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Por Fernanda Luciana Aparecida Mendes Ferri
Pedagoga • Especialista em Educação Especial, Inclusão Infantil e Desenvolvimento Emocional
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A ansiedade infantil tem crescido de forma significativa nos últimos anos e, muitas vezes, aparece acompanhada de outros transtornos do desenvolvimento, como TDAH, dislexia, transtornos de aprendizagem e dificuldades sensoriais. Os efeitos vão além do emocional: impactam diretamente o desempenho escolar e o comportamento da criança em sala de aula.
Segundo dados da American Academy of Pediatrics (2022), os transtornos de ansiedade estão entre os mais comuns na infância, afetando milhões de crianças em idade escolar. Em muitos casos, a ansiedade não é identificada a tempo, porque se manifesta através de dores de barriga, irritabilidade, choro, dificuldade de separação dos pais e recusa escolar — sinais que costumam ser confundidos com “manhas” ou timidez.
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Como a Ansiedade Afeta o Desempenho Escolar
Especialistas em neurodesenvolvimento apontam que a ansiedade altera funções essenciais para o aprendizado. Pesquisas mostram que crianças ansiosas apresentam:
- menor capacidade de atenção e concentração;
- dificuldade de memorização, especialmente em atividades de leitura e cálculo;
- bloqueios cognitivos causados pelo medo de errar;
- queda no rendimento em avaliações;
- isolamento social ou irritabilidade com colegas.
A memória de trabalho — responsável por copiar da lousa, resolver problemas e organizar informações — é uma das mais prejudicadas quando a criança está em estado de alerta constante.
A Relação com Outros Transtornos
A ansiedade infantil raramente aparece sozinha. Estudos indicam que:
- entre 25% e 40% das crianças com TDAH também apresentam ansiedade;
- crianças com transtornos de aprendizagem têm até duas vezes mais risco de desenvolver sintomas ansiosos;
- alunos com TEA demonstram níveis elevados de ansiedade diante de mudanças de rotina ou ambientes muito estimulantes.
Quando dois ou mais transtornos coexistem, os impactos emocionais e acadêmicos se intensificam. A criança enfrenta maior frustração, queda de autoestima e dificuldade de acompanhar o ritmo da turma.
A Importância da Intervenção Precoce
Escolas e famílias têm papel fundamental na identificação dos sinais e no apoio à criança. Especialistas recomendam:
- rotinas previsíveis e estruturadas;
- instruções claras e objetivas;
- ambientes tranquilos e acolhedores;
- parceria entre escola, psicopedagogos e psicólogos;
- ações simples de regulação emocional, como respiração e pausas sensoriais.
Quando a criança recebe suporte emocional e pedagógico adequado, o desempenho escolar melhora, a autoconfiança aumenta e a relação com a escola se torna mais leve.
Cuidar da Saúde Emocional é Cuidar da Aprendizagem
A ansiedade infantil é real, comum e tratável. A detecção precoce faz diferença na trajetória acadêmica e no bem-estar da criança. Ambientes seguros, atentos e afetivos são essenciais para que ela desenvolva habilidades sociais, emocionais e cognitivas de maneira saudável.
Cuidar da saúde emocional das crianças é um investimento direto no futuro delas — e de toda a comunidade escolar.
REFERÊNCIAS
American Academy of Pediatrics. (2022). Anxiety Disorders in Children and Adolescents.
National Institute of Mental Health (NIMH). Childhood Anxiety Disorders.
Sciberras, E., et al. (2014). Co-occurrence of anxiety in children with ADHD. Pediatrics.
Nelson, J.M., & Harwood, H. (2011). Learning-related difficulties and anxiety in children. Journal of Learning Disabilities.
Settipani, C.A., & Kendall, P.C. (2013). The cognitive impact of anxiety on academic functioning in children. Child Psychiatry & Human Development.
Rosen, P.J., & Factor, P.I. (2019). Emotional functioning in children with learning disorders.
Van Ameringen, M. (2021). Anxiety in Autism Spectrum Disorder.
Pedagoga • Especialista em Educação Especial, Inclusão Infantil e Desenvolvimento Emocional
