03 de setembro, 2025

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Indústria tem crescimento em 2025 pelo setor extrativo

Indústria tem crescimento em 2025 pelo setor extrativo

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A indústria brasileira apresenta um cenário dividido em 2025. Enquanto a indústria extrativa continua em expansão, impulsionada pela produção de petróleo, gás e minério de ferro; a indústria de transformação enfrenta desafios significativos devido a condições financeiras restritivas e um ambiente global menos favorável, exacerbado pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a produção geral da indústria ainda mostra crescimento, embora em um ritmo mais lento. A indústria de transformação, que cresceu 3,8% em 2024, deve permanecer estagnada em 2025, com uma previsão de recuo de 0,9% em 2026.

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"Os juros neste patamar tão elevado, com Selic de 15% ao ano, prejudicam muito o desempenho do setor, sobretudo de bens duráveis, muito dependentes de crédito acessível", diz José Maurício Caldeira, sócio e membro do Conselho de Administração da Colpar Brasil, grupo que atua em diversos segmentos industriais e do agronegócio. A projeção do mercado Banco Central, conforme o boletim Focus, é que a taxa básica de juros comece recuar apenas em 2026, aproximando-se de 12,5%.

O encarecimento do crédito afeta setores que dependem de financiamento, como informática, eletrônicos, veículos e materiais de construção. O setor alimentício também desacelerou devido à alta nos preços e à natureza cíclica de alguns produtos. A produção de veículos pesados caiu com a retração nas vendas de caminhões.

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Por outro lado, a produção de veículos leves permanece aquecida, impulsionada por compras de locadoras, uma safra agrícola recorde e novos programas governamentais. A fabricação de máquinas e equipamentos continua a crescer, sustentada pela demanda agrícola e extrativa.

O setor extrativo, após um período de estabilidade em 2024, deve registrar um crescimento de 7,2% em 2025 e 11,9% em 2026, principalmente devido à extração de petróleo e gás. Esse desempenho é crucial para mitigar uma retração maior na indústria geral, cuja projeção de crescimento para 2025 foi revisada de 1,3% para 0,9% pela Fiesp.

Em agosto de 2025, os Estados Unidos impuseram tarifas de 50% sobre aproximadamente 60% dos produtos importados do Brasil, afetando particularmente a manufatura. Em 2024, 78% das exportações brasileiras para os EUA foram provenientes da indústria de transformação, totalizando US$ 31,6 bilhões, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A Fiesp estima um impacto negativo de 0,20 ponto percentual no PIB do setor em 2025 devido a essas tarifas.

Já para o PIB brasileiro, a Fiesp manteve a previsão de crescimento no ano de 2,4%. A CNI estima avanço de 2,3%, puxado pela agropecuária, que deve liderar o crescimento econômico no ano, com alta de 7,9%. "As condições climáticas positivas, a produção animal expressiva e a safra recorde estão impulsionando a agropecuária", diz José Maurício Caldeira, destacando que o setor é menos sensível ao crédito por ter fontes alternativas de financiamento.

Outro vetor positivo a sustentar o crescimento brasileiro é o mercado de trabalho aquecido – o desemprego caiu para sua mínima histórica, 5,8% no trimestre encerrado em junho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A massa salarial segue crescendo. Na comparação de junho de 2025 com o mesmo mês de 2024, subiu 5,9%, conforme consta da análise de cenário produzida pela Fiesp, mas deve desacelerar em 2025 e 2026.

Com os juros em torno de 10% em termos reais (descontada a inflação, que está em torno de 5% ao ano) e a sinalização do Banco Central de que o momento geopolítico requer cautela, a expectativa é que a atividade econômica vá esfriando. A concessão de crédito para pessoas físicas, por exemplo, já mostra um ritmo mais lento.

"Para além da Selic elevada, a indústria é impactada por este momento de grande incerteza", diz José Maurício Caldeira. Por conta do cenário, investimentos podem ser adiados e os novos mercados serem acessados, pelos exportadores prejudicados pelo tarifaço. "Por isso, é importante que o pacote para amenizar o prejuízo das novas tarifas entre logo em vigor. O setor produtivo precisa de apoio para atravessar esta turbulência", finalizou Caldeira.

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