09 de julho, 2025

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Estudo revela dados sobre consumo de álcool no Brasil

Estudo revela dados sobre consumo de álcool no Brasil

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Em publicação realizada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), foi divulgado o material sobre a 6ª edição da publicação Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024. Segundo os dados apresentados, o estudo traz como principal destaque um capítulo inédito que aborda os impactos do uso nocivo de álcool na população negra e branca do Brasil, revelando disparidades em relação à mortalidade e acesso ao tratamento.

De acordo com o levantamento, a população negra – que inclui pretos e pardos – registrou, em 2022, uma taxa de 10,4 mortes por 100 mil habitantes diretamente atribuíveis ao consumo de álcool. Em comparação, entre pessoas brancas, a taxa foi de 7,9 por 100 mil, representando uma diferença de 30% a mais entre os grupos. Conforme informado na publicação, essa disparidade é ainda mais acentuada entre as mulheres: a taxa de mortalidade por causas associadas ao álcool foi de 1,4 entre mulheres brancas, enquanto entre mulheres pretas e pardas os índices foram de 2,2 e 3,2, respectivamente.

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Outro dado informado no relatório aponta para uma redução nas internações totalmente atribuíveis ao álcool ao longo dos últimos anos. Em 2010, foram registradas 57 internações por 100 mil habitantes, enquanto em 2023 esse número caiu para 27. No entanto, o panorama não é inteiramente positivo: a mortalidade entre os internados por causas relacionadas ao álcool dobrou no período, passando de 3% em 2010 para 6% em 2023. Esse aumento pode estar ligado à maior gravidade dos quadros clínicos no momento da internação, conforme alertam os especialistas.

Perguntado sobre o assunto, Kalleo Lima Bueno, proprietário e responsável pela Clínica de Recuperação em Guarulhos para Dependência Química, São Paulo, Grupo Clínicas Vitae, afirmou que como especialista em clínica de recuperação, vê diariamente o impacto do acesso desigual a tratamento e apoio. A dependência química não escolhe cor ou classe social, mas a chance de recuperação e sobrevivência, sim, depende diretamente das oportunidades que cada pessoa tem de ser acolhida, tratada com dignidade e acompanhada em um processo integral de cuidado. Kalleo continuou dizendo que os dados até mostram a redução nas internações, mas o aumento da mortalidade entre os internados, indicam que muitas pessoas estão chegando aos serviços de saúde já em estado grave, o que compromete as chances de reversão do quadro. “Precisamos repensar as estratégias públicas e privadas de acolhimento, ampliando o acesso à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento humanizado”.

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A publicação também revela mudanças no perfil etário dos internados. Relatório aponta dados que mostram que a maior parte dos casos continua sendo de homens entre 35 e 54 anos, mas houve um crescimento expressivo de internações entre pessoas com 55 anos ou mais – de 22% em 2010 para 35% em 2023. As principais causas dessas internações continuam sendo a dependência de álcool e a doença hepática alcoólica, que juntas somam mais da metade dos casos hospitalares atribuíveis ao álcool.

Ainda sobre o relatório, o levantamento mostra que, entre 2010 e 2019, houve uma tendência de queda nas mortes relacionadas ao álcool. O ano de 2019, inclusive, registrou a menor taxa de óbitos da série histórica. Entretanto, a pandemia de COVID-19 interrompeu esse progresso. A partir de 2020, as mortes voltaram a crescer, alcançando picos em 2021 e 2022, especialmente nos casos de alcoolismo e doenças hepáticas. Os dados refletem os efeitos da crise sanitária sobre a saúde mental e o comportamento da população brasileira durante o isolamento social.

Perguntado sobre o relatório, Kalleo disse que a dependência de álcool e outras substâncias é uma doença tratável, mas o cuidado precisa ser mais inclusivo, acessível e comprometido com a equidade, como acontece na unidade da clínica para dependentes químicos em São Paulo. “Olhar para o futuro, nesse contexto, exige ações que vão além dos números: é preciso investir em campanhas educativas contínuas, fortalecer a rede de atenção psicossocial, integrar o atendimento clínico com suporte social e comunitário, e principalmente garantir que todas as pessoas, independentemente da cor da pele, tenham o mesmo direito à recuperação e à vida”.

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