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O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira para explicar a dívida da arena do clube, em Itaquera, e comentar a notificação de execução da dívida enviada pela Caixa Econômica Federal.
Segundo Andrés Sanchez, o Corinthians atrasou duas parcelas do financiamento com o banco estatal.
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Ainda de acordo com o presidente do Timão, havia um acordo verbal, mas não documentado, entre o fundo que gere a Arena Corinthians e a Caixa:
– Vim aqui para dar uma resposta ao nosso torcedor. O Corinthians nunca negou a dívida, nunca deixou de pagar. A gente tinha um acordo com a Caixa, em quatro meses pagava menos, em oito mais. Estamos cumprindo. Se for esse acordo, devemos dois meses. Se for o outro, (o atraso) é desde abril. E conversando todo mês. Essa dívida vamos pagar. Temos que chamar a Caixa para dizer se vamos responder judicialmente – declarou o dirigente.
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O presidente ainda rechaçou a possibilidade de o Corinthians perder o controle do estádio ou mesmo parte do Parque São Jorge, usada como garantia do financiamento:
– A notificação não atingiu o Corinthians ou as garantias do Corinthians, mas o fundo. Até chegar ao Corinthians, ainda leva muitos anos.
– Não vamos perder o estádio, não deixamos de pagar nada, não vão tomar nada.
Andrés Sanchez levou para a entrevista alguns papéis e, ao ser perguntado sobre o acordo com a Odebrecht, levantou o documento e afirmou que o contrato já estava assinado, “com firma reconhecida”.
Depois da entrevista, o presidente mostrou rapidamente os papéis aos jornalistas, mas não foi possível ler detalhes, como valores e prazos.
Ele ressaltou que a dívida do Corinthians agora é só com a Caixa. Porém, quando questionado sobre os R$ 160 milhões que tem de pagar à Odebrecht, o cartola afirmou “isso o tempo que vai dizer”.
A Odebrecht confirmou ter assinado um memorando de entendimento com o clube que define os termos para o pagamento da dívida. Veja no fim desta reportagem a nota da construtura na íntegra.
Acordo verbal
Corinthians e Caixa acertaram que nos meses em que há menos jogos e, consequentemente, menos receitas de bilheteria, o clube pagaria um valor mais baixo do que nos demais. Em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro a parcela seria de aproximadamente R$ 2,5 milhões. Nos demais, R$ 5,7 milhões.
Porém, isso não chegou a ser formalizado em contrato, de acordo com Andrés Sanchez. Com a entrada da nova diretoria da Caixa, nomeada pelo presidente Jair Bolsonaro no começo deste ano, o trato verbal não foi reconhecido.
– É que nem você comprar um carro para pagar em 60 meses e durante o financiamento muda o dono da financeira e ele pede para pagar à vista. É o que aconteceu – declarou o presidente.
Andrés disse não acreditar em retaliação do Governo Federal ou influência política na decisão da Caixa. O presidente corintiano é filiado ao PT, partido pelo qual foi eleito deputado federal. Além disso, a Arena Corinthians foi construída com apoio do ex-presidente Lula, rival de Bolsonaro.
Questionado sobre o motivo do atraso no pagamento de duas parcelas do financiamento, Andrés lembrou que o estádio não obteve receitas com a Copa América.
– Atrasou porque não tinha dinheiro. Não teve jogo. Dezembro, janeiro, Copa América, tem mês que tem dois jogos. Em fevereiro a renda não dá para pagar, mas nunca deixamos de conversar, eles estavam cientes.
A Caixa emprestou R$ 400 milhões para a construção do estádio. R$ 170 milhões já foram pagos, segundo o Timão. Porém, por conta de juros e correções, o valor da dívida atualmente é de R$ 487 milhões nas contas do Corinthians e R$ 520 milhões nas contas do banco estatal.
Mais Andrés
O presidente corintiano confirmou que o déficit do clube em 2019 supera os R$ 100 milhões. Porém, questionado sobre o valor exato, ele disse não saber.
O cartola afirmou que, como as principais receitas do Timão entram no segundo semestre, o déficit pode ser reduzido em até 80% até o final do ano.
– Ano passado vendemos jogador, e a manchete era “Andrés faz desmanche”. Esse ano não vendeu e falam que o déficit tá grande. Tem time milionário que vendeu 12 ou 13 jogadores nos últimos meses. Seguramos alguns, não vendemos, e falta dinheiro na contabilidade. Quando contrata, o contrato do jogador é de 30 milhões e você coloca no balanço 30 milhões, mas vai pagando mês a mês – argumentou.
Nota da Odebrecht
“A Odebrecht confirma que assinou um memorando de entendimentos com o Sport Club Corinthians Paulista que define os termos para solucionar as dívidas do projeto Arena junto à Odebrecht Participações e Investimentos, empresa controlada pela Odebrecht S.A.
Também foi assinado um termo entre a Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) e o Sport Club Corinthians Paulista, que resulta em quitação mútua entre as partes para a construção da Arena.
Os termos destes acordos são protegidos por cláusula de confidencialidade”.
Fonte: G1