Anúncios
As autoridades de saúde do norte de Queensland, na Austrália, emitiram um alerta após o aumento de casos de pessoas mordidas ou arranhadas por morcegos-raposa-voadora (flying foxes), espécie comum nas áreas urbanas da região tropical. Os especialistas reforçam que apenas cuidadores de fauna treinados e vacinados devem manipular os animais.
Desde o início do ano, 37 pessoas procuraram atendimento após contato com morcegos: 17 no distrito de Townsville e 20 na região de Mackay. O número de ocorrências tem crescido de forma gradual nos últimos anos, segundo o Departamento de Saúde Pública local, explicou o site ABC.
Anúncios
Embora não haja registro recente de novos casos da raiva australiana dos morcegos — conhecida pela sigla ABLV (Australian bat lyssavirus) —, o vírus é considerado altamente letal. Desde 1996, quatro pessoas morreram no país em decorrência da infecção, a mais recente em 2025, no estado de Nova Gales do Sul.
A diretora interina de saúde pública, Kate Murton, explicou que o ABLV pode causar paralisia, delírios, convulsões e morte. “O ABLV é um dos vírus mais letais que conhecemos. Se alguém for mordido ou arranhado por um morcego, precisa buscar tratamento de emergência imediatamente. Cada exposição deve ser tratada como potencialmente infectada”, afirmou.
Anúncios
Murton observou que o risco aumenta durante a temporada de reprodução, quando os morcegos podem se enroscar em cercas e arames farpados, atraindo pessoas que tentam ajudá-los. “É nesse momento que ocorrem os acidentes. Vimos casos de morcegos arranhando através da roupa e mordendo mesmo quem usa luvas”, alertou.
A orientação é não tocar em morcegos, mesmo quando parecem feridos. Em caso de contato, é fundamental lavar o ferimento com água e sabão, aplicar antisséptico e procurar imediatamente um hospital.

Equilíbrio ecológico
Apesar dos riscos à saúde, pesquisadores reforçam que os morcegos-raposa-voadora têm papel crucial para os ecossistemas australianos. Eles são polinizadores e dispersores de sementes, ajudando na regeneração de florestas nativas e na manutenção da biodiversidade.
Segundo o professor associado Noel Preece, da Universidade James Cook, existem três espécies predominantes no norte do país: a raposa-voadora vermelha, a raposa-voadora-de-óculos e a raposa-voadora-preta.
“Esses animais se movem em grandes colônias, seguindo a floração de eucaliptos e melaleucas. São fundamentais para o equilíbrio das florestas, mas difíceis de manejar em áreas urbanas”, explicou o pesquisador. Em cidades como Charters Towers, colônias de dezenas de milhares de morcegos passaram a habitar parques e praças, provocando conflitos com moradores.
A prefeita local, Liz Schmidt, relatou que o município tenta equilibrar a proteção da fauna e a segurança da população. “Tivemos de deslocar uma colônia de 100 mil morcegos para uma área próxima à estação de tratamento de esgoto. Agora, novas espécies migratórias estão chegando e é preciso paciência da comunidade”, disse.
Schmidt também fez um apelo aos moradores: “Deixem os morcegos em paz. Não toquem neles, não se aproximem. Assim, todos ficam seguros”. “Os morcegos não são inimigos — são parte vital da natureza. O risco está na interação incorreta entre humanos e fauna”, alega Murton.
Fonte: Um Só Planeta