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Esta semana comemoramos o dia do médico. O Géro Bonini, editor deste jornal, nos cedeu um espaço para nossa livre manifestação no dia 18. Optamos por homenagear os médicos em nome do HC de Botucatu, pai e mãe de formação de muitos de nós. Interessante como um espaço em branco, no papel ou em nossa mente, nos ajuda a pensar. Neste caso pensei muito no conceito de ser médico.
Acho que o médico não quer ou quer ser médico. O verdadeiro médico nasce médico. É o médico de nascimento. O curso de medicina e o diploma de médico não transformam um médico que não nasceu médico em um médico. Reconhecemos os verdadeiros médicos, aqueles de nascimento, nas suas atitudes e não apenas em seu conhecimento teórico das doenças. Somos médicos quando entendemos a pobreza social que cerca nossos pacientes e não quando entramos em luxuosos quartos de grandes hospitais cinco estrelas, frios e famosos. Somos médicos quando somos atores secundários do espetáculo da vida de nossos pacientes. Nascemos médicos quando mais aprendemos primeiro a ouvir e depois falar e quando sabemos ficar calados quando é hora de apenas ouvir.
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Os médicos de nascimento são pessoas solidárias. E esta solidariedade os tornam bons médicos de profissão.
Embora as escolas de medicina continuem pipocando pelo país de um modo insano e inexplicável pelos governos que se sucedem e insistem em povoar nosso pais de médicos muitas vezes despreparados, nosso curso ainda nos absorve muito, nos arrebatando em um momento ímpar de nossas vidas que é a transição da juventude para a idade adulta. Ainda jovens enfrentamos longos plantões onde vivemos as mortes que nos entristecem e a alegria intensa em ver nossos pacientes reencontrando o caminho de suas casas.
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Muitos médicos apenas de profissão não são pessoas fáceis e impõem seus interesses pessoais com brutalidade e deseducação. Vamos esquecê-los definitivamente pois não são médicos de nascimento.
Neste dia do médico lembro do médico que tento ser e da satisfação de conviver com verdadeiros médicos de nascimento, tanto em minha casa quanto no nosso HC. A estes colegas admiráveis que ainda existem e que são grandes exemplos para as gerações de novos médicos que sempre estamos vendo chegar, meu reconhecimento e meu desejo de felicidades.
**Dr André Balbi é médico nefrologista, professor adjunto de Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e atual Superintendente do HCFMB.