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Três das aranhas mais perigosas do mundo podem ser encontradas no Brasil e causar acidentes graves em seres humanos, como necrose da pele, amputação de membros e até levar à morte, de acordo com o Ministério da Saúde. Em 2024, já foram registrados 149 acidentes com aracnídeos na Baixada Santista, no litoral de São Paulo, e Vale do Ribeira, no interior do estado.
De acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do estado, de janeiro de 2024 até quinta-feira (4) foram registrados 73 acidentes com aranhas na Baixada Santista, sendo quatro com aranhas armadeira (Phoneutria), 22 marrom (Loxosceles) e uma viúva-negra (Latrodectus) — as três mais perigosas. Também tiveram 46 casos com outros tipos de aracnídeos.
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No mesmo período, no Vale do Ribeira, foram 76 casos. Ainda segundo o CVE, 20 foram com armadeira e 13 marrom, além de 43 outros incidentes com outros tipos de aranha. Nas duas regiões, não tiveram mortes.
Ao encontrar aranhas, mesmo que seja dentro de casa, o Instituto Butantan orientou que o ideal é acionar o Centro de Controle de Zoonoses ou o Corpo de Bombeiros da região. A medida tem como objetivo evitar que a pessoa corra o risco de ser picada.
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Conheça as espécies:
- Aranha-armadeira (Phoneutria)
Esta espécie é considerada a mais perigosa do mundo. O aracnídeo é popularmente chamado de armadeira por se “armar”, ou seja, apoiar-se nas pernas traseiras e erguer as da frente quando se sente ameaçada. Neste momento, ela consegue saltar até 40 cm em posição de defesa.
- Aranha-marrom (Loxosceles)
Quando um homem, de 31 anos, foi picado por uma aranha-marrom enquanto dormia em Praia Grande (SP), o biólogo Daniel Bortone explicou que a espécie não é agressiva e não consegue picar humanos.
“Os acidentes acontecem quando a pessoa espreme a aranha contra o corpo, assim ocorrendo a inoculação [introdução] da peçonha”, informou.
Bortone ressaltou que a ação causada pela peçonha demora a mostrar os primeiros sintomas nos seres humanos. “O que o acidentado deve fazer é lavar bem o local com água e sabão, beber bastante água e procurar atendimento médico imediatamente. Se possível, levar a aranha em um pote”, disse.
- Aranha viúva-negra (Latrodectus)
Assim como a aranha-marrom, ela não é agressiva. A espécie é noturna e costuma viver em grupo, fazendo teias irregulares em arbustos, gramíneas e cascas de coco. Ao se sentir ameaçada, se coloca no chão e se finge de morta — por este motivo, é conhecida como viúva-negra.
Relembre acidentes com aranhas
- O garçom Wilker Guimarães, de 31 anos, foi picado por uma aranha-marrom enquanto dormia em Praia Grande, em dezembro de 2023. ele que acordou com uma dor na mão e, passado algum tempo, começou a sentir o dedo latejar e notou um pequeno corte no local.
O homem procurou a UPA Samambaia, em Praia Grande, por três vezes. Na terceira vez, na UPA Central, ele contou a história e foi transferido para a UPA Quietude, onde recebeu o soro antiaracnídico. Ele teve o dedo indicador amputado porque o membro necrosou em decorrência do veneno da aranha.
- A bacharel em Direito, Ketisley Freitas Lessa, de 29 anos, que tem seis tatuagens de aracnídeos pelo corpo, foi picada por aranha-marrom na perna direita, em Apiaí (SP), em janeiro de 2024. Ela, que estava grávida, teve parte da pele necrosada em decorrência do veneno.
- A aranha-caranguejo (Heteropoda venatoria) não está entre as mais perigosas do mundo, mas o tamanho assusta. Um casal de brasileiros, de 27 anos, que viviam em Praia Grande (SP), encontrou uma no banheiro do apartamento onde moram na Austrália.
Soro antiaracnídico
Um estudo conduzido no Hospital Vital Brazil, do Instituto Butantan, publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases, comprovou que o soro antiaracnídico é capaz de reduzir o risco de necrose na pele, causada pelo veneno da aranha, principalmente se aplicado nas primeiras 48h após o acidente.
De acordo com a bula do Instituto Butantan, a solução é indicada para acidentes moderados e graves causados por aranhas Loxosceles (aranha-marrom) e Phoneutria (aranha-armadeira), além de escorpiões Tityus (marrom e amarelo).
Segundo a instituição, a necrose no local da picada é uma das manifestações mais comuns do envenenamento. O estudo, de acordo com a instituição, foi o primeiro a avaliar, em humanos, a capacidade do soro antiaracnídico de evitar necrose em casos de picada de aranhas venenosas.
Uma pesquisa anterior com modelos animais havia mostrado que o antiveneno reduzia as lesões necróticas em 30%, mesmo sendo administrado 48h após a injeção do veneno
Dicas para evitar acidentes com aranhas em casa:
- Sempre olhar roupas antes de vestir e toalhas antes de se secar;
- Bater os calçados para ver se não há nenhuma dentro;
- Evitar deixar o lençol e cobertas da cama encostando no chão, que elas podem usar para subir na cama;
- Vedar vãos de portas e janelas e buracos na parede casa.
Fonte: G1