Anúncios
A semana está focada nas eleições, claro, mas ando pensando nos professores. Todos nós sabemos da importância do profissional do ensino, de sua dedicação e da nossa dependência do seu labor. Orientadores de nossa formação em todos os níveis, eles ocupam o centro das atenções, incluído o nosso futuro. Não só eles, mas os diretores, orientadores, todos os funcionários do setor educacional.
Não sei se o fato das eleições serem realizadas nas dependências das escolas na maioria das cidades brasileiras, o pensamento se volta àqueles ambientes onde todos nós por lá passamos. Foi o que aconteceu novamente neste ano, no primeiro turno. Vi algo interessante lá.
Anúncios
Como o processo de votação – sempre muito ordeiro e bem organizado – fora mais demorado naquela fase eleitoral, ocorreram filas de espera, longas em alguns horários. Foi oportunidade feliz de rever amigos e, passando diante de murais da diretoria da escola, ler os relatórios sobre aproveitamento dos alunos, frequência dos pais às reuniões, resultados de provas dos alunos em matérias selecionadas, curvas de evolução dos mesmos, de observar os dados publicados referentes a concursos, torneios e seus resultados. Fiquei admirado pela organização e precisão das apresentações gráficas e demonstrativas daqueles resultados que expressam cuidados e supervisão criteriosa do setor educacional municipal ou estadual. Nesse ponto é que me lembrei do que observo no dia-a-dia, no atendimento médico-hospitalar.
Nessa época do ano, quando o paciente é profissional da área educacional, observo o cansaço ou exaustão predominar nas avaliações da saúde individual deles. Relato isso aqui com o intuito de colaborar na compreensão que todos devemos ter para com os professores e suas equipes, com função tão árdua e exaustiva cujo ápice de sobrecarga ocorre nos finais dos períodos letivos. Uma das pacientes declarou, rindo, estar com ‘outubrite’, referindo-se ao cansaço profissional nesse período do ano que, depois, foi esclarecido aproximar-se do diagnóstico conhecido como ‘cansaço do cuidador’ (Burnout Syndrome – “um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional”). Trata-se de condição de exaustão física e psíquica, mas que, no dia seguinte, o profissional precisa se apresentar novamente em pleno vigor, disposto, ativo e muito atento para continuar suas tarefas imprescindíveis. Repetido, exaure e deprime.
Anúncios
Após votar, ao sair daquele prédio, roguei intimamente que os eleitos considerassem prioritariamente suas atenções ao setor educacional nacional, tal a sua importância (do programa) para o país. É uma esperança.
Teremos nova chance de reflexão nesta semana!
* Dr. Francisco Habermann é ex-aluno da 1ª. Turma de Medicina da FCMBB, docente aposentado da atual FMB-UNESP. Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu