26 de julho, 2024

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Além da “blackface”, Unesp já enfrentou episódio de racismo durante trote em Botucatu

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A Unesp de Botucatu (SP) vivenciou mais um caso de racismo após alunos terem feito “blackface”, prática que consiste na pintura da pele com tinta escura e que está atrelada à ridicularização de pessoas negras, durante um trote universitário, na sexta-feira (25).

Na última quarta-feira (30), a instituição abriu uma comissão para investigar o caso. No entanto, essa não é a primeira vez que o campus se vê envolvido em polêmica quanto a práticas racistas.

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Em 2015, alunos também foram acusados de racismo depois que estudantes do sexto ano de medicina postaram nas redes sociais uma fantasia de carrasco na festa de recepção dos calouros.

Os trajes foram comparados aos usados pela organização Ku Klux Klan, que defende a supremacia da raça branca.

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À época, duas fotos da festa foram publicadas em uma página, com os estudantes usando roupas pretas, e uma imagem com membros da seita Ku Klux Klan, com vestimentas brancas.

Fantasias de carrasco (fotos acima) em festa foram comparadas com cerimônia da Ku Klux Klan (foto abaixo) - (Foto: Facebook/Reprodução)
Fantasias de carrasco (em festa foram comparadas com cerimônia da Ku Klux Klan (foto abaixo) (Foto: Reprodução/Facebook)

A publicação que denunciou o traje dividiu a opinião dos internautas em relação ao fato. Alguns alunos defenderam que foi apenas uma brincadeira e que, inclusive, após a recepção, as fantasias foram retiradas e houve confraternização entre todos. Mas outros condenaram a atitude dos veteranos.

Uma das estudantes do curso, que preferiu não se identificar, afirmou, na época, que não houve trote violento, mas a fantasia dos estudantes chamou a atenção e muitos ficaram chocados. “É uma referência absurda e a justificativa não é verdadeira”, conta.

Após a repercussão do caso, os alunos que usaram a fantasia de carrasco se desculparam publicamente, admitindo terem errado ao escolher o tema da fantasia, que “deu margem a interpretações distorcidas”, segundo eles. À época, ninguém foi punido.

Nova polêmica

Desta vez, em meio à nova polêmica, o Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu (IBB) afirmou que as imagens e denúncias referentes à prática de “blackface” já estão em posse de uma comissão de apuração, a qual também já constitui um conjunto de estratégias para identificar os envolvidos, inclusive aqueles que, no momento do ocorrido, estavam nas redes sociais veiculando as imagens e a própria festa.

Ainda no pronunciamento, a instituição pontuou que, além de averiguar os fatos e dar o direito do contraditório a todos os envolvidos, deve enviar às comunidades universitárias as devidas punições, se for o caso, incluindo a possibilidade de denúncias junto às autoridades policiais.

A república que recebeu o evento também se pronunciou nas redes sociais, afirmando que a gincana, realizada há anos, é uma “forma de integração entre calouros e veteranos das repúblicas, sendo os times separados por cores com o intuito de identificar os integrantes de cada equipe na competição. As cores disponíveis eram amarelo, rosa, azul, verde, vermelho, marrom e preto”.

Ainda no comunicado, a república afirma que “dada a euforia e o clima de descontração, não percebeu o que a pintura com a cor preta poderia significar e quais os gatilhos que poderiam ser despertados a partir dela”.

De toda forma, o novo episódio leva os estudantes do campus da Unesp de Botucatu a pensarem nas atitudes relacionadas aos trotes.

Segundo uma estudante do campus, que preferiu não se identificar, as atitudes referentes ao trote envolvem muitas vezes situações degradantes e humilhantes aos calouros e são tratadas pelos veteranos como forma de integração social.

“É uma realidade paralela. Colocam os calouros ajoelhados, humilham eles, colocando-os em condições desumanas: sem tomar banho, apenas de chinelos, sem escovar os dentes. Não há circunstância que justifique tal agressão”, comenta a estudante de 22 anos.

Mesmo proibidos, dentro e fora do campus, os trotes continuam fazendo parte da recepção dos calouros da Unesp de Botucatu.

A universidade, em nota, pontuou que “além de proibir a prática, a partir de uma lei, conta com um canal de denúncia, não apenas na ouvidoria, mas vinculada a essa comissão de apuração, que segue à disposição para receber notificações daqueles que eventualmente se sentirem violentados”.

Calouros pintaram os rostos com tinta preta durante gincana - (Foto: Arquivo Pessoal)
Calouros pintaram os rostos com tinta preta durante gincana (Foto: Arquivo pessoal)

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