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Abril deve ser o mês de um evento natural de enormes proporções nos Estados Unidos, que vem sendo monitorado pela comunidade científica: o “cigarralipse”. Em um fenômeno raro, cerca de um trilhão destes insetos devem emergir da terra, onde passam boa parte de suas vidas, e ocupar até 17 estados do país com seu som característico, que, em efeito superenxame, pode parecer a turbina de um avião.
Duas grandes ninhadas devem emergir simultaneamente, uma concentrada nos estados do Meio-Oeste e a outra no Sul e Centro-Oeste americano. O acontecimento raro se deve a uma coincidência de ciclos entre dois grandes enxames, que vão “brotar” juntos. Um deles vem de um ciclo de 17 anos, enquanto outro, de 13, afirma reportagem da agência Reuters.
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“Elas vivem como adultos por apenas algumas semanas e morrem após a reprodução. No total, a parte adulta de suas vidas extremamente longas é inferior a 0,5% de sua vida total, 99,5% de sua vida é passada no subsolo”, afirma o entomologista John Lill, da Universidade George Washington.
Esta é a primeira vez desde 1803 que um evento dessa magnitude ocorre no reino dos insetos, e por que não, dos humanos. A Food and Drug Administration (FDA), órgão americano semelhante à Anvisa no Brasil, chegou a alertar que pessoas alérgicas a frutos do mar devem evitar comer cigarras.
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O consumo do inseto como iguaria ocorre principalmente durante o período de reprodução desses insetos, que possuem tamanho semelhante ao de camarões e têm um grau de parentesco com os crustáceos. As cigarras não picam e nem são tóxicas. Sem glúten, são ricas em proteínas e pobres em gorduras e carboidratos. Costumam ser consumidas por predadores, incluindo pássaros e pequenos mamíferos.
A ninhada batizada como XIII (13, em algarismo romano) de ciclo de 17 anos, se estende pelo norte de Illinois, leste de Iowa, sul de Wisconsin e alguns condados no noroeste de Indiana. A ninhada XIX (19), de 13 anos, abrange os estados de Alabama, Arkansas, Geórgia, Indiana, Illinois, Kentucky, Louisiana, Maryland, Missouri, Mississippi, Carolina do Norte, Oklahoma, Carolina do Sul, Tennessee e Virgínia.
Para quem estiver no lugar certo, existe uma pequena região onde as duas ninhadas podem surgir ao mesmo tempo. Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, indicam que a maior probabilidade de contato entre as duas ninhadas fica em pequenos trechos de bosque em volta da cidade de Springfield, no Estado de Illinois.
São monitoradas hoje nos Estados Unidos 12 ninhadas de cigarras de 17 anos e três ninhadas de cigarras de 13 anos.
Uma paisagem esperada para os dias após o “cigarralipse” é a de moradores varrendo as calçadas para retirar os corpos de insetos acumulados, são os exoesqueletos abandonados pelos insetos, que assumem nova forma acima da terra.
Diferentemente de uma nuvem de gafanhotos, o maior prejuízo esperado pelo trilhão de cigarras será o incômodo barulho destes insetos. As cigarras não mordem, não picam, nem transmitem doenças. E tampouco podem ser controladas eficientemente com pesticidas.
As ninfas aeram o solo enquanto o perfuram para chegar à superfície, aumentando a infiltração de água e promovendo o crescimento das raízes das plantas. Quando elas morrem e se decompõem, enriquecem o solo com nutrientes.
Depois deste mês de abril, as ninhadas números 12 e 19 devem emergir juntas de novo em 2245.
Fonte: Um Só Planeta