Anúncios
O técnico Abel Ferreira se pronunciou na noite desta segunda-feira sobre o seu futuro no Palmeiras e confirmou que está analisando uma proposta da diretoria alviverde. A resposta, porém, será dada primeiramente aos atletas.
Depois do silêncio dele e do clube no último domingo, após o empate contra o Red Bull Bragantino, o português foi questionado sobre o assunto durante sua participação no programa “Roda Viva”, da TV Cultura.
Anúncios
– Vocês sabem que estou aqui no Brasil sem minha família. Estou aqui sozinho. Minha família aqui são meus jogadores. Eles vão ser os primeiros a saber da minha decisão. É verdade que tenho uma proposta com o Palmeiras para renovar. Tive uma conversa com a Leila na sexta-feira – disse.
– As primeiras pessoas que têm de saber são meus jogadores. O que eu sou hoje aqui no Brasil, eu devo a eles, porque de fato nós construímos uma verdadeira equipe. Portanto, os primeiros a saberem da minha decisão, além da minha família, são eles. A minha decisão, ela está tomada, mas vou dizer primeiro a eles – falou o técnico.
Anúncios
O treinador português voltou a falar que a presença da sua família no Brasil será determinante para a definição do seu futuro no Verdão. Atualmente, a esposa e as duas filhas do treinador continuam na Europa.
– Isso é impossível (ficar mais dois ou três anos sem a família). Ou eu vou ou eles vêm… O Palmeiras quer muito, e gosto muito do Palmeiras. Falei com a minha esposa e disse: “Só fico se tu vieres, senão não fico”.
Abel Ferreira tem negociação encaminhada com o Palmeiras para ampliação do atual vínculo. O contrato, válido até dezembro, deve ser prorrogado até o fim de 2024. Conforme o português afirmou, ele se reuniu com a presidente Leila Pereira na última sexta-feira.
– Vem breve, há de fato uma proposta oficial. Houve uma única. Uma conversa muito sincera, frontal, como eu gosto, entre a Leila e a minha pessoa. As primeiras pessoas que têm de saber disso são meus jogadores – completou.
O treinador, porém, negou que tenha feito pedidos ou que tenha recusado ofertas anteriores.
– É tudo mentira que recusei primeira, segunda, que só renovo se tiver centroavante. Tudo mentira. Falei com os colegas jornalistas aqui, que é da vossa responsabilidade passar notícias verdadeiras e não encher páginas por encher. Não estou a criticar, estou a fazer uma constatação. É mentira o que foi dito. É verdade, sim. Tenho uma proposta. É verdade que falei com a Leila na sexta-feira. Qualquer que seja a minha decisão, os primeiros a saber serão meus jogadores – disse Abel.
No bate-papo com os jornalistas, Abel Ferreira comentou sobre a saída de Patrick de Paula para o Botafogo. Depois de ser promovido com destaque da base palmeirense, em 2020, o meio-campista perdeu espaço nesta temporada e foi negociado por 6 milhões de euros com o clube carioca.
– A minha função é escolher. A Fifa diz, no regulamento, que só podem jogar 11, que só podem entrar cinco e que para o banco só podem ir 23. O Palmeiras tem 27 jogadores. Tem que sobrar para alguém. No ano passado tínhamos determinados médios e fomos buscar mais dois, o Jailson e o Atuesta, aumentou a concorrência. Só podem jogar dois naquela posição e tenho seis. Quando estamos a falar deles estamos a falar de jovens. Todos nós já tivemos 17 anos, 18 anos, viemos de baixo, ouvia tudo o que o outro dizia para aprender, mas às vezes quando chegamos a um estatuto não quer mais ouvir da mesma maneira… Perguntaram ao Guardiola que o Foden jogava a Carabao Cup cinco minutos e estava contente, um minuto na Liga dos Campeões e sempre contente. No ano seguinte foi campeão com o Foden a jogar. E este ano? Ele disse: “não sei. Eu sei que no ano passado ele ouvia tudo o que eu dizia e neste ano tem outro estatuto. Se continuar humilde, focado e continuar a trabalhar vai estar mais próximo de jogar”.
