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Uma grande paixão é um estado de excitação mental que surge arrebatando nosso pensamento e escravizando-o para servir a uma única ideia, uma única proposta, uma única pessoa por algum tempo, sejam minutos ou até mesmo longos anos.
Porém, as paixões são inconstantes e imprevisíveis, assim como o vento do mar. Nos apaixonamos por novas atividades, novas pessoas e situações. Mas também nos apaixonamos pelo que passou ou está passando, fechando assim um grande círculo onde a paixão renasce a cada dia que o tempo vai levando para o passado.
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Hoje tenho várias paixões, desde minha mulher e meus filhos até o HC onde entrego todo dia um pouco do que sei fazer.
E sei que as paixões podem passar e retornar como disse Aldir Blanc há muitos anos, em uma bela canção, na voz de João Bosco, repetindo que as paixões retornam como retornam o fogo e as epidemias*.
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Vejo paixão no que meus diretores e demais colaboradores fazem, mas não em todos. Talvez falte em alguns deles a fome do absoluto ou haja o medo excessivo de mudar. Neste solo a paixão não cresce.
O que une cada um de nós é um sentimento de posse e compartilhamento, de oferecer e receber, de fazer para o outro o que você quer que façam para você. O que nos une é a paixão. Sem sabermos quando ela vai chegar, se vai chegar, quanto tempo vai durar e a quem ou o que vai envolver. Mas este é o combustível da vida. Vida apaixonante que nos faz pensar assim.
E por falar em paixão, esta semana perdemos Joao Gilberto, gênio da MPB, mas que ficou no passado, abandonado por quem deveria mantê-lo no presente. Alguém que morreu em vida após desencadear tantas paixões ao cantar como cantou.
*Caça à raposa. Música de João Bosco e letra de Aldir Blanc, 1975.
Dr André Balbi é médico nefrologista, professor associado de Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e atual Superintendente do HCFMB.