuasse. Veja abaixo o esquema montado pelos promoters e os flagrantes feitos pela reportagem:

Festas divulgadas pelas redes sociais

Pelas redes sociais, os frequentadores das festas – a maioria jovens, que parecem não se intimidar com o risco da doença – postam vídeos e fotos da noitada. Nos posts, muita aglomeração e ninguém com máscara. E não é barato entrar nas festas.

Mulheres podem entrar de graça e só pagam pelo o que consumirem. Mas, em média, para entrar na festa os homens precisam desembolsar pelo menos R$ 400. Dentro da balada, não há distanciamento social e não é obrigatório ficar de máscara, como admitiu os promoters pelo telefone:

Repórter: “Como está o esquema de máscara? Precisa ficar de máscara lá dentro?”
Promoter: “Não, não. Na verdade, o esquema de máscara, é você usa no estacionamento, quando for fazer a compra do ingresso, a retirada do ingresso, enfim. E na festa não precisa”

Outro organizador de baladas em São Paulo revela que as festas reúnem cerca de mil pessoas e que não há fiscalização:

Promoter: “É chegar cedo. Como as atrações são boas, as pessoas chegam muito cedo porque tem um limite na festa também, né? Mil pessoas”
Repórter: “Ah tá.. Até 1 mil pessoas então? Não pode passar disso?”
Promoter: “Não pode ser uma coisa muito estúpida também, né? Porque senão as pessoas não conseguem circular, se divertir, nada”
Repórter: “E é seguro? Tem fiscalização por não precisar usar máscara lá dentro, vocês já tiveram algum problema?”
Promoter: “Olha. Desse tipo de festa nós fizemos duas, três, e foram todas tranquilas. O pessoal gostou… Foi bem legal”
Repórter: “Vocês não tiveram nenhum problema então? De bater polícia na porta?”
Promoter: “Não, por isso a gente não inclui endereço em dia anterior… Faz em locais sem grande circulação policial”

Nome na lista e ponto de encontro

Durante a última semana, a reportagem da GloboNews entrou em contato por telefone com promoters, dizendo que estava interessada nas festas. Nas ligações, os promoters revelam que os detalhes sobre a balada, como o local onde ela vai acontecer, são divulgados com pouca antecedência, no máximo uma hora antes de a casa abrir.

Repórter: “Já tem o local? como é que eu sei o lugar pra gente já se organizar?”
Promoter: “Então, na verdade, o local e o endereço a gente sempre manda para as pessoas, através do nosso mailing, do nosso número. Então faz o seguinte: esse número que você me ligou, eu vou salvar aqui e você me dá um ‘oi’ qualquer coisa, e daí eu passo pra você quanto tiver disponível comigo também, porque, por enquanto, eu não tenho o endereço, não sei onde é que vai acontecer isso”
Repórter: “É aquele esquema de pegar a van ou já passa o endereço direto do lugar?”
Promoter: “É o esquema de pegar a van, como todas as festas estão fazendo. Você vai chegar onde é o endereço, num estacionamento, vai pegar a pulseira, vai entrar na van, deixa o seu carro, entra na van e vai pra festa. No final da festa, você pega a van, pega o seu carro e vai embora”

Já quase na hora da festa, uma mensagem é enviada pelo promoter, com o endereço do ponto de encontro. Uma das festas que a GloboNews monitorou ocorreu na Vila Leopoldina, bairro da Zona Oeste de São Paulo. No caminho para o estacionamento indicado, um áudio do promotor já indicava o tamanho da festa

Promoter: “Cheguem cedo, tá, porque a lista está explodida”

No estacionamento, o fluxo de vans aumenta antes da meia-noite. Em comum, pessoas sem máscaras e ao que parece despreocupadas com a pandemia. Uma mulher que começa a tossir, mas mesmo assim segue para a festa.

O local da festa ficava a 600 metros da saída das vans. Com uma câmera escondida, de dentro do carro da reportagem, policiais militares são flagrados na porta da casa noturna, todos sem máscara, conversando com seguranças, e que nada fizeram para impedir que a balada continuasse.

O endereço do espaço usado para a festa é de uma casa noturna. A GloboNews ligou para o número de telefone que consta na internet. Quem atendeu foi um homem que se apresentou como ex-funcionário. Durante a conversa, ele diz que a casa noturna não funciona mais, mas confirmou que o local é usado para baladas clandestinas todo fim de semana.

Vans levam pessoas até balada clandestina na cidade de São Paulo — Foto: Reprodução/GloboNews
Vans levam pessoas até balada clandestina na cidade de São Paulo (Fotos: Reprodução/GloboNews)

Jovens acham ‘que não vão morrer’

O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo, João Gabbardo, disse que os jovens podem estar colaborando para a disseminação da doença e o aumento de internações nos hospitais da capital paulista. Mesmo assintomático, os jovens podem levar o vírus para casa e contaminar pessoas de maior risco, como pais e avós.

“O jovem tem uma tendência a achar que com ele nunca vai acontecer nada, ele não vai ficar doente, ele não vai morrer, ele não enxerga a morte no seu horizonte. Mas ele tem que entender que ele tem contato com outras pessoas, e que essas pessoas correm risco de ter uma doença de uma forma mais grave, muitas vezes tendo de ir para o hospital, leitos de UTI, e até eventualmente a óbito”, disse.

Em novembro, o estado de São Paulo voltou a acender o sinal de alerta para a Covid-19. Os primeiros partiram dos hospitais particulares, que há 10 dias já indicavam aumento nas internações.

Na semana passada, o governo estadual admitiu o crescimento no estado, determinou que os hospitais não desmobilizem os leitos exclusivos para pacientes da covid-19 e também suspendeu novos agendamentos de cirurgias eletivas.

Fonte: G1

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