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O momento político nacional está exigindo serenidade. Voto é coisa séria. Governança, mais ainda, claro. Mas não é disso que quero falar e, sim, de algo que está por trás das nossas inquietudes e fragilidades humanas que exigem, igualmente, definição precisa. É uma verdadeira eleição pessoal diante de polarização íntima quando presente.
Trata-se de algo que afeta nossa estabilidade emocional, portanto, a nossa existência. Na vida, isso é mais que prioritário. Refiro-me às situações que exigem amparo incondicional à vida das pessoas diante de situações de risco iminente. O abandono familiar, o desemprego, a pobreza, a degradação, a dependência de hábitos e drogas, os acometimentos por distúrbios mentais e outras mazelas existenciais.
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Nosso país está imerso nisso tudo, infelizmente. Ilustra bem a história real relatada pelo conceituado professor e psiquiatra brasileiro, Dr. José Manoel Bertolote que, em 1976 no Canadá, estava em plantão noturno no hospital quando um paciente se apresentou para uma consulta. Sim, o paciente viera fazer uma consulta àquele médico: perguntou se ele ( o paciente ) deveria mesmo matar seu desafeto pessoal (!).
Antes de perguntar, o paciente pôs uma arma sobre a mesa e disse que decidira fazer aquela consulta porque sua consciência indicava que não deveria tomar aquela decisão sozinho. Por isso procurou aquele profissional e contou-lhe toda a história pessoal. Ao final, o médico – para ganhar tempo diante de grave quadro psiquiátrico de risco iminente – disse que precisaria pedir a opinião do seu supervisor médico que só chegaria no dia seguinte.
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A seguir, ele se ofereceu para guardar aquela arma, sugerindo que o paciente pernoitasse no hospital. Garantiu que no dia seguinte teria a resposta àquela pergunta. O paciente relutou mas, ao final, aceitou. Medicado, na manhã seguinte foi encaminhado ao serviço psiquiátrico. Sem a arma. Amigos, cá entre nós, confesso que ando pensando no nosso paciente Brasil. Não queria falar disso, mas torço para que as próximas eleições sejam uma boa consulta… Serena!
* Dr. Francisco Habermann é ex aluno da 1ª. Turma de Medicina da FCMBB, docente aposentado da atual FMB-UNESP. Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu