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Diante de emergências e dificuldades é que progredimos. Sempre foi assim. Nessas circunstâncias é que as ideias inovadoras surgem por necessidade e nos socorrem. Os resultados até surpreendem e, posteriormente, são até louvados. É o caso do trabalho colaborativo.
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Aconteceu em casa, em Leme, interior do Estado de S.Paulo. O trabalho exaustivo do preparo dos ingredientes dos confeitos como bolachas, bolos, cufas e outros quitutes do hábito e cultivo alemão levou o pai e a mãe a convocar os dois filhos – desde pequenos – para o trabalho colaborativo. Isso impunha uma rotina que incluía voltar da escola, trocar de roupa, fazer as tarefas escolares e, após, integrar a mão de obra para o trabalho caseiro. Nem sobrava tempo para brincar mas dava para se divertir, trabalhando. Meu irmão Wagner e eu aprendemos muito com essa rotina.
As encomendas de cufas (hoje conhecidas como cucas) exigiam um preparo com frutas. Tinham cobertura feita com manteiga fresca, açúcar e canela, complementada com bananas ou maçãs fatiadas. As de cobertura com maçãs eram a novidade sempre pedida pelos apreciadores do bom paladar. No preparo das maçãs selecionadas incluía a tarefa delicada e trabalhosa de descascá-las. Foi quando o pai propôs uma estratégia com o envolvimento de todos nós naquela ação, iniciando um concurso familiar.
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Avental, boné de padeiro à cabeça e mãos lavadas e limpas, iniciava-se a disputa de descascar a montanha de maçãs com uma faquinha bem afiada. Era manobra delicada, especialmente para crianças, mas logo pegamos ‘a manha’.
A regra era obter a tirinha descascada mais fina possível e mais longa, sem rompê-la. Estava aí a motivação invencível que resultava em algum prêmio estabelecido na hora. O sucesso e produtividade foram marcantes a ponto de esperarmos sempre o próximo concurso semanal. Foi uma estratégia inteligente do pai querido e um resultado muito saboroso para cada freguês que, ao ser atendido, recebia também um olhar de vitória nossa.
Pensando na nossa casa maior – este Brasil encrencado – teremos que reinventar atitudes honestas e colaborativas para descascar o enorme abacaxi que se nos apresenta, sem romper a fita que nos une. Mais que um dever, será um enorme desafio após o Dia dos Pais.
Em outubro próximo haverá um concurso…
* Dr. Francisco Habermann é ex-aluno da 1ª. Turma de Medicina da FCMBB, docente aposentado da atual FMB-UNESP. Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu