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Quando visitei pela última vez a capital gaúcha, observei, com tristeza, que assim como em toda grande cidade do Brasil, lá havia muitos moradores de rua.
Mas um deles em especial me chamou a atenção. No momento que o táxi em que eu estava parou no sinal, o avistei, estava ele sentado na calçada (seu lar), terminava de almoçar uma “quentinha” e juntava seus parcos utensílios, no final de seu afazer, de forma respeitosa e solene, com os olhos fechados, fez o nome do Pai, lentamente, em agradecimento.
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Segundos depois o carro partiu. Por um instante congelei, mesmo já distante a imagem agradecendo, daquele que quase nada tinha, era tudo que eu conseguia ver. Compreendi a cena e também agradeci. Aprendi ali que não importa a dificuldade pela qual estejamos passando, sempre haverá algo pelo qual agradecer.
Descobri então que, como não existe nada que apraz mais a Deus do que a gratidão, não temos porque aborrece-lo, se esquecendo de agradecer e reconhecer que, em cada segundo de nossas vidas, existe um pulsar de saber que pode nos fazer adiantar em nossa jornada existencial.
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Naquela noite acompanhei a inauguração de uma obra palaciana, construção única, esplendorosa, fruto de muito trabalho de um amigo especial e motivo inicial da minha viajem, mas nada me impressionou e marcou mais naquele dia que o gesto daquele desconhecido morador de rua, que me ensinou a verdadeira medida da necessidade e do merecer, conseguiu ele, com um gesto simples e gratuito, ser a verdadeira razão e recompensa de eu ter ido a Porto Alegre.
Na manhã seguinte, antes de embarcar de volta, pedi para o taxista passar novamente naquela esquina, queria abraçar aquele professor, mas ele já não estava lá, resolvi estão traze-lo comigo, neste texto, para sempre. Desconhecido do sinal do Pai, que me fez conhecer e aprender, lhe sou grato para sempre.
* Lourival Panhozzi é empresário, Diretor Funerario – Pres. Abredif/Sefesp -, Diretor do CTAF, Sistema Prever e Solucard.