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O avião Beechcraft King Air B200GT que caiu em Piracicaba, em São Paulo, na manhã desta terça-feira (14), tem capacidade para até 8 passageiros e custa, em média, um novo, mais de R$ 35 milhões, segundo especialistas ouvidos.
Segundo dados da Agência Nacional de Avião Civil (Anac), o Brasil possui, atualmente, 430 aviões de diversos modelos King Air operacionais e que podem voar.
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O acidente com a aeronave deixou 7 mortos, entre eles o sócio da Raízen Celso Silveira Mello Filho, de 73 anos, piloto e copiloto. O avião caiu em uma área de mata no bairro Santa Rosa e, com a explosão, um incêndio teve início no local.
A aeronave que se acidentou era modelo 2019 e era um turboélice de dois motores usado para pouso convencional em pistas curtas. Conforme o consultor aeronáutico Raul Marinho, o modelo de aeronave que caiu é extremamente popular no país, em especial no agronegócio, devido a sua capacidade de pousar em pistas curtas e de diferentes formações, como pistas de terra e de cascalho.
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“Sou piloto e já voei com esses aviões várias vezes. É um avião extremamente popular no Brasil, muito robusto e que consegue operar em pistas de diversos tipos, pista de terra, pistas de cascalho, pistas curtas. É um avião conhecido pela segurança”, diz Marinho.
O avião é fabricado nos Estados Unidos e o motor é canadense. “É um avião fácil de pilotar. Pela carga dele, usa piloto e copiloto, mas não requer a presença física de dois pilotos nas operações e nem o treinamento dos pilotos em simulador”, explica o consultor.
Marinho diz que a aeronave que se acidentou era nova – fabricada em 2019 -, tinha poucas horas de uso e que, na sua visão, possivelmente pode ter ocorrido uma falha humana ou de manutenção.
“Ele tem um motor com menor índice de falhas no mundo, na prática, não quebra se é feita a manutenção correta”, afirma o consultor.
Piloto desde 1959, George Sucupira, que foi presidente da associação de pilotos brasileiros por mais de 20 anos, também diz que a qualidade da aeronave é seu diferencial.
“Esse avião que caiu é top de linha, é o melhor que tem, acima dele só jato. É um turboélice excelente, sem limite de uso e que pousa em qualquer lugar, é o melhor da categoria no momento. E tanto o piloto quanto o copiloto eram experientes. Qualquer questionamento sobre o que causou o acidente, nesse momento, é especulação”, diz Sucupira.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave era privada e não estava autorizada a fazer táxi aéreo.
O acidente
Além do sócio da Raízen Celso Silveira Mello Filho, 73 anos, morreram na queda da aeronave a esposa dele, Maria Luiza Meneghel, 71 anos, e os 3 filhos do casal: Celso Meneghel Silveira Mello, 46 anos, Camila Meneghel Silveira Mello Zanforlin, 48 anos, e Fernando Meneghel Silveira Mello, 46 anos.
Também morreram o piloto Celso Elias Carloni, 39 anos, e o copiloto Giovani Dedini Gulo, 24 anos.
As vítimas foram carbonizadas e morreram no local. O Corpo de Bombeiros já localizou os sete corpos, segundo a prefeitura.
Em nota, a empresa Raízen confirmou a morte do empresário Celso Silveira Mello Filho e família. “Celso era acionista e irmão do presidente do Conselho de Administração da companhia, Rubens Ometto Silveira Mello.”
Segundo a empresa, também estavam no avião a esposa de Celso, Maria Luiza Meneghel, seus três filhos, Celso, Fernando e Camila, o piloto Celso Elias Carloni e o copiloto Giovani Gulo.
Ainda de acordo com os bombeiros, o avião saiu do Aeroporto de Piracicaba com destino ao Pará e caiu logo depois, pouco antes das 9h, em uma área verde ao lado da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatec).
Segundo a Prefeitura de Piracicaba, o avião modelo King Air B200 saiu do Aeroporto Municipal Pedro Morganti e a queda aconteceu cerca de 15 segundos após a decolagem, em uma plantação de eucaliptos.
Após atingir alguns eucaliptos durante a queda, a aeronave explodiu e teve início um incêndio na mata ao lado da Fatec. Os bombeiros tentam controlar as chamas.
Equipes policiais e o Corpo de Bombeiros estão no local e a área foi isolada para a perícia, que chegou às 12h. Combustível do avião se espalhou pelo local.
A Prefeitura de Piracicaba informou ainda que montou uma força-tarefa reunindo várias secretarias municipais e Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae), para ajudar no resgate e para conter as chamas que se alastraram pela vegetação, após a explosão do avião.
Cerca de 100 pessoas estão no local para auxiliar na ocorrência, segundo a administração. O prefeito Luciano Almeida (DEM) foi até o local.
A área permanece isolada para perícia. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), informou em nota que foi acionada e vai para o local para “ação inicial”.
Nessa ação os investigadores identificam indícios, fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, ouvem relatos de testemunhas e reúnem documentos. O objetivo, segundo o órgão, é prevenir que novos acidentes com características semelhantes aconteçam.
Documentação
O acidente será investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB.
O Registro Aeronáutico Brasileiro, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião acidentado tratava-se de um bimotor modelo B200GT, conhecido como King Air, fabricado em 2019 pela Textron Aviation. O avião tem capacidade para piloto, co-piloto e mais seis passageiros.
Era operado pela CSM Agropecuária, de propriedade de Celso Silveira Mello Filho.
O certificado de verificação de aeronavegabilidade do avião estava dentro da validade (até 13 de setembro de 2022.
Manutenção
Um funcionário do aeroporto de Piracicaba informou que o avião tinha chegado nesta segunda-feira (13) da revisão, estava pronto para decolar e em ótimo estado.
Explicou também que o avião era turboélice, que é quando funciona a querosene. Essa tecnologia, segundo o profissional, torna o avião mais potente e seguro.
Fonte: G1