19 de setembro, 2025

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Brasil recicla apenas 3% dos aparelhos eletrônicos produzidos no país

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O Brasil produz mais de dois milhões de toneladas de lixo eletrônico por ano, mas recicla apenas 3% desse total, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). O cenário evidencia um desafio que ultrapassa a gestão de resíduos e mostra que consumidores e organizações ainda não incorporam plenamente a importância do descarte adequado de celulares, computadores e outros dispositivos do cotidiano.

O processo de reciclagem de eletrônicos envolve dois perfis principais. De um lado estão os consumidores finais, que frequentemente armazenam aparelhos antigos ou os descartam no lixo comum. De outro estão as organizações, que lidam com volumes maiores de equipamentos obsoletos, muitas vezes sem políticas estruturadas para seu descarte. Em ambos os casos, a consequência é a mesma: toneladas de materiais valiosos desperdiçados e componentes tóxicos contaminando o meio ambiente.

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A falta de informação é um dos principais fatores que dificultam o avanço da reciclagem. Pilhas, baterias e celulares antigos podem conter metais pesados, como chumbo e mercúrio, capazes de contaminar solo e água quando descartados de maneira incorreta. Ao mesmo tempo, esses aparelhos possuem metais preciosos, como ouro e prata, além de outros materiais passíveis de reaproveitamento na cadeia produtiva.

O problema não se limita ao descarte inadequado. A troca frequente de aparelhos que ainda poderiam ter anos de vida útil também contribui para o aumento do lixo eletrônico. Um estudo da Green Eletron revela que 60% dos celulares descartados anualmente no Brasil ainda estão em condições de uso, evidenciando oportunidades para reutilização ou reciclagem.

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“Outro hábito comum é o armazenamento de aparelhos inativos em residências. Essa prática retira do mercado dispositivos que poderiam ser doados, revendidos ou reciclados, prolongando seu ciclo de vida e reduzindo impactos ambientais”, afirma Stephanie Peart, Head da Leapfone.

Modelos de uso que favorecem o reuso de aparelhos, como os sistemas de compartilhamento ou assinatura, surgem como alternativa para ampliar o aproveitamento dos dispositivos. Essas iniciativas permitem que um equipamento seja utilizado por diferentes pessoas ao longo do tempo, reduzindo o descarte prematuro e aumentando a eficiência do consumo de tecnologia.

No ambiente corporativo, o cenário é semelhante. A renovação frequente de parques tecnológicos gera grandes volumes de equipamentos obsoletos. Ainda que a legislação brasileira determine o descarte adequado, muitas organizações tratam o tema como obrigação burocrática e não como parte de sua responsabilidade socioambiental.

Alguns avanços começam a ser registrados. Cooperativas especializadas no processamento de eletrônicos, programas voluntários de coleta e processos industriais de recuperação de materiais indicam que é possível construir uma economia circular para o setor.

“O país ainda tem um longo caminho a percorrer. A ampliação de pontos de coleta, o fortalecimento de práticas de logística reversa, a fiscalização mais rigorosa e políticas públicas de incentivo são passos essenciais para reduzir os impactos ambientais”, exemplifica Peart.

A reciclagem de eletrônicos configura uma necessidade urgente em um contexto de rápida evolução tecnológica e recursos naturais cada vez mais limitados. O Brasil possui potencial para evoluir de um cenário incipiente para uma posição de referência internacional em reciclagem tecnológica, desde que haja comprometimento conjunto de consumidores, empresas e governos em adotar práticas mais sustentáveis.

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