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Sem equidade racial não há inclusão verdadeira. É isso que defende o Manifesto pela Centralidade da Promoção da Equidade Racial nas Práticas de Diversidade, Equidade e Inclusão no Brasil. A iniciativa foi lançada em março por um grupo de movimentos e busca promover uma mudança na sociedade, especificamente nas relações de trabalho e no mundo empresarial.
Margareth Goldenberg, gestora executiva do Movimento Mulher 360 (um dos signatários do manifesto), afirma que a motivação da iniciativa está na constatação de que, apesar dos avanços nas agendas de gênero, de pessoas com deficiência (PcD), LGBTQIA+ e de diversidade geracional, a população negra permanece sub-representada, especialmente nos espaços de decisão e liderança.
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Ela lembra que diferentes pesquisas evidenciam a desigualdade racial no ambiente de trabalho. Menos de 3% de mulheres e homens negros alcançam cargos de diretoria ou gerência no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) noticiados pela CNN Brasil. Outro indicativo, da mesma fonte e divulgado pela Agência Brasil, também afirma que a hora trabalhada de uma pessoa branca vale 67,7% mais que a de profissionais pretos e pardos.
A desigualdade persiste até mesmo em posições ligadas a diversidade, equidade e inclusão (DEI). Em 2021, um levantamento da consultoria Tree Diversidade em parceria com o Grupo TopRH, noticiado pelo portal Estado de Minas, constatou que mulheres brancas são 51,1% das lideranças em diversidade.
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“O movimento nasce, portanto, para enfrentar essa contradição e garantir que o combate ao racismo estrutural seja o eixo central das ações de diversidade, equidade e inclusão (DEI), reconhecendo que sem essa centralidade, não há inclusão plena”, argumenta Goldenberg.
Além do Movimento Mulher 360, também integram o manifesto: Rede Empresarial de Inclusão Social, Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+ e Fórum Gerações e Futuro do Trabalho.
A articulação partiu de um entendimento conjunto entre as lideranças dessas organizações e a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, movimento que reúne grandes empresas em busca da equidade racial no mercado de trabalho, de que as suas pautas convergem na promoção dos direitos humanos, mas que é necessário reconhecer e dar protagonismo à pauta racial.
Na visão dos autores do manifesto, o racismo é uma das bases estruturantes da desigualdade social no Brasil e, portanto, a equidade racial não pode ser apenas mais uma frente entre outras.
“Essa convergência foi fortalecida no Fórum Internacional da Equidade Racial Empresarial de 2024 (realizado pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial), onde a centralidade foi debatida e consolidada. O manifesto é o resultado desse alinhamento e compromisso coletivo”, explica Djalma Scartezini, CEO da Rede Empresarial pela Inclusão Social.
O movimento já conta com a adesão de empresas de diferentes áreas, especialmente aquelas que participam dos grupos parceiros e que têm histórico de engajamento de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG).
Em geral, setores como financeiro, bens de consumo, saúde, tecnologia e energia têm demonstrado maior protagonismo nessas discussões, mas a proposta é ser um movimento aberto a todas as empresas comprometidas com a transformação estrutural, diz Scartezini.
Reinaldo Bulgarelli, secretário executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, explica que a proposta do movimento é oferecer diretrizes, metodologias e mecanismos que permitam às empresas não apenas aderirem ao discurso, mas efetivamente acompanharem e demonstrarem resultados.
“As ferramentas poderão incluir: indicadores de diversidade com recorte racial, metas de inclusão para diferentes níveis hierárquicos e boas práticas e benchmarks compartilhados entre as empresas signatárias”, detalha Bulgarelli.
Segundo ele, os autores do manifesto concordam que é essencial estabelecer metas específicas para a inclusão de pessoas negras, especialmente em cargos de decisão. Capacitações e espaços de aprendizado também são vistos como necessários, tanto para sensibilização quanto para o desenvolvimento de competências de gestão inclusiva, sempre com a centralidade racial como fio condutor, acrescenta.
“O movimento entende que muitos negócios estão em diferentes estágios nessa jornada. Por isso, a estratégia é oferecer informação objetiva sobre o porquê da centralidade racial e disponibilizar instrumentos que ajudem essas empresas a darem o primeiro passo de forma segura e orientada”, salienta Ricardo Sales, secretário executivo do Fórum Gerações e Futuro do Trabalho.
“Essa talvez seja uma das maiores realizações dos últimos anos. Não só os grandes fóruns empresariais estão compreendendo a profundidade do racismo em todas as suas dimensões, mas ainda criando um ambiente que tem como prioridade a mitigação do racismo e consequentemente um ambiente justo para todos no mercado de trabalho”, afirma Raphael Vicente, diretor geral da Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.
Para saber mais, basta acessar: https://iniciativaempresarial.com.br/