– O Patrick foi perdendo espaço, é um grande jogador, foi uma grande contratação que o Botafogo fez e um grande negócio que o Palmeiras fez por 50%. Foi bom para todas as partes, na minha opinião – afirmou o treinador.
Uma possível chance na seleção brasileira após a saída de Tite e o comportamento explosivo na beira do gramado foram outros assuntos comentados pelo Palmeiras. Veja outros trechos da entrevista:
Seleção brasileira
– Já tenho um clube verde. E amarelo também. Não faço planos a longo prazo. Vivo por aqui e agora. Vivo 100% o momento aqui. Não faço planos para frente. Não é da minha forma ser e estar. Se me perguntassem há três anos se queria treinar o Palmeiras eu ia te responder da mesma maneira. Tenho clube, contrato, gosto de estar onde estou. É um assunto que não controlo e não depende de mim.
Sobre Felipão ter dito que ele é o melhor técnico da história do Palmeiras:
– Ele gosta de mim, por isso que disse isso. Temos uma relação muito boa, já do tempo de Portugal. Foi uma pessoa espetacular comigo. Tenho um sonho que não cumpri, ser internacional pela seleção, fui à seleção e não cumpri. Foi ele que me chamou. Eu lembro como se fosse hoje, me disse: “Vamos jogar contra Finlândia em Leiria, se ganhar vou te meter no Porto”. Infelizmente não ficamos apurados nesse jogo contra a Finlândia, foi muito humano e sincero comigo. Eu percebi porque a seleção conseguia ter aquele ambiente e entrosamento, aquele espírito. Ele conseguiu unir um país em torno da seleção. Todos torciam para a nossa seleção, e ele foi o máximo responsável. Ele disse isso porque gosta de mim.
Sobre a procura por um camisa 9:
– Eu não falo de jogadores que não são nossos. (Pedro) É um bom jogador. Para vocês verem o nível do Flamengo, para ter o Pedro fora estão bem servidos. É de conhecimento público, falei há muito tempo, fomos sempre arranjando soluções. Deyverson, Luiz Adriano, Rony, chegamos a meter o Veron na frente na Libertadores. Gosto de jogadores rápidos na frente. Eu gosto de três características, um mais de área, gosto do Rony e um de profundidade. Eu entendo os torcedores, estou ao lado dos torcedores, logicamente andamos a procura do melhor 9 para o Palmeiras, mas se eu dizer que todos os empresários ligam para o clube porque querem trazer o jogador… O clube paga empresário, funcionários, treinador, fornecedores. Está tudo em dia. Eu dizia ao meu pai que queria uma bicicleta, e ele diz: “Enquanto não pagar a tua tia o que devo tu não vais ter bicicleta. Primeiro vou pagar tua tia, depois vou juntar dinheiro para comprar uma bicicleta”.
– Por isso que falo dessa identificação com o Palmeiras. Não sou palmeirense desde pequeno. Quando cheguei aqui tudo se encaixou, os valores do clube, os princípios do clube, os torcedores que pintam o muro também preciso deles. Faz parte. Essa identificação é sentida por isso, há outros valores. Mas saber sobre futebol é muito mais do que vocês veem dentro das quatro linhas.
Sobre assédio de clubes de fora:
– Vocês tem que entender, eu ando por convicção e não por nome de clube. A, B ou C. Uma coisa que quero, um clube que lute por títulos e o Palmeiras luta por títulos. Eu quero estar num clube que me queira tanto como eu quero o clube. Tenho de sentir quanto me quer e acreditam em mim. Claro que tu quer ser reconhecido, há um prestígio, um valor… O futebol brasileiro tem um potencial tremendo para ser muito melhor e vou fazer o que puder para ajudar.
Fonte: G1