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Botucatu está prestes a entrar para história no dia 7 de outubro, quando elegerá os irmãos Cury para Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. E entrará para a história porque, a exceção da cidade de Americana, que conta com 233 mil habitantes, e elegeu Vanderlei Macris para Deputado Federal, e seu filho, Cauê Macris, para Deputado Estadual, ambos pelo PSDB, nas últimas eleições, não se tem notícia de que uma cidade de médio porte (até 200 mil habitantes) tenha conseguido tamanha façanha, o que demonstra a força de um nome, ou melhor, de um sobrenome, que há anos está no comando da região.
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Aliás, não apenas na região, eis que o ex-prefeito João Cury, seguindo o caminho de seu pai, Jamil Cury, assumiu um importante posto no Governo Estadual, do mesmo partido, o PSDB, demonstrando o prestígio que esse político tem em relação ao tucanato do Estado.
João é querido pelo povo da cidade e conta com o apoio de mais de 60% dos eleitores, criando um “fã-clube” que mais parece com os “lulopetistas” mais radicais. É defendido com paixão, faça o que fizer.
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Entretanto, para se eleger Deputado Federal, precisaria de 150 mil votos aproximadamente, por conta do elevado quociente eleitoral que seu partido impõe.
Essa quantidade de votos assusta até mesmo quem comandou uma estrutura como a FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação, que garante às 645 cidades do Estado desde material básico, como lápis e caderno, até prédios para creches e escolas, e o fez conhecido e reconhecido em todo o Estado.
E foi, quiçá, por esse bom trabalho, que teria recebido do atual governador de SP, Márcio França, do PSB, convite para ser secretário de educação, algo tentador, mas que lhe retiraria o direito a concorrer à câmara dos deputados, por conta da necessidade de desincompatibilização.
Entretanto, se aceito, o nome do PSDB no interior teria que se filiar ao Partido Socialista Brasileiro e, como contrapartida, comandaria a educação no Estado, não apenas até o final do ano, mas até 2022, diante da chance de vitória do atual governador, que buscará a reeleição.
Permanecendo no PSDB, por sua vez, como um homem de partido, trabalharia com Geraldo Alckmin, se este for eleito presidente em outubro de 2018, diante de sua competência e íntima amizade.
E para Botucatu, o que seria melhor: a eleição ou a derrota dos Cury?
Explico. Mesmo devendo atuar por todo o estado, ou o país, (Deputado Estadual ou Federal), ambos são adorados na cidade e, certamente, lutarão e trarão grandes benefícios, como emendas parlamentares, além de colocarem o poder de convencimento para que empresas se instalem por aqui ou grandes obras sejam nessa região realizadas. É um ganho gigantesco, “incomensurável”, como bem dizia um ex-presidente da República.
Entretanto, são homens de partido e reconhecem a importância do partido político para a democracia. Não podem negar que tais instituições correspondem a parcelas da própria opinião pública, tanto no campo político-ideológico como no filosófico-político.
Os partidos políticos arregimentam simpatizantes para os seus programas, que tendem a segui-los à risca. O PPS, partido do deputado estadual Fernando Cury, é filho do Partido Comunista; o PSDB, por sua vez, do João Cury, foi fundado por uma dissidência do PMDB.
Ambos podem ser classificados como partidos de centro ou centro-direita, apesar das palavras que formam seus nomes, porque tendem a cuidar mais do Estado em si do que da sua população, característica que os distinguem dos partidos de esquerda.
E sendo homens de partidos, votarão com os partidos. Na reforma trabalhista, por exemplo, 43 dos 44 Deputados Federais tucanos votaram por sua aprovação, o que ajudou a formar a maioria necessária para suprimir direitos trabalhistas, como bem dizem os especialistas na área.
Da mesma forma, o PSDB garantiu ao menos 20 votos contra o recebimento da denúncia que poderia cassar o atual Presidente do país.
Votar ou não em homens de partido é uma decisão de cada cidadão, decisão de puro egoísmo, por assim dizer. O candidato, após eleito, não tem a obrigação de cumprir com suas promessas, defendendo os interesses do povo, eis que, muitas vezes, interesses maiores se sobressaem, e o povo, que se dane. Isso é fato.
Será que um povo precisaria se sacrificar por um ato individual honroso?
Como votaria João Cury? Como voltaria, João Cury?
Eu não votaria em ninguém de fora; mas quem há de ser de dentro, além do João, para merecer meu voto?
* Luiz Gustavo Branco é advogado especialista em Direito Material e Processual do Trabalho, com atuação preponderante no Direito Sindical