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A análise de vídeos com chimpanzés pronunciando a palavra “mama” baseou um questionamento científico sobre a capacidade destes animais de poderem falar como humanos. O trabalho, publicado no periódico Scientific Reports, retoma uma discussão secular sobre a capacidade da fala, um diferencial, até agora, considerado chave para a distinção dos seres humanos em relação a outros animais.
Um dos problemas da pesquisa sobre a “fala” dos chimpanzés no século passado foi a adoção de métodos considerados altamente antiéticos nos dias de hoje, como retirar bebês-macacos dos seus pais e criá-los como crianças, para verificar se aprenderiam como humanos.
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Em um dos vídeos, de 1962, gravado na Itália, uma chimpanzé chamada Renata reage a um estímulo no queixo (a treinadora dá uma “coçadinha” no animal) e pronuncia a palavra “mama”. Em outro caso mais recente, um chimpanzé nomeado como Johnny chamava qualquer humano de “mama”.
O autor principal do estudo, dr. Axel Ekström, do KTH Royal Institute of Technology, na Suécia, afirmou ao portal do jornal Daily Mail que “há uma ideia circulando na neurociência há alguns anos, de que o córtex do chimpanzé pode estar limitando-os.” Veja abaixo uma filmagem de Johnny, que viveu até no Santuário Suncoast Primate, em Palm Harbor, Flórida (EUA).
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A ideia básica, explica Ekström, é que os humanos têm uma sobreposição entre a área do cérebro responsável por mover a mandíbula e a região que controla a caixa vocal, o que gera a habilidade física de pronunciar palavras.
“Então, a ideia era que essa sobreposição desbloqueia a fala silábica do tipo que vemos em bebês [“ba-ba-ba”], e que transita no desenvolvimento para padrões de fala adultos”, afirma o pesquisador.
A chamada “hipótese de Kuypers-Jürgens” sugere então que, como os chimpanzés não têm essa sobreposição, eles simplesmente não conseguem produzir a fala como um humano. Porém, a divulgação dos vídeos com os macacos pronunciando palavras abre espaço à discussão.
Como as imagens, na avaliação dos pesquisadores, comprova uma habilidade dos chimpanzés em “falar”, para Ekström é possível concluir que “ou a sobreposição cortical não é crucial, ou os chimpanzés também a possuem”. Abaixo a filmagem da chimpanzé Renata, feita na Itália:
No entanto, dificilmente veremos situações como na série de cinema “Planeta dos Macacos”, brinca o Daily Mail. Mesmo que os chimpanzés tenham o tipo certo de cérebro para aprender novos sons, suas línguas são longas e planas, o que dificulta a movimentação entre os sons da fala.
Além disso, apesar da habilidade física, como os papagaios também têm, a compreensão da linguagem é uma questão totalmente diferente. Apesar de falarem “mama”, tanto Renata quanto Johnny não tinham noção do significado do que diziam às pessoas, o que envolve uma questão emocional e de cognição mais complexas, essas sim, dignas de um ser humano.
Fonte: Um Só Planeta
