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…“um amigo me chamou para cuidar da dor dele; guardei a minha no bolso e fui”……. Fernando de Abreu
A morte é a única coisa que só se faz uma vez na vida, morrer bem é fazer bem feito este momento, é dar sentido, entender a própria existência e não temer o depois. Quando se compreende o antes e o aceita, o resultado não é apenas uma consequência, é sim a resposta e a elucidação do mistério de viver, que inexoravelmente termina em morte. Para morrer bem não é preciso querer, nem desejar morrer, mas é necessário recepcioná-la no momento oportuno, com altivez de espírito. Esta condição só se alcança quando se valoriza a vida, com atitudes que nos permitem perdoar e amar o próximo, como a si próprio.
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A maior parte das pessoas que morrem, tem a morte anunciada, sabem com relativa precisão a época em que vão morrer, são portadoras de doenças crônicas e/ou terminais. Não só a ciência, como também o instinto, assopram aos ouvidos da alma que o momento está próximo, uns ouvem, outros se fazem de surdo na esperança de não ser visto, mas a morte, mesmo sendo cega, tem como aliada o tempo, e este é avassalador, no final acaba por encontrar a todos.
Sabemos que não podemos escolher o início de nossas histórias, mas como se portar no final dela é prerrogativa de cada um. Resultado de uma vida de escolhas.
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Brasileiro é doido por deixar tudo para última hora, achando que sempre vai dar tempo, em último caso, quando não dá tempo, deixa para depois. Estamos morrendo hoje, a cada segundo, não dá para deixar para viver depois, só temos a certeza deste momento.
Vamos entender como funciona. Feche os olhos bem devagar, fique com ele fechado por 10 segundos, depois abra depressa, o que verá é tudo que tem naquele momento para viver, não desperdice com tolices, sinta o que está vendo na sua tonalidade, para quando não mais tiver tudo que hoje está a sua volta, tenha válido a experiência, e sua morte não seja algo sem sentido e cheio de nódoas.
Morrer de bem é romper a linha de chegada no final da vida com dignidade e coragem, já a morte é um livro que acaba de ser escrito, quando ele termina, morrer não é uma escolha, a opção de morrer bem, sim.
“Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela, pois a inexorável despe-nos de nossos bens para nos vestir das nossas obras.” (Sêneca)
* Lourival Panhozzi é empresário, Diretor Funerario – Pres. Abredif/Sefesp -, Diretor do CTAF, Sistema Prever e Solucard.
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