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A incorporação da telemedicina ao sistema de saúde brasileiro, regulamentada pela Lei nº 14.510/2022, foi acelerada pela pandemia de Covid-19 e abriu caminho para modelos de trabalho mais flexíveis no setor, como o atendimento remoto.
Além da digitalização dos serviços, o setor também aderiu a novos modelos de contratação, como o contrato intermitente, criado pela Lei nº 13.467/2017, que permite recebimento proporcional às horas efetivamente trabalhadas — gerando uma mudança na gestão e vínculo dos profissionais da saúde.
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Ingelore Sievert, sócia administradora da empresa de gestão Grupo Maestria, reforça que a telemedicina ampliou a capacidade de atendimento, permitindo que clínicas e hospitais contratem especialistas de diferentes regiões sem realocação física. “Vale ressaltar que essas mudanças ampliam resultados com base na desburocratização e otimização dos recursos, sem onerar as instituições”, comenta.
“A modalidade estimulou a adoção de contratos remotos dedicados — contratação exclusiva para trabalho remoto, com dedicação total a uma instituição, mesmo à distância — e acordos de prestação de serviços intermitentes”, afirma a gestora.
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Segundo a empresária, esses modelos de contratação reduzem custos de deslocamento e ampliam o pool de talentos disponíveis, especialmente para atendimentos de segunda opinião e programas de acompanhamento contínuo, gerando como benefício final, maior acesso dos serviços à população.
Sievert observa que os modelos de contratação na área da saúde têm evoluído gradualmente, migrando do regime tradicional celetista e pessoa jurídica (PJ) para formatos mais ágeis e híbridos, ampliando o volume e a qualidade dos atendimentos.
“O uso de contratos intermitentes, de bancos de horas compartilhados e de parcerias sócio cotista — que permite ao profissional participar dos resultados do negócio — cresceram, possibilitando mais agilidade na alocação de profissionais conforme a demanda clínica e a sazonalidade dos atendimentos”, revela a empresária.
De acordo com a gestora, os novos modelos que se destacam no setor são contratos por projeto, voltados para a implantação de tecnologias ou programas de qualidade, a contratação intermitente e o trabalho em rede, ofertados por cooperativas, empresas constituídas no formato de sócios cotistas ou plataformas de trabalho freelance.
“Esses formatos oferecem autonomia de agenda com a flexibilização de escalas, possibilitando um equilíbrio entre vida pessoal e profissional e habilitando o potencial para recebimentos baseados em resultados, frequentemente com valores acima da média do mercado CLT”, destaca Sievert.
Modelos diferenciados para os profissionais
No terceiro trimestre de 2024, a cadeia produtiva da saúde registrou crescimento de 1,5% em empregos formais, alcançando 5,1 milhões de vínculos no país. Os dados são do Relatório do Emprego na Cadeia Produtiva da Saúde nº 74, divulgados pelo portal Saúde Business.
O relatório revela que, no acumulado do ano, os prestadores de serviços foram os que mais geraram empregos formais na cadeia, totalizando 115,8 mil, seguidos pelos fornecedores, com 49,1 mil, enquanto as operadoras registraram um saldo positivo de 8 mil postos.
Para a gestora do Grupo Maestria, a terceirização, quando bem gerida, pode melhorar resultados e indicadores de desempenho, elevar os padrões de atendimento e garantir boa experiência ao paciente. De acordo com ela, essas ações asseguram que a terceirização não comprometa a continuidade do cuidado nem sobrecarregue as equipes.
Segundo Sievert, a implantação de Service Level Agreement (SLA, Acordo de Nível de Serviço em português) — uma espécie de contrato entre um prestador de serviços e um cliente que define os níveis de qualidade, prazos, responsabilidades e métricas que devem ser cumpridos na entrega do serviço — é fundamental.
“É imprescindível monitorar índices de satisfação e turnover, implantar SLAs rigorosos e pesquisas de clima semestrais, além de oferecer qualificação periódica para os profissionais, conforme as necessidades de cada polo de atuação”, explica Sievert.
A empresária projeta que, nos próximos cinco a dez anos, os modelos de contratação na saúde irão incorporar contratos baseados em resultados clínicos, aumentar o uso de inteligência artificial (IA) para análise de performance e escalas preditivas, e consolidar redes híbridas, combinando o atendimento físico e digital.
“Também haverá crescimento na adoção de ‘micro contratos’ para serviços pontuais, como teleconsultas especializadas e programas de capacitação contínua embutidos nos acordos de trabalho”, declara a gestora.
Para Sievert, o modelo sócio cotista terá papel preponderante, por permitir autonomia profissional alinhada à disponibilidade de trabalho e remunerar de forma imediata, antecipando lucros do contrato em execução.
Como profissionais podem se adaptar
De acordo com pesquisa do Deloitte US Center for Health Solutions, líderes do sistema de saúde em cinco países afirmam que aumentar eficiência operacional e produtividade, além de melhorar o envolvimento dos pacientes, são prioridades para 2025, com mais de 70% dos executivos de alto escalão alinhados nesse objetivo.
A empresária acredita que as instituições de saúde devem investir em employer branding (estratégia de fortalecimento de marca empregadora, em português) e oferecer pacotes flexíveis de benefícios, como teletrabalho e subsídios para educação continuada.
“Além disso, é essencial estimular o perfil de dono em cada profissional sócio cotista, implementando políticas de reconhecimento baseadas em indicadores de qualidade e feedbacks”, defende a gestora.
Quanto aos profissionais, Sievert recomenda o desenvolvimento de habilidades digitais, a atualização constante de certificações, a proatividade na construção de resultados e a adoção de uma postura colaborativa em equipes multidisciplinares, tendo como foco o bem-estar do paciente.
A gestora do Grupo Maestria orienta que profissionais da saúde acompanhem a evolução da configuração das oportunidades pelas plataformas digitais. “As plataformas digitais vêm incorporando IA para cruzar currículos com demandas, com base em competências, experiências e certificações, o que torna os acessos mais ágeis e assertivos”, afirma.
Para mais informações, basta acessar: mss.com.br/