24 de novembro, 2024

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A cada 3 dias, uma criança é internada após acidente doméstico com arma. Família de Botucatu relembra acidente em 2008

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A cada três dias, em média, uma criança de até 14 anos entra em um hospital do Brasil em decorrência de um acidente doméstico com arma de fogo.

Entre 2015 e 2018, foram 518 internações na faixa etária de até 14 anos por essa causa, mostram dados compilados pelo Ministério da Saúde.

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A posse de armas em casa foi facilitada no mês passado por decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O documento adota como critério para a autorização uma taxa de homicídios que atinge todos os estados, permitindo, na prática, que moradores do país todo possam pedir a posse sem comprovar a efetiva necessidade.

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Pela norma, para ter uma arma na residência é preciso ter mais de 25 anos, ocupação lícita e residência certa e não ter sido condenado ou responder a inquérito ou processo criminal, além de comprovar a capacidade técnica e psicológica.

Pessoas que moram com crianças devem ainda assinar declaração de que possuem cofre ou lugar seguro com tranca para guardar a arma. Para especialistas, porém, isso não elimina o risco de acidentes.

Além de acidentes, a presença de uma arma em casa pode ser um fator de perigo para jovens em depressão, diz o comerciante Vilobaldo Sousa, 60. Em 2008, seu filho Jefferson Fávero, então com 16 anos, achou um revólver, que era uma relíquia herdada do avô, na residência da família em Botucatu (SP). (Pai e filho na foto acima)

A arma ficava no alto de um armário, escondida. “Eu estudava em uma escola barra pesada. Um dia achei duas balas no chão e guardei”, diz Jefferson. Na época, a empresa onde ele trabalhava cobrava que o ele cortasse o cabelo comprido. “Cortei, mas fiquei depressivo. Nesse momento de fraqueza lembrei da arma.”

Ele diz que não queria se ferir com gravidade. “Queria só me machucar para não sentir a dor interna. Mirei na lateral da barriga”. O tiro não atingiu nenhum órgão. Jefferson entrou em choque e pediu socorro ao vizinho. Os pais ficaram desesperados e entregaram a arma para a Polícia Federal.

A família é contra o decreto. “Arma em casa é tentação do demônio”, diz Vilobaldo. Jefferson concorda: “É motivo para ter acidente”.

Com Folha de SP

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