Anúncios
É no dia-a-dia da vida profissional que se aprende as lições de vida. Quando o assunto é preservação da saúde, mais ainda. Alguns dizem que é vivendo, observando, experimentando e aprendendo que se evolui. Pois é assim que aprendo com os relatos dos pacientes do ambulatório onde presto atendimento no HC da Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, mesmo aposentado.
Um deles me surpreendeu recentemente. Conto aqui a história de paciente que me intrigou, destacando apenas detalhes instrutivos não confidenciais, claro. Acompanhado durante longo tempo, o paciente não apresentava os resultados terapêuticos desejados.
Anúncios
Por mais recomendadas fossem, as orientações eram rotineiramente negligenciadas. A compreensão médica e o próprio conhecimento das dificuldades humanas que todos temos aguardaram o momento da auto conscientização tão necessária. Medicado sucessivamente, os resultados não apareciam nas revisões médicas periódicas.
Certo dia, num retorno ambulatorial rotineiro, surpreendo-me com os bons resultados clínicos e laboratoriais tão esperados. Chamou-me a atenção o sorriso de satisfação apresentado pelo paciente que, muito calmo, esperava pela minha reação de surpresa. Foi quando anunciou sua mudança de hábitos e – confessou – ter adotado uma rotina diária de longa caminhada obrigatória e, ao mesmo tempo, prazerosa.
Anúncios
Mais me admirei ainda diante das transformações do, até então, caso típico de sedentarismo. O paciente me explicou todo satisfeito: “Adquiri um cão e ando com ele todos os dias.” Disse mais: “Convidei amigos para caminharmos juntos e o cão nos puxa a todos. Estamos virando atletas, mas o cão é sempre o primeirão!”
Acrescentou que iriam participar de uma nova modalidade esportiva chamada ‘canicross’ – quando o cão puxa o atleta. Alcançou-se, assim, o objetivo maior da prevenção da saúde do paciente com a regulação de seus dados físicos e laboratoriais.
Satisfeito, tive que reduzir, e, depois, retirar a medicação anteriormente prescrita. O paciente melhorou e permanece controlado até hoje. Graças ao cão, não ao médico… Revelou-se um verdadeiro cãopeão – puxador de voluntários!
Nem sei se é o cão ou o paciente o verdadeiro campeão daquela iniciativa ímpar, resolutiva no caso. O fato é que o paciente melhorou seu prognóstico cardiovascular futuro. Deixou seu médico atendente feliz e, mais que isso, anunciou o verdadeiro cãopeão dessa história ímpar. Como profissional, invejo os cãopeões!
* Dr. Francisco Habermann é exaluno da 1ª. Turma de Medicina da FCMBB, docente aposentado da atual FMB-UNESP. Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu