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Henrique, meu filho mais velho, tem um texto muitas vezes pesado e reflexivo, cheio de imagens fortes e belas, mas também escreve de forma leve, como este que resumo a seguir, por minha conta e restrição de espaço, e que foi publicado no site da Revista Época. Vale a pena ler o texto inteiro, consultando o site, para extrair toda a ironia que ele traz.
“Era tanta pesquisa de intenção de voto, tanto horário eleitoral gratuito, tanto textão, meme e fake news nas redes sociais, que você até se esqueceu do almoço em família no domingo. Quando lembrou, bateu a mão na testa e soltou um palavrão …
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Você já se vê encurralado por aquele tipo de parente que todo mundo tem: os olhos arregalados, veias saltadas na garganta, nas mãos o celular com a teoria da conspiração da moda, com a mentira mais fresca.
Mas não é hora de se desesperar – ainda não, pelo menos. Você respira fundo, tenta organizar as ideias. Começa então a pensar em estratégias para sobreviver ao almoço… A primeira que lhe vem à cabeça é valorizar a diplomacia. Evitar ao máximo que política surja como assunto…Mas você considera – é inevitável – outra possibilidade: abraçar o caos. Você até sente uma vertigem ao cogitar isso. Danem-se as boas maneiras para o inferno com o debate iluminista inspirado pela ágora grega: e se você incendiasse Roma? Gritar, se necessário; descabelar-se quando conveniente e ainda mais quando inconveniente; chorar, escarnecer, urrar…
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Não, você pensa. Melhor não brigar. Eles são sua família…
Nesse caso, uma opção é rir. Quando seu parente começar a ladainha, ria… Assim, você o desarmará. Os outros parentes talvez queiram … entender as risadas. E você terá novamente duas opções: a diplomacia ou o caos.
A primeira manda aproveitar a situação e contar uma piada… que possibilite uma fuga honrosa, uma bem-vinda mudança de assunto. A segunda … varia em agressividade. Você pode dizer de um jeito carinhoso que seu parente é muito engraçado. Pode sugerir que na verdade ele é a piada… Nesse caso, aproveite que vocês estão num almoço e dê um gole em sua bebida… Se puxarem conversa, você estará com a boca ocupada e não precisará responder. Não é o ideal, mas ajuda a manter a sanidade e a se hidratar. Duas coisas de que você vai precisar muito até o fim de outubro e de toda essa encrenca.”
* Henrique Balbi. Site da Revista Época de 05/10/18
**Dr André Balbi é médico nefrologista, professor adjunto de Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e atual Superintendente do HCFMB.