13 de outubro, 2025

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Tecnologia ajuda a impulsionar setor de caminhões elétricos

Tecnologia ajuda a impulsionar setor de caminhões elétricos

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Impulsionado pelo avanço das baterias de íons de lítio (e, em breve, baterias de estado sólido) e pelo crescente uso de soluções de automação para a otimização operacional e previsão de falhas, o mercado de caminhões elétricos já mostra sinais significativos de expansão no mundo. 

Embora no Brasil o setor caminhe a passos modestos, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) registrou 821 unidades emplacadas em 2024. Já um estudo da Mordor Intelligence prevê que o mercado global possa atingir US$ 128,26 bilhões até 2029.

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Segundo o engenheiro e especialista em eletrificação de frota Carlos Lopes, grandes montadoras ao redor do mundo têm investido fortemente em centros de pesquisa e desenvolvimento dedicados a veículos elétricos, além de parcerias com fornecedores estratégicos de baterias e na criação de plataformas modulares para diferentes tipos de aplicação.

No entanto, ele afirma que enquanto na Europa, China e Estados Unidos essas iniciativas são acompanhadas de políticas públicas mais robustas, no Brasil, o avanço ainda é cauteloso, concentrando-se em frotas-piloto e nichos urbanos, com forte influência da infraestrutura limitada de recarga e da falta de incentivos governamentais consistentes.

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“A produção ainda enfrenta desafios, como o alto custo das baterias, a escalabilidade da fabricação e o desenvolvimento de plataformas dedicadas. Já a operação ainda é mais complexa, levando em conta a infraestrutura de recarga, a gestão térmica das baterias, o peso adicional do sistema elétrico e a necessidade de adaptação da logística para aproveitar os pontos de recarga e maximizar a disponibilidade dos veículos”, avalia o engenheiro, que há mais de 25 anos atua no setor elétrico.

Tecnologia em foco

A autonomia das baterias é um dos principais fatores que devem evoluir nos próximos anos. Lopes explica que, até 2030, a estimativa é de que os caminhões elétricos atinjam entre 400 e 600 km de autonomia em aplicações pesadas. “A introdução das baterias de estado sólido pode potencializar essa expectativa, reduzindo o tempo de recarga e prolongando a vida útil dos componentes. Contudo, o crescimento da infraestrutura de recarga será decisivo para que essa evolução se traduza em benefícios reais para o setor”, analisa.

“A logística de cargas pesadas também precisa se adaptar à nova realidade. Atualmente, a autonomia dos caminhões elétricos ainda não permite rotas muito longas sem pontos de recarga intermediários, o que exige um replanejamento logístico eficiente”, acrescenta o profissional, que tem pós-graduação em Engenharia Mecatrônica pela UNESP.

Lopes, que atuou para as principais montadoras do mundo com produção no Brasil, ressalta, ainda, que em algumas operações, a alternativa tem sido a criação de hubs logísticos voltados exclusivamente para recarga ou troca de baterias, além da priorização de circuitos urbanos ou trajetos mais curtos.

Outro aspecto crucial para a expansão do setor é a formação de mão de obra especializada. “No Brasil, ainda há uma carência significativa de profissionais treinados para lidar com sistemas elétricos de alta tensão, eletrônica embarcada e protocolos de segurança”, avalia o especialista.

A expectativa para os próximos anos é que o mercado internacional continue sua expansão acelerada, impulsionado por políticas governamentais voltadas à redução de emissões e pela crescente demanda por soluções sustentáveis na logística urbana. No Brasil, o engenheiro acredita que o crescimento será mais gradual, inicialmente focado em nichos específicos, como entregas urbanas, transporte refrigerado e projetos de sustentabilidade corporativa.

“A pressão por iniciativas de boas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) e a redução de custo total de operação deve acelerar essa adoção nos próximos cinco a dez anos”, destaca.

Embora a transição para frotas elétricas seja mais do que apenas a troca de motores a combustão por baterias, essa mudança representa uma importante transformação na logística, desde a manutenção dos veículos até a forma de planejamento de rotas e integração com sistemas de gestão de energia.

Segundo o especialista, é essencial que empresas considerem o Total Cost of Ownership (TCO) como principal indicador de viabilidade, em vez de avaliarem apenas o custo de aquisição dos caminhões. “Quando bem estruturada, a eletrificação pode reduzir significativamente os gastos operacionais e reforçar o posicionamento sustentável das empresas”.

“Parcerias estratégicas com fornecedores, centros de pesquisa e operadores logísticos especializados podem acelerar a transição energética no setor de transporte pesado. Enquanto isso, resta ao Brasil superar desafios estruturais e investir em infraestrutura e capacitação para acompanhar o ritmo da evolução global”, pontua Lopes.

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