14 de setembro, 2025

Últimas:

Artigo: Partido x Candidato – Por Luiz Gustavo Branco

Anúncios

 

Botucatu está prestes a en­trar para história no dia 7 de outubro, quando elegerá os ir­mãos Cury para Assembleia Le­gislativa e Câmara dos Deputa­dos. E entrará para a história porque, a exceção da cidade de Americana, que conta com 233 mil habitantes, e elegeu Van­derlei Macris para Deputado Federal, e seu filho, Cauê Ma­cris, para Deputado Estadual, ambos pelo PSDB, nas últimas eleições, não se tem notícia de que uma cidade de médio porte (até 200 mil habitantes) tenha conseguido tamanha façanha, o que demonstra a força de um nome, ou melhor, de um sobre­nome, que há anos está no co­mando da região.

Anúncios

Aliás, não apenas na região, eis que o ex-prefeito João Cury, seguindo o caminho de seu pai, Jamil Cury, assumiu um importante posto no Governo Estadual, do mesmo partido, o PSDB, demonstrando o pres­tígio que esse político tem em relação ao tucanato do Estado.

João é querido pelo povo da ci­dade e conta com o apoio de mais de 60% dos eleitores, criando um “fã-clube” que mais parece com os “lulopetistas” mais radicais. É defendido com paixão, faça o que fizer.

Anúncios

Entretanto, para se eleger Deputado Federal, precisaria de 150 mil votos aproximadamente, por conta do elevado quociente eleitoral que seu partido impõe.

Essa quantidade de votos as­susta até mesmo quem coman­dou uma estrutura como a FDE – Fundação para o Desenvolvi­mento da Educação, que garante às 645 cidades do Estado desde material básico, como lápis e ca­derno, até prédios para creches e escolas, e o fez conhecido e reco­nhecido em todo o Estado.

E foi, quiçá, por esse bom trabalho, que teria recebido do atual governador de SP, Márcio França, do PSB, convite para ser secretário de educação, algo tentador, mas que lhe retiraria o direito a concorrer à câmara dos deputados, por conta da necessidade de desincompati­bilização.

Entretanto, se aceito, o nome do PSDB no interior teria que se filiar ao Partido Socialista Brasi­leiro e, como contrapartida, co­mandaria a educação no Estado, não apenas até o final do ano, mas até 2022, diante da chance de vitória do atual governador, que buscará a reeleição.

Permanecendo no PSDB, por sua vez, como um homem de partido, trabalharia com Geral­do Alckmin, se este for eleito presidente em outubro de 2018, diante de sua competência e ín­tima amizade.

E para Botucatu, o que seria melhor: a eleição ou a derrota dos Cury?

Explico. Mesmo devendo atu­ar por todo o estado, ou o país, (Deputado Estadual ou Federal), ambos são adorados na cidade e, certamente, lutarão e trarão grandes benefícios, como emen­das parlamentares, além de colo­carem o poder de convencimen­to para que empresas se instalem por aqui ou grandes obras sejam nessa região realizadas. É um ganho gigantesco, “incomensurá­vel”, como bem dizia um ex-presi­dente da República.

Entretanto, são homens de partido e reconhecem a impor­tância do partido político para a democracia. Não podem negar que tais instituições corres­pondem a parcelas da própria opinião pública, tanto no campo político-ideológico como no filo­sófico-político.

Os partidos políticos arregi­mentam simpatizantes para os seus programas, que tendem a segui-los à risca. O PPS, partido do deputado estadual Fernando Cury, é filho do Partido Comunis­ta; o PSDB, por sua vez, do João Cury, foi fundado por uma dissi­dência do PMDB.

Ambos podem ser classifica­dos como partidos de centro ou centro-direita, apesar das pala­vras que formam seus nomes, porque tendem a cuidar mais do Estado em si do que da sua população, característica que os distinguem dos partidos de es­querda.

E sendo homens de partidos, votarão com os partidos. Na re­forma trabalhista, por exemplo, 43 dos 44 Deputados Federais tucanos votaram por sua apro­vação, o que ajudou a formar a maioria necessária para supri­mir direitos trabalhistas, como bem dizem os especialistas na área.

Da mesma forma, o PSDB garantiu ao menos 20 votos contra o recebimento da de­núncia que poderia cassar o atual Presidente do país.

Votar ou não em homens de partido é uma decisão de cada cidadão, decisão de puro ego­ísmo, por assim dizer. O can­didato, após eleito, não tem a obrigação de cumprir com suas promessas, defendendo os in­teresses do povo, eis que, mui­tas vezes, interesses maiores se sobressaem, e o povo, que se dane. Isso é fato.

Será que um povo precisaria se sacrificar por um ato indivi­dual honroso?

Como votaria João Cury? Como voltaria, João Cury?

Eu não votaria em ninguém de fora; mas quem há de ser de dentro, além do João, para me­recer meu voto?

*  Luiz Gustavo Branco é advogado especialista em Direito Material e Processual do Trabalho, com atuação preponderante no Direito Sindical

Talvez te interesse

Últimas

Anúncios Cerca de 60 mil pessoas tomaram as ruas de Paris, na França, neste domingo (14), para celebrar o Brasil...

Categorias