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A chegada de novos medicamentos ao Brasil para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade (off label), como o tão esperado Mounjaro (tirzepatida) da Eli Lilly, tem gerado grande expectativa entre pacientes e profissionais de saúde. Entretanto, tão importante quanto a prescrição médica e o acompanhamento adequado, é garantir que esses medicamentos, que precisam de refrigeração, cheguem ao consumidor em perfeitas condições e também sejam armazenados em casa de forma adequada para o uso correto e resultado esperado.
Segundo a farmacêutica e especialista em assuntos regulatórios, Mônica Lima, os medicamentos injetáveis para diabetes tipo 2, como insulinas NPH, tirzepatida (comercializado como Mounjaro), semaglutida (como Ozempic, Wegovy, Rybelsus) são termolábeis, ou seja, são altamente sensíveis às mudanças de temperatura e o ideal é que sejam conservados entre 2º e 8ºC. “Se expostos a temperaturas elevadas, os termolábeis podem diminuir a eficácia, reduzir a vida útil e até mesmo favorecer a proliferação de fungos e bactérias, colocando em risco a saúde dos pacientes, além de gerar prejuízos financeiros, lembrando que se trata de medicamentos com valores bem elevados”, explica. A farmacêutica ressalta também a importância de sempre consultar a bula, que além de indicar a temperatura ideal, traz as orientações necessárias de armazenamento e transporte, em casos de viagem, por exemplo.
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O especialista em logística emergencial, Marcelo Zeferino, CCO da Prestex que é certificada pela Anvisa e está há 22 anos no mercado, reforça ainda que todos os envolvidos na cadeia desses medicamentos – desde a indústria farmacêutica, passando pelas empresas de logística, distribuição, drogarias até o consumidor final – devem estar atentos às boas práticas de transporte e armazenamento que exige padrões rigorosos de qualidade e segurança.
“As empresas de logística que transportam medicamentos, sejam eles termolábeis ou não, devem ser certificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que é o órgão responsável por regulamentar este processo, e seguir rigorosamente as normas estabelecidas pela Resolução da Diretoria Colegiada, RDC 430/2020, documento que detalha como deve ser a distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos, incluindo o controle e monitoramento da temperatura em todas as etapas”, enfatiza.
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Entre as principais recomendações da RDC, o especialista relata a infraestrutura do transporte, os veículos precisam ser equipados com sistemas de controle e monitoramento contínuo da temperatura, garantindo os limites recomendados; uso de embalagens apropriadas sinalizadas, que devem ser resistentes e, em alguns casos, capazes de manter a temperatura de acordo com a regulamentação específica para o tipo de medicamento transportado; equipe devidamente treinada, garantindo manuseio adequado para preservar a integridade do medicamento; plano de gestão de ocorrências para agir de maneira imediata em caso de incidentes, com medidas corretivas e preventivas evitando riscos à qualidade dos medicamentos. Marcelo Zeferino relembra que todo o processo de armazenamento e transporte deve ter a supervisão e acompanhamento de um farmacêutico responsável técnico.
Outro ponto a destacar, segundo o CCO da Prestex, é que o transporte de medicamentos deve ser totalmente rastreável, com sistemas que permitam acompanhar cada etapa da logística, desde a saída do produto da indústria farmacêutica até a entrega final no ponto de distribuição. “A rastreabilidade também garante a segurança, evitando fraudes, roubos ou desvios, uma vez que se tratam de medicamentos de alto valor”, comenta Zeferino.
Transporte aéreo – O especialista pontua ainda as vantagens do transporte aéreo como alternativa. “Diante dos desafios das estradas brasileiras, em relação à segurança e infraestrutura, a logística aérea emergencial tem se mostrado eficiente principalmente no transporte de termolábeis de alto valor agregado, como é o caso das canetas injetoras para diabetes e obesidade, além de vacinas, medicamentos biológicos, entre outros”, explica. Além da agilidade, Zeferino destaca a redução de riscos e perdas e o amplo alcance territorial como benefícios do modal aéreo nesse tipo de transporte.
Para finalizar, Marcelo Zeferino reitera que para garantir a eficácia e a segurança dos medicamentos termolábeis, alcançando os resultados terapêuticos esperados, é preciso um esforço conjunto que envolva a indústria farmacêutica, as empresas de logística, os profissionais de saúde e o consumidor final. “O mercado necessita de empresas sérias e certificadas que cumpram o transit time desse transporte com qualidade, agilidade e critérios.”
Em casa – A farmacêutica Mônica Lima, que também atua pela Prestex, conclui com algumas dicas para quem já comprou o medicamento termolábil e vai armazená-lo em casa: “Utilize embalagens térmicas com gelo reutilizável para transportar as canetas injetoras, evitando a exposição ao sol ou a fontes de calor. Verifique a temperatura da sua geladeira com um termômetro e armazene o medicamento na prateleira do meio, longe do congelador e da porta. Mantenha o medicamento na embalagem original e não o congele. Ao receber o medicamento, verifique se a embalagem está intacta e se há sinais de alteração. Confira a data de validade e as condições de armazenamento indicadas na embalagem, na dúvida, converse com o farmacêutico e com seu médico.”