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O uso de fogos de artifício é comum em comemorações, mas, com a Copa do Mundo, foi preciso que alguns tutores preparassem os animais de estimação para as celebrações de gols e vitórias em jogos do Brasil, já que o barulho desses explosivos assusta os pets.
É o caso de Ariane Angélica Caffeo, moradora de Bauru (SP), de 41 anos. A voluntária da causa pet contou que tem 13 cães em sua casa, junto com outros animais silvestres, como corujas, macacos e tartarugas, que vêm de resgate e precisam de cuidados diretos.
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Entre esses animais, há um cachorro, cujo nome é Bethovem, que deve passar por cirurgia para amputar a pata após quebrar um dedo de uma das patas ao se assustar com o barulho dos fogos de artifício durante um dos jogos.
Além disso, outros cães, a Charlotte, de 13 anos, considerada uma cachorra idosa, e o Picolé convulsionam com os altos barulhos por serem animais com deficiência.
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“É uma luta, mesmo com o alambrado, porque em dia de fogos nada é seguro. Eu não posso nem sair daqui, somente para trabalhar. Eu tenho maritaca sem as duas pernas que, quando escuta os fogos, chega a dar cambalhota na gaiola. Eu tenho uma macaco-prego fêmea, resgatada e documentada, que faz barulhos e baba com os fogos. A gente acha que ela vai morrer quando isso acontece”, lamenta.
Ariana garantiu que já tentou todos os métodos para amenizar os barulhos para os pets, como faixas no corpo e roupas nas patas para que eles se sintam seguros, mas nada resolve.
“Costumo ficar perto deles, abraçando, acalmando, conversando, mas, mesmo assim, é difícil. Achávamos que a Charlotte tivesse uma tosse comum, mas iniciou em um momento de medo dos fogos e nunca mais parou”, destaca.
Em relação ao cão Bethovem, a voluntária da causa animal explicou que ele enroscou a pata ao correr assustado dos fogos para se esconder dentro de um carro. Conforme Ariane, será necessário amputar a pata.
“Estamos atrasando essa cirurgia porque temos dó. Ele é obeso e temo que seja um pós-cirúrgico complicado em questão de cicatrização e bactérias, até porque ele anda para todo lado”, expõe.
No dia 28 de novembro, data do jogo do Brasil contra a Suíça, Ariane disse que não foi liberada pela empresa e tentou ligar apressada para a mãe no momento que ouviu os fogos, com medo do que encontraria ao chegar em casa.
A sensação descrita por Ariane é de desespero e impotência. Isso porque os animais têm a audição mais apurada que o ser humano e, nesses casos, são raras as vezes em que os bichinhos conseguem controlar a ansiedade.
“Normalmente, procuro estar em casa nesses dias ou chegar o quanto antes. Somos três: eu, meu filho e meu marido. A gente se divide entre os cães com problemas, apesar de o medo ser de todos os animais. A cada bomba do rojão, saio correndo do fundo para frente, abraço eles, mas nada resolve. Sensação de desespero e impotência”, comenta.
O que diz a lei e o que fazer?
Os rojões, fogos de artifício, buzinas, vuvuzelas e comidas podem ser grandes vilões para os animais durante a Copa do Mundo. Por isso, é importante que os tutores que desejam torcer pelo hexacampeonato de forma tranquila estejam atentos aos perigos para o pet.
De acordo com a presidente da Comissão de Proteção e Defesa Animal e do Conselho Municipal de Proteção e Defesa Animal de Bauru, Thaís Viotto, os tutores têm a responsabilidade de protegê-los dos barulhos que não fazem parte da sua rotina.
A especialista passou as principais orientações para o período de jogos:
- Não deixar os animais presos em correntes para evitar o enforcamento;
- Priorizar ambientes fechados durante os jogos para evitar que fujam;
- Tentar distrair o animal com petiscos e carinho;
- Colocar listas de músicas apropriadas para aliviar os momentos de tensão;
- Se ocorrerem acidentes, levar imediatamente ao veterinário;
Para animais silvestres, Thaís diz que é difícil a execução das recomendações acima, então, a única maneira de evitar que eles se machuquem durante os jogos é não soltando os fogos. Além dos pets, o barulho alto prejudica pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Inclusive, a lei nº 7.476, de 2 de agosto de 2021, proíbe o manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de estampidos e de artifícios ou qualquer outro artefato de efeito sonoro ruidoso em Bauru.
A lei municipal está ainda de acordo com a lei estadual nº 17.389, de 28 de julho de 2021, que também proíbe a queima e soltura de fogos de artifício no estado.
Fonte: G1