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Nesta semana presenciamos um caso de amor visto e compartilhado por milhares de pessoas no Facebook e que ocorreu no Pronto Socorro Referenciado do nosso HC. Em meio às paredes frias daquele local, onde o nível de tensão e cobrança chegam a condições quase que insuportáveis para quem ali trabalha, ocorreu um casamento entre um paciente e sua companheira de longos anos.
Faço um resumo rápido para quem ainda não sabe o que houve. Milton, um senhor de 57 anos estava internado em nosso Pronto Socorro e, ao saber que teria que realizar uma cirurgia cardíaca, em conversa com o Dr Gustavo, seu médico naquele momento, negou-se em aceitar o procedimento cirúrgico com receio de não poder se casar com sua companheira de tantos anos, Dona Eva, de 58 anos, caso a cirurgia não fosse um sucesso. Receio e desejo manifestados, rapidamente um exército de pessoas do bem que trabalham em nosso PS e nas demais unidades de nosso HC mobilizaram-se para proporcionar ao casal uma cerimônia atípica, porém repleta de emoções que transbordaram por todos os lados daquele local.
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Este caso nos apresentou vários personagens, fundamentais em cada situação ocorrida. Pessoas generosas que só poderiam estar mesmo neste generoso HC.
Primeiro o Dr Gustavo, médico residente que, conversando com o paciente, estabeleceu um elo de confiança mútua. E mostrando toda sua sensibilidade, entendeu que estava frente a uma pessoa doente e não a uma doença isolada, tendo que enfrentá-la a qualquer custo. Mostrou que os médicos podem sim, as vezes, vencer com o bom senso, os protocolos que tanto os amarram.
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Depois a equipe toda de funcionários do HC, especialmente do PSR que, em tempo muito curto, se mobilizaram para promover a festa dos noivos. Vocês foram e são fundamentais para que este processo de humanização que, com tanta insistência falamos, nunca pare de acontecer.
E por fim, lembrar de nosso paciente e sua linda esposa, que transformaram o Pronto Socorro em um lugar íntimo e cheio de parcerias.
Hoje dona Eva deve estar com seus familiares, recém casada e recém viúva, recuperando-se de tantas e tão fortes emoções.
E o senhor Milton, sentado em algum pedaço confortável do céu, sem dor no peito, esperando o momento de reencontrá-la mais uma vez, em algum lugar deste imenso mundo em que vivemos.
** Dr André Balbi é médico nefrologista, professor associado de Nefrologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) e atual Superintendente do HCFMB