Anúncios
Segundo números oficiais, a guerra na Ucrânia já obrigou mais de 6 milhões de pessoas a deixarem o país. Se a Polônia foi o principal destino desses migrantes, com mais de 3 milhões de pessoas cruzando sua fronteira, a Alemanha e a França também contabilizam números cada vez maiores de refugiados ucranianos e as autoridades locais já avaliam o possível impacto desse êxodo em suas próprias economias.
No momento em que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu aos moradores de Donetsk que deixem a região para escapar do “terror russo” e dos bombardeios neste território no leste do país, as autoridades europeias começaram a avaliar a possibilidade de uma nova onda de refugiados desencadeada por esse chamado do chefe de Estado.
Anúncios
Segundo Didier Leschi, diretor do Escritório da imigração e da integração (OFII, na sigla em francês), “é possível” que o alerta lançado pelo líder ucraniano provoque um novo êxodo. No entanto, ele lembra que cerca de 4 milhões de pessoas que deixaram a Ucrânia desde o início do conflito já voltaram para seu país de origem e que as autoridades francesas estão preparadas em caso de uma nova leva de migrantes.
Estima-se que 99 mil ucranianos foram acolhidos na França desde o início da guerra, segundo dados do OFII. “Essas pessoas estão em uma situação que evolui, já que algumas voltaram para a Ucrânia, enquanto outras continuam chegando, mesmo se o volume [de entradas] é bem menor que antes”, explicou Leschi, em entrevista à rádio France Info. Ele também ressalta que todos os refugiados registrados na agência beneficiam de uma ajuda financeira concedida aos requerentes de asilo. Além disso, cerca de 20 mil ucranianos continuam hospedados na casa de particulares na França.
Anúncios
Empregados na Alemanha
Na Alemanha, o volume de refugiados ucranianos é bem maior. De acordo com o ministério alemão do Interior, 915 mil refugiados oriundos da Ucrânia foram registrados desde que a guerra foi lançada pela Rússia, em fevereiro.
As autoridades locais já começam a avaliar o impacto na economia. Segundo a agência nacional encarregada de questões ligadas ao emprego, a taxa de desemprego na Alemanha aumentou em julho, pelo segundo mês consecutivo, justamente por causa da entrada dos refugiados no mercado de trabalho. O índice atingiu 5,4% no mês passado, 0,1 ponto acima do mês anterior, alcançando 2,47 milhões de desempregados, 107 mil a mais que no mês anterior.
Mas esses números devem ser ponderados. Daniel Terzenbach, da Agência nacional para o emprego, afirma que “o mercado de trabalho segue estável”. Ele ressalta, por exemplo, que o número de desempregados de longa duração vem recuando no país.
Terzenbach também aponta que 400 mil refugiados ucranianos solicitaram ajuda financeira do governo alemão, entre eles 100 mil menores. No entanto, 26 mil já encontraram um emprego. Otimista, ele aponta que o número de contratações vai “aumentar significativamente” assim que esses refugiados aprenderem a falar alemão e que seus diplomas e competências começarem a ser reconhecidos pelos empregadores.
“A imigração de refugiados vindos da Ucrânia pode aumentar a oferta de trabalhadores qualificados na Alemanha”, insiste Fritzi Köhler-Geib, economista-chefe do banco público alemão KfW. Uma afirmação vista com bons olhos no momento em que o país sofre com falta de mão-de-obra em todos os setores. Segundo a agência nacional do trabalho, 881 mil vagas continuavam esperando para serem ocupadas na Alemanha em julho, o que representa 136 mil a mais dos que no ano passado.
Polônia como ponto de passagem
Com cerca de 1 milhão de refugiados ucranianos, os números registrados na França e na Alemanha são bem inferiores ao balanço da Polônia, principal porta de saída da Ucrânia para cerca de metade das pessoas que fugiram da guerra. O governo polonês chegou a acolher mais de 3 milhões de refugiados ucranianos.
No entanto, segundo dados oficial, “apenas” 1,2 milhão se registraram junto às autoridades locais. Muitos viram na Polônia apenas um ponto de passagem rumo a outros países europeus. Além disso, muitos ficaram em solo polonês apenas no início do conflito e já voltaram para a Ucrânia. De acordo com as autoridades polonesas, diariamente 20 mil ucranianos atravessam a fronteira fazendo o caminho de volta, em direção à Ucrânia.
Fonte: Yahoo!