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O desastre de relações públicas aconteceu em Trench Town, bairro pobre de Kingston, capital da Jamaica.
A equipe do palácio deve estar se perguntando como a imagem que marcaria a viagem do duque e da duquesa de Cambridge ao Caribe não foi a explosão de alegria e prazer que o casal recebeu no centro de Kingston.
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Mas, em vez disso, o que pareceu para muitos como uma espécie de paródia do salvador branco — a imagem do príncipe William e da mulher, Kate Middleton, cumprimentando crianças jamaicanas por meio de buracos em uma cerca de arame.
Foi um passo em falso para um casal que é surpreendentemente experiente na mídia. E não foi o único nesta viagem curiosamente desorganizada.
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O primeiro compromisso em Belize foi cancelado às pressas após protesto de alguns moradores. Outra manifestação — ainda que pequena — aconteceu no dia em que chegaram à Jamaica.
O primeiro-ministro jamaicano declarou, enquanto o casal estava em silêncio ao seu lado, que preferia não ter mais a rainha como chefe de Estado.
E a volta de Land Rover no desfile militar pode ter sido uma homenagem encantadora à rainha e ao duque de Edimburgo, que andaram no mesmo veículo nos anos 1960.
Mas para alguns parecia apenas um lembrete desastrado de um tempo mais colonial.
Vale a pena observar que muitas coisas correram muito bem. Os discursos do príncipe William foram atenciosos e bem recebidos.
Na Jamaica, ele foi mais longe do que qualquer membro da família real, falando de sua tristeza e aversão à escravidão.
E se lembrou de celebrar a contribuição que os jamaicanos deram à Grã-Bretanha nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial.
Foi um lembrete da profundidade e complexidade do relacionamento entre duas nações muito diferentes.
Evento após evento, o casal fez aquela coisa real de espalhar um pouco de magia e um pouco de alegria na vida das pessoas.
Eles agradeceram àqueles que muitas vezes não são agradecidos nem recompensados por seus esforços, chamando a atenção para causas e problemas “fora de moda”.
E tiveram uma recepção calorosa praticamente onde quer que fossem.
O ‘desastre’
Mas como Trench Town acabou sendo um desastre de relações públicas? O mau planejamento e a má execução fazem parte disso.
Já se passaram mais de dois anos desde a última turnê do casal, e a equipe dos Cambridge carece profundamente de experiência em montar uma viagem longa e complexa.
Basta apenas uma coisa, um momento, para ofuscar dias de bom trabalho.
E a cena de passar os dedos pela cerca de arame era evitável.
“É realmente injusto”, reclamou um diplomata britânico sobre a cobertura crítica. Mas desde quando a vida— ou as redes sociais — é justa?
E o mundo mudou, muito rápido, desde a última turnê.
O movimento Black Lives Matter transformou muitas percepções. E o fim da monarquia em Barbados, que se converteu em uma república no ano passado, também mudou as coisas.
Não há mais o perdão que havia antes para momentos levemente desafinados.
O Land Rover pode ter parecido uma boa ideia na época. Mas atualmente parecia mais uma lembrança dos dias coloniais.
Os tempos mudaram. A Família Real no passado foi muito boa em mudar com eles. Mas não nesta turnê.
E segundas chances, hoje em dia, são poucas e raras.
Fonte: BBC