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Infecções por bactérias são comuns e representam uma das principais causas de doenças e mortes no mundo. Mas uma bactéria em especial tem se mostrado particularmente perigosa: a Vibrio vulnificus, apelidada como bactéria carnívora, ou “comedora de carne”. E, ao que tudo indica, o aquecimento global tem participação nisso, afirmam cientistas.
De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, cerca de 150 a 200 infecções graves causadas por esse patógeno ocorrem anualmente no país, e uma em cada cinco pessoas morre em poucos dias.
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A Vibrio vulnificus, conforme relatado pela National Geographic, causa bolhas na pele que se espalham e danificam os tecidos, podendo levar rapidamente à sepse, amputação e até à morte. Essa bactéria prospera em águas mornas e salobras, onde a água salgada e a doce se encontram.
Em 2023, Jan Carlo Semenza, epidemiologista da Universidade de Umeå, em Estocolmo, Suécia, publicou um artigo no The New England Journal of Medicine que destacava a ligação entre temperaturas mais altas e duas espécies de Vibrio, além da bactéria leptospira e um parasita chamado Cryptosporidium.
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Esse artigo, destaca a NatGeo, faz parte de um crescente conjunto de pesquisas que mostram como alguns patógenos aquáticos estão se tornando mais comuns e se espalhando para novos territórios com o aumento das temperaturas globais.
“Há uma relação direta entre o aumento da temperatura da superfície do mar e o aumento de casos”, afirmou Semenza.
Sua preocupação é maior com a Vibrio porque, nas águas salobras, temperaturas quentes, salinidade moderada e nutrientes presentes contribuem para a replicação bacteriana particularmente rápida. Além disso, essas águas são o habitat ideal para moluscos como ostras, que podem ser infectados pela bactéria e consumidos pelos humanos.
Outras questões são que, nos dias mais quentes, as pessoas passam mais tempo na água, e que as altas temperaturas, agora ocorrendo por períodos prolongados, podem encolher corpos d’água, aumentando a densidade de bactérias na água restante.
Preocupação não é só com a Vibrio vulnificus
Mas o temor dos pesquisadores do assunto vai além da Vibrio, pois a água doce também pode abrigar outros micróbios capazes de causar problemas graves. Um deles é a ameba Naegleria fowleri. Embora os casos sejam raros, quase sempre são fatais.
Esse patõgeno viaja pelo nervo olfatório até o cérebro, onde começa a danificar os tecidos. O tratamento é complicado, já que, por não se tratar de uma bactéria, não podem ser usados antibióticos.
Registros de Naegleria fowleri aumentaram 1,6% ao ano desde 1965 em todo o mundo, de acordo com a NetGeo. O caso mais recente ocorreu na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, em julho deste ano – um menino de 12 anos morreu após pular no Lago Murray, um reservatório no centro do estado, e inalar água contaminada.
Mais um patógeno que tem se tornado mais frequente em razão do aumento da temperatura é a bactéria Legionella pneumophila, causadora da doença do legionário. As infecções aumentaram mais de 84% desde o início dos anos 2000 e matam cerca de 10% dos infectados.
Estudos mostram que mais chuvas, maior umidade e temperaturas mais altas aumentam a quantidade de Legionella na água, contudo, ela é mais comumente contraída quando uma pessoa inala névoa contaminada de torres de resfriamento de ar-condicionado, banheiras de hidromassagem, saunas, piscinas ou parques aquáticos.
Nesse caso, indicou Semenza, a exposição sobe como resultado do uso mais frequente do ar condicionado ou de brincadeiras em piscinas, banheiras de hidromassagem e parques aquáticos por períodos mais longos do ano.
No início do verão no hemisfério norte, um surto de doença do legionário provocou 114 casos confirmados na cidade de Nova York. Ele foi causado pela névoa contaminada das torres de resfriamento de grandes unidades de ar-condicionado no East Harlem.
Para se proteger de doenças transmitidas pela água, a recomendação é não entrar na água quando tiver alguma ferida na pele; consultar dados sobre os níveis de bactérias em determinados corpos d’água, e não entrar em águas turvas, sobretudo após furação ou enchente.
Caso tenha contato com água, também é importante ficar atento aos sinais de infecção – febre, calafrios, suor noturno, fadiga ou sensação de mal-estar – e, se apresentá-los, procurar um médico.
Fonte: Um Só Planeta – Foto: Pixabay