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Nos 10 anos que marcaram a tragédia na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, uma homenagem chamou a atenção por simular como estariam, uma década depois, as fisionomias de oito pessoas que perderam a vida no local.
A pedido do coletivo Kiss – Que Não se Repita, grupo que reúne amigos e parentes das vítimas e sobreviventes do incêndio, o artista de Botucatu (SP) Hidreley Leli Diao usou de recursos de inteligência artificial para retratar como seria a progressão dessas pessoas.
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Hidreley, que viralizou na internet ao recriar famosos sem plásticas e mostrar como estariam celebridades que já morreram, como o grupo Mamonas Assassinas, recebeu a convocação com muita honra e julgou o trabalho como um dos mais desafiadores de sua carreira.
“É impactante, porque eram jovens que saíram para se divertir e não voltaram. A cada imagem que eu fazia passava um filme na minha cabeça, de como seria se aquela progressão fosse verdadeira. Se esses jovens não tivessem perdido a oportunidade de estarem vivos entre a gente. Foi um dos projetos mais emocionantes que já participei”, relata o artista.
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De acordo com os responsáveis pelo projeto intitulado Tempo Perdido, o objetivo da ação era trazer conforto e amor para as oito famílias escolhidas, que aprovaram a simulação. Sete das vítimas retratadas eram de Santa Maria e uma de São Gabriel, sendo quatro homens e quatro mulheres.
As simulações foram divulgadas semanalmente nas redes sociais do coletivo até o último dia 25 de janeiro, quando passaram a ser expostas em banners nas ruas da cidade de Santa Maria.
Letícia Vasconcellos teria 46 anos caso estivesse hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
A primeira simulação foi a da ex-funcionária da boate Letícia Vasconcellos. Ela tinha 36 anos quando morreu asfixiada pela fumaça tóxica liberada pelas espumas para isolamento acústico da casa noturna.
Letícia trabalhava no local havia cerca de dois anos como recepcionista. No dia da tragédia, como trabalhava próximo à porta de saída, voltou ao interior da boate para orientar diversos jovens a saírem do local, já que muitos estavam indo em direção aos banheiros, onde a maioria das vítimas morreu. Dessa forma, acabou inalando muita fumaça e não sobreviveu.
Outra vítima a receber a homenagem é Andrielle Righi da Silva, que foi à boate Kiss comemorar seu aniversário de 22 anos ao lado de seus amigos: Vitória Saccol, Flávia Torres, Gilmara Oliveira, Mirela Cruz, Merylin Camargo, Luana Facco Ferreira, Rafaela Cruz e Maike dos Santos. Destes, apenas os dois últimos sobreviveram.
Andrielle Righi da Silva teria 32 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
“Além da exposição, eles fizeram para cada parente da vítima um quadro para eles levarem pra casa. Muita gente se emocionou ao ver o resultado do trabalho. Isso me emociona também, saber que uma obra minha estará imortalizada na parede dessas famílias, que sofreram tanto. Que ela possa servir de um acalento a essas pessoas”, diz Hidreley.
Augusto Cezar Neves teria 29 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Gremista e estudante de Ciências da Computação, Augusto Cezar Neves gostava de tocar rock e gospel. Tinha 19 anos e era filho único, adotado por Maria Aparecida, a Cida.
Ruan Pendezza Callegaro teria 30 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Filho único da professora Rosane e do contador Paulo Regis, Ruan Pendezza Callegaro estava na Boate Kiss, acompanhado de sua namorada Ana Paula Anibaleto e mais alguns colegas do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria.
A turma decidiu ir à boate, após uma confraternização que durou o dia inteiro no dia 26 de janeiro de 2013. Dali um grupo de 10 a 15 jovens foi para a Kiss, dentre eles estava Ruan, que não saiu com vida.
Melissa Amaral Dalforno teria 29 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Natural da cidade de São Gabriel-RS, Melissa Amaral Dalforno, de 19 anos, queria ser veterinária, mas quando descobriu que tinha que “abrir” os animais, desistiu.
Por fim, decidiu fazer Tecnologia dos Alimentos. Cursava o segundo semestre na Universidade Federal de Santa Maria.
Lucas Dias de Oliveira teria 30 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Lucas Dias de Oliveira tinha 20 anos. No dia, ele e a namora Yasmin haviam combinado de comemorar o aniversário dela na festa marcada para a noite do dia 26, na Boate Kiss.
Yasmin foi salva, puxada para a rua. Tentou voltar em busca do namorado, mas foi impedida. Além de Yasmin, o filho único Lucas deixou sua mãe Marise e seu pai Natalício.
Heitor Santos Oliveira Teixeira teria 34 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Aos 24 anos, Heitor Santos Oliveira Teixeira era estudante do penúltimo período da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Santa Maria. Ele namorava uma jovem de 19 anos.
Heitor e um amigo de infância estavam desenvolvendo um negócio juntos. A iniciativa vinha dando tão certo que Heitor estava de mudança para Porto Alegre, onde ficava a sede do empreendimento.
Naquele dia, Heitor só tinha ido à boate por volta da 1h30 da manhã para entregar uns recibos aos promoters, referente a um levantamento financeiro que estava fazendo para um bloco de carnaval. Ele já tinha saído quando o tumulto começou, porém retornou para o interior da Boate Kiss para ajudar os amigos e não foi mais visto.
Thanise Correa Garcia teria 28 anos hoje — Foto: Hidreley Diao Leli/Arquivo Pessoal
Thanise Correa Garcia estava na Boate Kiss comemorando o aniversário de seu amigo Igor Stephan. A jovem deixou sua mãe Carina e sua irmã Camilly, de 13 anos na época.
Fonte: Tv Tem