27 de novembro, 2024

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Após correrem riscos em floresta panamenha, venezuelanos mantêm a cabeça nos EUA

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Cruzando um caminho repleto de lama, centenas de migrantes venezuelanos caminham em fila pelo estreito de Darién, uma região de floresta na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, com a missão de seguir rumo aos Estados Unidos, que recentemente fecharam as portas aos migrantes da Venezuela em situação irregular.

Com feridas nos pés, lesões e relatando os horrores que vivenciaram por vários dias, os migrantes chegam em grupos à comunidade indígena de Canaán Membrillo, o primeiro posto de controle fronteiriço em território panamenho na região. Muitos levam consigo crianças e bebês.

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“Todo mundo arrisca a vida por um futuro, mas, de verdade, não recomendo a ninguém que venha pela floresta, é muito duro, muito difícil”, conta à AFP Jesús Arias, de 45 anos.

O homem chegou à aldeia carregado nas costas de outros rapazes depois de fraturar o joelho em sua travessia de uma semana pela mata virgem de 575.000 hectares.

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Ele afirma que vai para os Estados Unidos porque “não há futuro na Venezuela”, que “a cada dia fica pior”.

Mas seu sonho pode ser dificultado por uma nova determinação dos Estados Unidos, que decidiram fechar, na semana passada, a passagem para migrantes da Venezuela que tenham entrado irregularmente no Panamá e no México. Apenas será permitida a entrada de 24.000 venezuelanos com autorização prévia que cheguem por via aérea e tenham um patrocinador em solo americano.

“Vamos seguir mesmo assim. Vamos para os Estados Unidos e, se a passagem estiver restrita, alguma hora vamos conseguir passar”, afirma Jesús, que trabalhava em uma rede de peixarias em seu país.

‘Muitos mortos’

A migração de venezuelanos pelo estreito de Darién bateu recorde em 2022.

Segundo dados fornecidos à AFP pelo ministro de Segurança do Panamá, Juan Manuel Pino, de janeiro a meados de outubro, passaram pela selva cerca de 185.000 pessoas, das quais mais de 133.000 eram da Venezuela, superando amplamente o registro de todo o ano passado, quando 2.800 venezuelanos passaram pelo Darién.

Vi “muitos mortos, muitas montanhas, muitos rios que levaram muita gente […] isso foi horrível”, conta Nélida Pantoja, de 46 anos. Além das dificuldades impostas pelo terreno, os migrantes estão à mercê de animais selvagens, como serpentes venenosas, e também de organizações criminosas.

Nélida viaja com outras 10 pessoas, entre conhecidos e familiares. Também afirma que “continuará tentando” entrar nos Estados Unidos, apesar da ordem de Washington de expulsar os venezuelanos em situação irregular.

Em Canaán Membrillo, um vilarejo de casas de madeira, muitos migrantes venezuelanos e de outras nacionalidades aproveitam para descansar em barracas de camping antes de seguir viagem, enquanto outros tentam se distrair jogando basquete.

“Minha mãe, meu pai e meus irmãos estão me esperando [os Estados Unidos], então […] se o mais difícil já passou, já não me resta muito o que fazer, tenho que seguir tentando”, diz Rusbelis Serrano, de 18 anos.

Segundo as autoridades forenses do Panamá, desde 2018 pelo menos 100 pessoas morreram tentando atravessar a floresta de Darién, sendo 2021 o pior ano, com 53 mortos.

Fonte: Yahoo!

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