25 de setembro, 2025

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Bandas independentes lutam por espaço e audiência no Brasil

Bandas independentes lutam por espaço e audiência no Brasil

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Formar uma banda no Brasil é um ato de resistência cultural. Em um mercado dominado por grandes gravadoras, algoritmos de streaming e uma indústria que privilegia o que já é conhecido, artistas independentes lutam para transformar a paixão em profissão. O último relatório da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI) demonstra forte crescimento de bandas independentes no Brasil. A pesquisa afirma que artistas independentes foram os responsáveis por emplacar mais da metade dos hits que atingiram o Top 200 do Spotify Brasil, representando 53,52% do total, isso no cenário musical de 2019 e 2020. 

A formação de bandas mudou com o tempo. “Antigamente, nos anos 90, você montava uma banda com amigos da escola ou da rua. Hoje, isso acontece em grupos de WhatsApp ou no Instagram”, afirma Ricardo Drago, fundador da Mutante Rádio. Ele alerta para os riscos das conexões superficiais: “Só gostar da mesma música não basta”. Por outro lado, reconhece que os estúdios se tornaram ferramentas acessíveis e bem equipadas, mesmo em cidades pequenas.

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Gravar o primeiro single é um marco — e um desafio financeiro. Bandas recorrem a vaquinhas online, trabalhos paralelos e gravações caseiras. “Cada centavo que eu ganhava ia para a música. Era como alimentar um sonho com o que sobrava do dia”, conta a cantora Sakura durante uma entrevista para o podcast Business Rock. Ela decidiu seguir carreira aos cinco anos, ouvindo Kelly Key em frente à casa de sua avó, na Paraíba.

Com o single pronto, começa outra batalha: ser ouvido. Plataformas digitais são essenciais, mas favorecem quem já tem audiência. “O maior obstáculo é que essas bandas sejam reconhecidas. Muitas não têm estúdio próprio, precisam pagar para ensaiar. São bandas guerreiras”, afirma Nanda Rev, produtora cultural. A profissional, especializada na curadoria de festivais como o Arena — responsável por levar bandas independentes à tradicional Galeria do Rock, em São Paulo–SP — está expandindo sua atuação para cidades como Londrina, Curitiba e Saquarema. Segundo ela, a visibilidade é essencial para o sucesso no cenário musical: “Banda sem divulgação, simplesmente, não existe”.

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Para Clemente Nascimento, das bandas Plebe Rude e Inocentes, o maior obstáculo hoje é encontrar espaços físicos ou digitais para divulgação. “Se na década de 80, 90 e até 2000 havia casas dedicadas a bandas novas, hoje isso não existe mais”. Ele reconhece que gravar se tornou acessível, mas a frustração vem na hora de divulgar: “Os números não andam. Não depende só do esforço, mas do investimento pesado. Temos toda uma geração de músicos frustrada e perdida”.

Clemente acredita que a saída pode estar em práticas antigas: “Juntar os amigos, tocar com outras bandas, fazer produtos físicos, comparecer a shows de outras bandas e fazer o famoso boca a boca”. Apesar das dificuldades, ele reforça: “Cada show, cada nova composição, cada mensagem de um fã é combustível para seguir. A música não é só carreira. É vocação”.

De acordo com uma reportagem da revista Exame, o setor musical brasileiro registrou um faturamento recorde de R$ 116 bilhões em 2024, impulsionado principalmente por shows e eventos ao vivo, que responderam por R$ 94 bilhões desse total. Os dados fazem parte do estudo PIB da Música no Brasil, conduzido pela Associação Nacional da Indústria da Música (Anafima), e revelam o peso crescente da música como força econômica no país. A pesquisa também aponta que menos de 1% dessa receita chegou aos artistas por meio de plataformas de streaming.

Sobre o podcast Business Rock

Prestes a completar cinco anos de trajetória, o Business Rock já se consolidou como uma das principais plataformas de conteúdo empresarial e cultural do Brasil. O podcast, apresentado por Sandrão, entrevista desde executivos até artistas e bandas independentes da música brasileira. São mais de 200 personalidades que já passaram pelo programa.

“O Business Rock não apenas divulga, ele apoia”, afirma o apresentador. Com mais de 200 convidados em cinco anos, o programa conecta músicos a uma audiência estimada em 40 milhões de pessoas, distribuídas por 58 países.

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