18 de janeiro, 2025

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‘Acordar do pesadelo foi um sonho’, diz porteiro que teve ataques epiléticos e parada respiratória em internação por Covid

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Após ficar mais de dois meses internado por contrair Covid-19, sendo 21 dias intubado, o porteiro Valdir Oliveira, de 56 anos, comemorou o retorno ao trabalho na Santa Casa de Jaú (SP) na última quarta-feira (13). Além do coronavírus, Valdir também precisou lutar contra a insuficiência renal, ataques epiléticos, parada respiratória e infecção. Ao todo, ele ficou seis meses afastado do trabalho.

Em entrevista, o filho Wyllguener Oliveira, de 21 anos, afirma que Valdir contraiu a variante do vírus P1, vinda de Manaus, e passou os 15 dias de quarentena em casa, recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Depois de 22 dias após contrair o vírus, o estado de saúde do porteiro piorou. A pedido do próprio Valdir, ele foi encaminhado à Santa Casa de Jaú com falência respiratória. No local, os médicos constataram que o pulmão do paciente já estava 75% comprometido.

Ainda na enfermaria, por recomendação já que ele apresentou piora, Valdir realizou a tomografia que constatou 96% dos pulmões comprometidos. Por isso, foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Embora tenha poucas lembranças desse período, Valdir, em entrevista, recorda da transferência para a UTI.

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“Eu só me lembro de chorar junto ao meu amigo Dr. Marcelo, que chorou comigo quando me informou que seria preciso a intubação. É terrível. Pensava: ‘e se eu não voltar mais?’. Pensei muito na minha família, é preciso ter força para encarar”, relata Valdir, porteiro do local há 8 anos.

Na UTI, Valdir foi intubado e induzido ao coma. Nesse período, o porteiro contraiu uma infecção, teve insuficiência renal, sendo preciso hemodiálise, e sofreu ataques epiléticos. Depois de 21 dias internado, Valdir foi encaminhado à traqueostomia e sofreu parada respiratória.

Devido aos vários dias internados, Valdir apresentou um quadro de polineuropatia do paciente crítico, que acontece geralmente em pacientes que ficam internados por longos períodos em unidades de terapia intensiva.

Nas redes sociais, o filho Wyllguener Oliveira movimentou amigos e internautas com pedidos de oração e de doação de sangue ao pai. E aos poucos, o pai foi respondendo e apresentando melhora no quadro respiratório e de insuficiência no rim.

Valdir ainda teve que passar por um longo período de fisioterapia, onde tudo parecia novo, inclusive o fato de estar vivo.

“Acordar do pesadelo foi um sonho pra mim. A sensação é estranha, você fica meio desnorteado no começo e, a princípio, não entende bem pelo que passou. Só com o tempo a ficha vai caindo e você se dá conta da sorte que teve”, conta.

Em 22 de abril, a luta pela vida teve um final feliz. Valdir finalmente teve alta e pôde terminar a recuperação em casa. Mas, antes, foi recebido com muita festa pelos próprios profissionais e companheiros de trabalho na Santa Casa.

“Eu não esperava ser tão querido assim. Ver o pessoal me recepcionando só me fez ver ainda mais o quanto eu gosto do meu trabalho. Hoje a Santa Casa é a minha segunda casa”.

“Eu deixei claro ao meu filho e conversei com o meu patrão que não queria ir para outro lugar. Queria voltar para Santa Casa. Se tiver que acontecer alguma coisa comigo, vai ser aqui, no hospital. Como vou sair de um lugar onde me sinto bem?”, conta o porteiro.

Valdir voltou ao setor de segurança das alas da ortopedia e internação, onde já trabalhava antes de ter testar positivo para doença, e pretende continuar auxiliando quem estiver passando pela doença.

“É ótimo estar de volta ao meu posto. Sempre gostei de trabalhar em contato com as pessoas. Trabalhar nessa área não é fácil, ainda mais num hospital. Muita gente chega nervosa, apreensiva, sobretudo nesse período de pandemia. Por isso, é preciso compreensão para acalmá-las e dar suporte. Eu sou mais uma prova de que podemos vencer a doença”, explica Valdir.

Após tomar a segunda dose da vacina no dia 21 de maio, o porteiro acredita que a medida é como um ato de carinho ao próximo.

“Meu sentimento hoje é de que estou tendo a chance de ser imunizado. A gente não sabe como é o vírus lá fora. Me vacinar foi um ato de carinho que eu tive por mim mesmo, pela minha família e a todos que convivem comigo”, finaliza.

Valdir tomou a segunda dose contra covid-19 no dia 21 de maio — Foto: Wyllguener Oliveira /Arquivo Pessoal

Valdir tomou a segunda dose contra covid-19 no dia 21 de maio — Foto: Wyllguener Oliveira /Arquivo Pessoal

G1

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