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A Constituição Federal institui, no artigo 77, o primeiro domingo de outubro do ano eleitoral como data para as eleições para presidente e vice-presidente da República. Para 2026, a Justiça Eleitoral iniciou em abril as atividades de planejamento para o processo eleitoral.
Em período pré-eleitoral, redes sociais polarizadas favorecem consensos rápidos e frágeis, intensificados por influências como perfis de alto alcance, campanhas coordenadas e robôs programados para espalhar mensagens, conforme estudo da Universidade de São Paulo (USP), divulgado pelo portal TechTudo.
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Paulo Pontes, expert em marketing eleitoral digital da Pontes Comunicação Política, afirma que o TikTok tem se consolidado como uma das principais plataformas de comunicação política no mundo.
“Nas eleições de 2022 no Brasil, diversos candidatos – de presidenciáveis a vereadores – utilizaram a rede para humanizar suas campanhas, viralizar discursos e responder rapidamente a temas do momento”, lembra o profissional.
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Segundo o especialista, a estratégia envolve desde vídeos curtos (tempo médio de 30 segundos) com recados diretos, participação em trends, até o uso de hashtags específicas para engajar públicos segmentados.
“Os partidos também passaram a investir em equipes dedicadas exclusivamente à produção de conteúdo para o TikTok, reconhecendo o poder de viralização da plataforma e seu alcance orgânico superior ao de outras redes tradicionais”, revela o empresário.
Uso do TikTok por jovens no acesso a informações
Uma pesquisa encomendada pela empresa de mídia americana Axios revela a preferência de jovens de até 24 anos pela plataforma chinesa de vídeos, especialmente em um contexto de pesquisa e busca por informações.
Segundo os dados, 21% dos jovens de 18 a 24 anos começam suas buscas por informações no TikTok, enquanto 5% começam no YouTube, apesar do Google ainda liderar na hora das pesquisas iniciais.
O CEO da Pontes Comunicação Política pontua que a popularidade do TikTok se deve ao fato da plataforma priorizar conteúdos em vídeo curto, altamente dinâmicos e entregues de forma personalizada pelo algoritmo.
“No TikTok, qualquer vídeo pode viralizar, independentemente do tamanho do perfil. A plataforma coloca o conteúdo na frente do criador e isso permite que pautas políticas cheguem a públicos que normalmente não seguiram perfis de políticos ou veículos de comunicação”, explica Pontes.
De acordo com o especialista, a lógica de trends e sons facilita ainda que discursos, memes e respostas rápidas sejam replicadas em massa, criando conversas orgânicas e desdobramentos espontâneos de temas relevantes.
Para Pontes, o TikTok também passa a ocupar um espaço que antes era exclusivo da mídia tradicional – como no caso de noticiários e debates eleitorais – à princípio com tendência de complementaridade, mas com potencial de substituição.
“Para muitos jovens adultos, o primeiro contato com uma pauta política ocorre no TikTok. A plataforma funciona como porta de entrada para debates políticos, muitas vezes apresentando os temas de forma leve ou viral, despertando o interesse para uma busca posterior em fontes mais aprofundadas”, aponta o empresário.
Pontes esclarece que a plataforma possui características que a tornam eficaz para mobilizar e influenciar o público jovem-adulto. Segundo ele, o algoritmo entrega conteúdo a partir de interesses reais do usuário, não só de quem ele segue, garantindo maior alcance para pautas novas ou em alta.
“Como o TikTok privilegia a autenticidade, a rapidez na entrega da mensagem e a possibilidade de interação direta, a plataforma fomenta a sensação de proximidade entre criadores e audiência, além de permitir adaptar discursos à linguagem do público-alvo”, comenta o profissional.
Como canal estratégico para marketing político
O especialista ressalta que a plataforma de vídeos pode ser uma ferramenta relevante para candidatos políticos se conectarem estrategicamente com jovens eleitores. De acordo com Pontes, a transparência e a humanização são fatores decisivos.
“Os candidatos devem investir em linguagem direta, vídeos curtos com posicionamentos claros, os bastidores e as conquistas da campanha, vida cotidiana e participar de trends relevantes ao público-alvo, pois gera identificação”, orienta o empresário.
Para o CEO da Pontes Comunicação Política, todos os formatos de conteúdo da plataforma podem ser eficazes no engajamento político de jovens, quando adaptados ao perfil do público.
Ainda sobre a elaboração de conteúdos, o especialista destaca que o TikTok é mais eficiente para construção de imagem e identificação, mas também é possível trabalhar o aprofundamento de propostas por meio de séries de vídeos, ou usando a função de lives, onde o candidato pode explicar temas em maior detalhe.
“O importante é captar a atenção no início do vídeo e fazer convites claros para que o eleitor busque mais informações nas demais redes ou canais oficiais. O segredo é adaptar a mensagem ao formato sem perder a essência. O candidato precisa estar presente, falar na primeira pessoa, evitar roteiros excessivamente ensaiados e não ter medo de mostrar vulnerabilidades ou momentos descontraídos”, alerta o profissional.
Pontes reforça que a plataforma é um ambiente estratégico para as campanhas eleitorais de 2026, e afirma que políticos que entenderem a dinâmica, produzirem conteúdo nativo e investirem em interatividade podem ter uma vantagem competitiva.
“O planejamento estratégico entra na escolha dos temas, na frequência de postagem e no monitoramento de trends, mas o tom deve ser sempre humano, próximo e transparente. É fundamental também acompanhar de perto as novas regras de publicidade política nas redes sociais, especialmente sobre uso de impulsionamento, parcerias com influenciadores e transparência de conteúdos patrocinados”, conclui.